Aos 83 anos, Adélia transforma casa em santuário verde que une a família
Aposentada não abre mão da rotina diária no quintal e sempre reúne a família e os amigos para tomar mate ali
Em meio ao verde que dá cor aos arcos brancos da casa antiga de Adélia Barbosa, as orquídeas, cajamangas, cactos e inúmeras espécies das quais ela já não lembra os nomes fazem parte do quintal dela há mais de 40 anos. Aos 83, ela aparece no portão, desconfiada com a presença de estranhos encantados com o cenário que, embora simples, chama a atenção na Vila Planalto. É quase impossível não passar por ali e não desacelerar os passos para observar o verde.
Mesmo com receio, ela abre as portas do jardim do quintal para apresentar o que mais ama. Desde que se entende por gente, a jardinagem faz parte da rotina. Antes, quando morava na chácara, próxima à cidade de Rochedinho, ela já cultivava algumas plantas. A mudança para a capital sul-mato-grossense aconteceu por causa dos filhos. Até hoje, ela lamenta ter vindo porque gostava do local, mas afirma saber que foi a melhor decisão.

“Toda vida eu gostei de planta. Morei muitos anos na fazenda, eu ficava lá. O único serviço que fazia era vender produtos de cosméticos, vendo até hoje. Tenho quatro filhos. Eu não deixei de vender, não. O pessoal vem atrás querendo ainda. Tem mais de 40 anos que eu faço isso. Os vizinhos compram. Eu passo meu tempo mexendo nas minhas plantas. Para aguar elas, eu levo mais de uma hora. Aqui tem cacto, flor, cajamanga, tem suculenta, muita coisa, até orquídea.”
Simpática, ela conta que o quintal é a vida dela e que os arcos foi ela quem pediu para construir, mas, apesar do desvio, logo o assunto volta às plantas.
“Achei bonito, diferente. Eu gosto de dar as mudas de planta para as pessoas, mas não gosto que roubem. Uma vez, uma amiga queria uma. Eu falei que iria tirar, e ela falou que gostava das roubadas. Falei que, se ela fizesse isso, iria doer o braço dela. A gente riu, brincando. No outro dia, ela falou que o braço dela estava doendo, mas foi brincadeira”, comenta.
Adélia acrescenta que começou a plantar desde que chegou e que, ao longo dos anos, mudou o cenário algumas vezes. Hoje é tudo misturado, e uma bagunça que ela diz gostar.
Além do quintal, outra coisa que ela gosta de fazer é cozinhar.
“Eu ligo a televisão e vou fazer as coisas. Gosto de cozinhar, arrumar roupa. Costureira eu não sou, mas consertar eu conserto. Gosto de cozinhar também. Tem sempre arroz, feijão e carne. A salada não pode faltar. Não gosto de fazer um mundaréu de coisas. Eu fico mexendo, cuidando das minhas plantas. Na idade que eu tenho, não posso ficar parada. Fora jardinagem, gosto de mexer nas minhas plantas”, brinca.
Católica, Adélia diz gostar de morar no bairro próximo à Orla, mas conta que antes era mais tranquilo. Sobre a vida até aqui, ela acha que foi boa de ser vivida.
“Graças a Deus, tenho saúde e agradeço. Todo ano faço check-up, não tem nada. Uso remédio de pressão, e qualquer coisinha que quero, faço exame para tomar remédio. Mas meu médico ri, fala que eu não tenho nada. Eu fiz até esteira, não deu nada no coração.”
Sandra, uma das filhas, chega para completar as memórias da mãe. Ela explica que, aos 83 anos, a saúde dela é ótima e que a cabeça também vai bem.
“A vida dela é a varanda. Ela ama a flor do deserto. Ela tem laranja, banana, tem no quintal e nos fundos. Ela não tem nada, é totalmente lúcida, mais do que nós. Aqui é um ponto de encontro à tarde. Às 16h o pessoal vem tomar mate, as amigas dela. As coisas que ela junta têm que jogar no tempo dela. Chegam os netos e trazem os bisnetos. Ela gosta de festa e não nega uma cervejinha”, finaliza.
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