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Economia

Sob sol forte, máquina rompe silêncio do campo para colher soja em MS

Com plantios irregulares por falta de chuva em setembro, colheita ainda está no começo, mas já mudou o cenário no meio rural

Helio de Freitas, de Dourados | 18/02/2020 06:40
Com sensação térmica de quase 40 graus nesta segunda às 14h, máquinas levantam poeira colhendo soja no município de Dourados (Foto: Helio de Freitas)
Com sensação térmica de quase 40 graus nesta segunda às 14h, máquinas levantam poeira colhendo soja no município de Dourados (Foto: Helio de Freitas)

A colheita das 9,9 milhões de toneladas de soja previstas para a safra 2019/2020 já começou em Mato Grosso do Sul. O ritmo ainda é lento, com pouco mais de 3% dos 3,1 milhões de hectares plantados nesta safra colhidos até o fim de semana. Entretanto, o momento de maior trabalho na agricultura já mudou o cenário do campo, apesar de boa parte das lavouras ainda estar com as folhas verdes devido a plantio mais tardio que o normal em função da falta de chuva, em setembro.

O Campo Grande News percorreu lavouras em fase de colheita nas regiões de Maracaju, Dourados e Rio Brilhante. Assim como ocorre em outras áreas produtoras, já é grande o movimento de caminhões nas estradas, de caminhonetes nas cidades e de colheitadeiras rompendo o silêncio do campo e levantando nuvem de pó com a retirada de grãos dos pés secos de soja.

Estimativa da Aprosoja e Sistema Famasul aponta para quebra de todos os recordes de produção em Mato Grosso do Sul na safra que está sendo colhida agora. A projeção de 9,9 milhões de toneladas é 12,5% maior que o volume colhido ano passado. Em 2019, as entidades representativas do setor acreditavam em produção acima de dez milhões de toneladas, mas as variações climáticas frustraram a expectativa.

A área plantada também aumentou: de 2,9 milhões para 3,1 milhões de hectares em comparação à safra anterior, aumento de 6,18%. Os produtores afirmam que o crescimento ocorre em áreas de pastagens degradas e a produtividade média esperada é de 52,19 sacas por hectare – acima dos 48,1 sacas/hectare do ano passado, mas bem longe dos 59,1 sacas por hectare na safra 2017/2018.

Colheita da soja em Maracaju, campeão estadual, que mais uma vez deve quebrar recorde de produção (Foto: Hosana de Lourdes)
Colheita da soja em Maracaju, campeão estadual, que mais uma vez deve quebrar recorde de produção (Foto: Hosana de Lourdes)

O campeão – Independente do resultado da safra estadual, uma realidade não muda tão cedo. Mais uma vez Maracaju será o maior produtor de soja, como ocorre há vários anos. Em 2019, o município colheu 817,7 mil toneladas, responsável por quase 10% da produção total sul-mato-grossense.

Em Maracaju, a movimentação de colheitadeiras, caminhões para transportar a soja colhida e tratores para o plantio do milho chega a impressionar quem passa pelas estradas que cortam o município.

Joares Sanches é um dos agricultores tradicionais de Maracaju. “Começamos a colheita nas primeiras lavouras plantadas, com média foi de 60 sacas por hectare. Acreditamos que nas lavouras plantadas mais tarde, a produtividade será maior”, afirmou ele.

Veja o vídeo com imagens da colheita de soja em Maracaju e a entrevista com Joares Sanches:

Dourados - No município de Dourados, quarto maior produtor de soja de Mato Grosso do Sul com 526,6 mil toneladas colhidas no ano passado, a colheita ainda está devagar e os primeiros números não são animadores. A maioria dos agricultores atrasou o plantio no ano passado esperando a chuva. Por isso muitas lavouras ainda estão com as folhas verdes e só devem ser colhidas em meados de março.

“Aqui na região sul vamos ter três épocas de colheita por causa do regime de chuvas no momento do plantio. A primeira soja que teve muito problema com a seca na fase inicial está sendo muito ruim, com produção de 25 a 30 sacas por hectare, chegando a 50 sacas/hectare em algumas áreas. Daqui sete, oito dias, recomeça a colheita e essa sim com expectativa boa de produção cima de 50 sacas por hectare”, afirmou ao Campo Grande News o presidente do GPP (Grupo de Plantio na Palha) e diretor do Sindicato Rural de Dourados, Michael Araujo de Oliveira.

“A colheita aquece o mercado de trabalho e de serviços. Muita gente trabalhando nessa época. Caminhões, os silos, empresas de assistência técnica, comércio de óleo diesel, de peças, mecânicas, mão de obra temporária. Temos expectativa grande porque movimenta a economia”, avaliou.

Michael afirma que a soja é a principal safra da região sul e tem impacto considerável na economia estadual. “Prova disso foi a vinda de uma das maiores indústrias esmagadora de soja e fabricante de óleo do mundo, que é a Coamo. Além disso, há outras grandes empresas, inclusive chinesas, se instalando na região de Maracaju”.

Gráfico mostra histórico da produção média de soja por hectare (Foto: Famasul/Aprosoja)
Gráfico mostra histórico da produção média de soja por hectare (Foto: Famasul/Aprosoja)

Ponta Porã – Terceiro maior produtor de soja no ano passado, com 621,5 mil toneladas, Ponta Porã também já começou a colher a safra 2019/2020. Entre os destaques de produção no município da fronteira está a Fazenda Jotabasso, que iniciou a colheita na semana passada. O primeiro talhão colhido na unidade de Ponta Porã, plantado sob irrigação, teve produtividade de 82,7 sacas por hectare de uma variedade de soja não-transgênica de alto potencial produtivo.

Em termos de volume de sementes de soja – principal produto da empresa – a expectativa da Jotabasso é aumentar a produção em mais de 25% em relação ao ano passado.

Preço da soja – Conforme o mais recente boletim da Famasul sobre o acompanhamento da safra, a colheita neste ano está quase 30% menor que o volume colhido até 7 de fevereiro de 2019. Segundo o levantamento, o preço médio da saca de 60 quilos teve ligeira valorização de 0,51% no período de 3 a 10 de fevereiro, encerrando o período cotada a R$ 73,88. Ponta Porã registrou a maior valorização, com a saca cotada a R$ 74,50. O preço médio do mês é 11,35% superior à cotação do mesmo mês do ano passado. (Colaborou Hosana de Lourdes, de Maracaju)

Até semana passada, pouco mais de 3% da soja tinha sido colhida, mas calorão dos últimos dias acelera colheita (Foto: Agro Agência)
Até semana passada, pouco mais de 3% da soja tinha sido colhida, mas calorão dos últimos dias acelera colheita (Foto: Agro Agência)
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