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Economia

Demanda cresce, gado some e carne vira luxo na terra do boi

Ricardo Campos Jr. | 30/12/2010 16:31
Carne sobe e vira artigo de luxo na terra do gado. Foto: João Garrigó
Carne sobe e vira artigo de luxo na terra do gado. Foto: João Garrigó

Mato Grosso do Sul começou o ano com o preço médio da arroba do boi mais barato que no início de 2009. No entanto, ao longo de 2010 as variações superaram as registradas no ano anterior, o que refletiu no bolso do consumidor. A cada visita ao açougue para o tradicional churrasco, ele deparou com aumentos constantes no preço da carne.

A alta percebida pela clientela fiel da carne vermelha é o reflexo da valorização do produto no campo. Os dados da Famasul (Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul), revelam que, em novembro deste ano,o preço da arroba do boi alcançou R$ 100,73, 46,26% a mais do os R$ 68,86, do mesmo período do ano passado.

A evolução fica maior ainda quando lembrado que, logo no primeiro mês de 2010, o valor da arroba estava em R$ 69,53, de acordo com os dados da federação, 8,02% a menos que janeiro de 2009 (R$ 75,59).

Causas - Um dos principais fatores que contribuíram para as variações no preço da carne ao longo do ano, de acordo com o presidente da Famasul Eduardo Corrêa Riedel, foi o aumento da demanda pelo produto que não pode ser atendido em função de constantes abates de fêmeas nos anos de 2005, 2006 e 2007.

“Isso gerou uma capacidade de produção de bezerros diminuída num momento subsequente, que é esse que estamos vivendo agora”, explica Riedel.

O mercado de MS está atrelado ao brasileiro e ao mundial e, portanto, está sujeito às variações globais que são responsáveis pelo aumento da demanda. O presidente da Famasul destaca grande demanda de compra por parte de países da Ásia e Oriente Médio, associada a problemas no mercado pecuário de outros países.

Argentina, por exemplo, sofreu com o clima associado a uma política governamental de taxar a exportação, que na opinião do presidente da Famasul, “mascarou” o mercado para o produtor local e desestimulou a produção.

Enquanto isso, no Brasil, a demanda interna da carne e os problemas do abate dificultam suprir essa necessidade. Segundo Riedel, não há como prever se o produtor conseguirá responder a essa demanda em curto prazo. “Nós dificuldade de enxergar isso muito por conta do tempo que se tem para gerar essa resposta em termos de produção”.

Consumidores passaram a fazer maratona por descontos na carne. Foto: João Garrigó
Consumidores passaram a fazer maratona por descontos na carne. Foto: João Garrigó

Perspectivas - A expectativa para 2011 é de estabilidade no preço da carne, que não deve retornar aos patamares atingidos no começo de 2010. Riedel explica que, no entanto, situações específicas ao longo do ano podem mudar esse cenário.

“Se prevê para 2011 preços firmes. De qualquer maneira é difícil a gente ver a arroba voltar para R$ 40, R$ 50. A gente prevê preços estáveis em bons níveis”, diz o presidente da Famasul.

Alternativa - O consumidor dispõe muitas vezes de artifícios para garantir preço baixo. A dona de casa Cecília Prestes, 55 anos, por exemplo, faz verdadeiras peregrinações na cidade em busca dos “dias da carne”.

Algumas redes têm costume de abaixar os preços em um determinado dia da semana. “Vou atrás da oportunidade da carne mais barata. Na mesa cada um adapta dentro dos seus costumes”, diz a dona de casa.

O comerciante Luiz Fidelis também aproveita o “dia da carne”, mas, ao contrário de Cecília, não corre de mercado em mercado em busca do menos preço. A promoção no estabelecimento perto da casa dele é na sexta-feira, quando ele aproveita para estocar por toda a semana.

Na mesa, a substituição dos cortes mais nobres por outros tipos de carne. “Você vê o pessoal falar muito em picanha. A picanha está inviável. Usa mais verduras, frango, que está mais em conta. A esperança é sempre que melhore.

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