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Economia

Vacinação do gado será prorrogada em área invadida por kadiwéus

Aline dos Santos | 22/05/2012 09:34

O calendário inicial previa o término em 15 de junho.

Vacinação vai até 30 de junho. (Foto: Divulgação/MPF)
Vacinação vai até 30 de junho. (Foto: Divulgação/MPF)

Na área em litígio entre índios kadiwéus e fazendeiros no Pantanal, a vacinação contra a febre aftosa será prorrogada até 30 de junho. O calendário inicial previa o término em 15 de junho.

De acordo com o superintendente da SFA/MS (Superintendência Federal de Agricultura), Orlando Baez, a dilação do prazo foi solicitada pela Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) e o governo federal vai anuir.

Conforme a SFA, na área em disputa, que totaliza 160 mil hectares, o rebanho é de 20 mil cabeças. Segundo a diretora-presidente da Iagro, Maria Cristina Galvão Rosa Carrijo, ainda não foi definida a estratégia para vacinação nas fazendas invadidas. “Estamos em conversação para executar a vacinação na terra em litígio”, afirma.

Na última quinta-feira, em Brasília, o governador André Puccinelli (PMDB) e o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, definiram que a vacinação será acompanhada pela PF (Polícia Federal) e pela Força Nacional de Segurança.

Contudo, o Ministério da Justiça ainda aguarda que a PF encaminhe o pedido de solicitação da Força Nacional. O pedido também poderia ser feito pelo governo do Estado. Mas, na reunião, foi acertado que a solicitação seria responsabilidade da Polícia Federal.

No restante da reserva indígena - que ao todo, incluindo a área em litígio, tem 538 mil hectares – a vacinação já é feita por técnicos da Iagro, a chamada Agulha Oficial. Nas fazendas invadidas, o serviço ficava por conta dos funcionários, mas eles foram expulsos. Além disso, os fazendeiros relatam dificuldade para juntar o gado, pois o Pantanal é caracterizado pela pecuária extensiva, com os animais espalhados por uma grande área.

No Pantanal, na fronteira com a Bolívia, a vacinação contra a febre aftosa é realizada uma vez por ano. No Estado, a maior preocupação é com a fronteira com o Paraguai.

Mato Grosso do Sul registrou foco da doença em 2005, nos municípios de Eldorado, Mundo Novo e Japorã, região de fronteira com o Paraguai, e só retomou em 2008 o status de área livre de febre aftosa com vacinação. Somente no ano passado, o Ministério da Agricultura reconheceu a área como livre de aftosa.

Conflito – A invasão das fazendas, denominada pelos índios como retomada, foi deflagrada após o STF (Supremo Tribunal de Justiça) considerar nulos os títulos de terra localizados em área indígena no sul da Bahia. Conforme os fazendeiros, indígenas armados expulsaram os funcionários.

A demarcação da reserva dos kadiwéus, localizada entre Porto Murtinho e Corumbá, foi em 1981. Dos 538 mil hectares, 160 mil estão em disputa na Justiça desde 1987. O processo tramita há 25 anos no STF (Superior Tribunal Federal).

À época, o governo do Estado concedeu títulos de posse da terra. Contudo, a história da terra dos kadiwéus remonta ao Segundo Reinado, quando o imperador Dom Pedro II doou a área como contrapartida pela participação dos indígenas na Guerra do Paraguai.

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