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Educação e Tecnologia

Entre pipa e jogos, crianças curtem último domingo de férias e pais agradecem

Agosto chega também para a meninada recuperar os sonhos, como ser médico, veterinário e dentista

Por Raíssa Rojas | 03/08/2025 10:58
Entre pipa e jogos, crianças curtem último domingo de férias e pais agradecem
Diferentes formas de brincar marcam o último dia de férias no Jardim Noroeste (Foto: Henrique Kawaminami)

O último domingo (4) das férias escolares para a rede pública em Campo Grande foi de clima misto na periferia da cidade: se para as crianças o sentimento era de despedida das brincadeiras em casa, para os pais e responsáveis o alívio era evidente. A rotina, que já é puxada durante o ano letivo, se intensifica nas férias, especialmente quando os filhos não têm para onde ir e os adultos seguem trabalhando.

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No último domingo das férias escolares em Campo Grande, crianças da periferia se despediram das brincadeiras livres, enquanto pais demonstraram alívio com o retorno às aulas. Na região do Noroeste, famílias improvisaram atividades devido à falta de programação pública durante o recesso.Entre pipas, jogos e brincadeiras tradicionais, as crianças aproveitaram os momentos finais das férias de formas diversas. Algumas famílias optaram por limitar o uso de tecnologia, priorizando atividades ao ar livre ou dentro de casa, sempre sob supervisão dos responsáveis, que precisaram equilibrar trabalho e cuidados com os filhos durante o período.

Na rede municipal, as aulas voltam amanhã. Na estadual, o retorno será na terça-feira.

Entre pipa e jogos, crianças curtem último domingo de férias e pais agradecem
Aurilene Santos de Almeida, mãe de seis filhos, entre eles três gêmeos (Foto: Henrique Kawaminami)

Aurilene Santos de Almeida, operadora de caixa e mãe de seis filhos, resume bem esse cenário. Enquanto os trigêmeos de dois anos demandavam atenção total, os mais velhos, Isadora, de 9 anos, e Diogo, de 16, ajudaram como puderam, mas também exigem atenção. “Eles só vão à praça quando eu posso ir junto, gosto de ficar por perto”, diz

Além dos seis filhos, na mesma casa, quem vive a experiência das férias na cidade pela primeira vez é Paulo Roberto Santos da Silva, de 12 anos. O sobrinho de Aurilene veio da fazenda para estudar e, nesse tempo, aprendeu a soltar pipa com um vizinho.

Entre pipa e jogos, crianças curtem último domingo de férias e pais agradecem
Aprender a soltar pipa também foi um bom aprendizado de férias no Noroeste (Foto: Henrique Kawaminami)

Apesar de gostar de jogos no celular, ele prefere brincar na rua. "Nunca soltei pipa antes e o Miguel que me ensinou. É legal o celular, mas a pipa é mais", garante o menino. Paulo está empolgado com a escola, onde quer seguir firme no sonho de ser veterinário. “Vaca é meu animal preferido”, diz, lembrando da vida no campo com o pai.

Na região do Noroeste, onde vivem essas famílias, a falta de atividades públicas durante o recesso obriga os pais a improvisar. Sem celular para todos, sobra espaço para brincadeiras clássicas como esconde-esconde, pega-pega ou simplesmente desenhar e ver TV. O uso da tecnologia aparece, mas com limites, seja por escolha das famílias, seja pela falta de acesso a equipamentos funcionando.

Entre pipa e jogos, crianças curtem último domingo de férias e pais agradecem
Para Célia, existem também formas de brincar dentro de casa, devido aos perigos da rua (Foto: Henrique Kawaminami)

Na casa da diarista Célia Santos, mãe dos gêmeos César Augusto e João Miguel, de 6 anos, também não houve grandes passeios. Eles ficaram dentro de casa, entre carrinhos e televisão, porque o uso da internet é restrito: “Não deixo eles brincarem na rua e celular, só quando tiverem mais entendimento. A internet mostra o que é bom e o que é ruim, e ainda não é hora disso”, afirma a mãe.

Os dois estudam na Escola Municipal Senador Rachid Saldanha Derzi e, tímidos, quase não falaram. Mas João Miguel, depois de um sorriso encabulado, confessou: “Prefiro ver desenho.”

Para as crianças, o fim das férias representa o retorno ao convívio com os colegas e à rotina escolar. Para os responsáveis, é também o momento de recuperar algum fôlego

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As primas Julia e Renata ficam sob os cuidados do avô Ilton durante o período de recesso escolar (Foto: Henrique Kawaminami)

No caso das pequenas Julia e Renata, também de 6 anos, a diversão ficou por conta das brincadeiras no quintal e da televisão, já que o tablet está estragado. As primas são cuidadas pelo avô, Ilton Gomes da Costa, de 50 anos, que ainda trabalha como pedreiro. Ele admite que não há muito tempo para aproveitar as crianças.

“Durante o dia a gente trabalha, e paga uma pessoa para levar e buscar elas na escola. Se tivesse alguma atividade fora do colégio seria ótimo, mas não tem.” As duas também não dão trégua. "A gente fica brincando e as vezes a gente briga", conta Renata.

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Juntas, Julia e Renata traçam até planos profissionais futuros (Foto: Henrique Kawaminami)

Entre empolgação, brincadeiras simples e o corre da vida real, agosto chega também para a meninada recuperar os sonhos. Questionadas sobre o que mais gostam, as netas do pedreiro Ilton responderam com rapidez: matemática e brincar de “mamãe e filhinha”. Renata quer ser médica e Julia, dentista.