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Arquitetura

Casa tradicional da 13 de Maio será demolida para obra de edifício garagem

Paula Maciulevicius | 09/02/2017 06:20
Casa foi construída em 1958, depois de imóvel do engenheiro Hélio Baís ser demolido. (Foto: Marina Pacheco)
Casa foi construída em 1958, depois de imóvel do engenheiro Hélio Baís ser demolido. (Foto: Marina Pacheco)

Ao fundo do terreno amplo de 600m² na Rua 13 de Maio, a casa que pertenceu a uma centenária cheia de vida e história, será demolida. A arquitetura já descrita anteriormente aqui no Lado B pode dar lugar a um edifício garagem todo automatizado e vai, enfim, realizar o sonho do dono, de ter seu nome em um imóvel na cidade.

A demolição foi consultada pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais, que concordou por unanimidade, em reunião no Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano), nessa quarta-feira (7), sob a justificativa de que a casa já fora demolida em 1958 e a construída ali, não tem valor histórico.

Por estar dentro da lista de imóveis considerados bens passíveis de tombamento, pela Lei Complementar n° 161, de 20 de julho de 2010, que a decisão sobre a demolição teve de ter o pareceres da Fundac (Fundação Municipal de Cultura), do Conselho e por fim, quem bate o martelo é a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano). Desde a morte da dona, Zulmira, em 2013, aos 101 anos e 335 dias, os herdeiros entraram com o pedido.

Dona Zulmira em foto do artigo "Dona Zulmira Ferreira Silvério, mais de um centenário de vida", de João Augusto Lopes, publicado no Correio do Estado.
Dona Zulmira em foto do artigo "Dona Zulmira Ferreira Silvério, mais de um centenário de vida", de João Augusto Lopes, publicado no Correio do Estado.

A casa tinha, até então, o projeto atribuído ao arquiteto Hélio Baís, neto de Bernardo Franco Baís. No entanto, a família, junto do arquiteto contratado para lidar com a certidão de demolição, Nelson Guimarães, sustentam que o imóvel já foi descaracterizado. 

"Essa casa tinha todo interesse de preservar, mas a que foi derrubada, não a atual", frisa o arquiteto. A primeira construção teria sido em 1944. "Já foi descaracterizada e o que a gente quer é fazer tudo legal. Essa atual não tem o sentimento de pertencimento à cidade. Ela fica quase 40m distante, lá no fundo, as pessoas não enxergam o imóvel", sustenta Nelson. 

Dentro dos critérios de tombamento, há uma série de itens que vão além das características da fachada e a data de construção. 

"Montei toda justificativa no processo, com laudo técnico de vistoria, pericial e fotográfico. O imóvel não tem nada que justifique uma preservação", ressalta o arquiteto. 

A família herdeira quer construir no terreno e são várias as propostas em andamento. "Uma delas e que ganha mais força é o edifício garagem, que será todo automatizado. No Centro, é difícil estacionar e nele terão vários andares, dentro do que a lei permite, para que o carro chegue e seja levado de elevador", explica o arquiteto.

Em entrevista anterior ao Lado B, Harley Silvério, filho dos donos, disse que o sonho do pai, seu Jovenísio Faustino Silvério, era pela comercialização. "O desejo dele, do meu pai, era que quando não existisse mais ele e minha mãe, era para vender a casa e construir um prédio com o nome dele. Era isso que ele planejava".

A reunião ainda discutiu uma revisão de imóveis que constam na lista. A ideia é rever e acrescentar novos, que deveriam estar dentro de um possível tombamento. Agora o pedido passa pela Semadur, órgão que dará a decisão final para demolir.

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Por representar a arquitetura moderna dos anos 50 é que o imóvel foi listado como um dos bens passíveis de tombamento. (Foto: Marina Pacheco)
Por representar a arquitetura moderna dos anos 50 é que o imóvel foi listado como um dos bens passíveis de tombamento. (Foto: Marina Pacheco)
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