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Arquitetura

Colégio de 100 anos ganha teto novo, mas não há verba para 2ª fase da obra

Restauração emergencial da cobertura do tradicional Colégio Osvaldo Cruz foi concluída, agora falta verba para concluir restauração do prédio que será a Escola de Saúde da Santa Casa

Mirian Machado | 12/04/2019 13:55
Piso de madeira já bem gasto não foi trocado. (Foto: Henrique Kawaminami)
Piso de madeira já bem gasto não foi trocado. (Foto: Henrique Kawaminami)

Tombado como patrimônio histórico há 22 anos, o antigo Colégio Oswaldo Cruz acaba de ganhar teto novo. A primeira fase da obra terminou nesta semana, mas a obra deve parar por aí, por falta de recursos para concluir a restauração da estrutura que completou 100 anos em 2018. O prédio pertence a Santa Casa de Campo Grande e o projeto é abrir ali a  Escola de Saúde.

Fechado há cerca de 4 anos desde que foi 'devolvido' pela prefeitura à ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande), o prédio, teve a cobertura reformada emergencialmente para evitar desabamento, mesmo assim ainda sofre com as marcas do tempo e falta de dinheiro.

Na fachada já é possível notar a pintura se desfazendo, parte das vidraças da porta e janelas estão quebradas. Do lado de dentro o piso e os portais de madeira estão apodrecendo. Em alguns cômodos ainda há vestígios de que crianças estudaram ali um dia, como avisos da direção da escola e desenhos na parede.

Perla Larsen, arquiteta responsável pelo novo projeto, garante que o local ficará tão moderno quanto outros prédios, mas preservando a arquitetura original.

Pintura se desfazendo da fachada do prédio (Foto: Henrique Kawaminami)
Pintura se desfazendo da fachada do prédio (Foto: Henrique Kawaminami)
Além de quebrada, porta de vidro e ferro não é original, segundo arquiteta (Foto: Henrique Kawaminami)
Além de quebrada, porta de vidro e ferro não é original, segundo arquiteta (Foto: Henrique Kawaminami)
Telhados foram trocados por materiais originais da arquitetura do prédio (Foto: Henrique Kawaminami)
Telhados foram trocados por materiais originais da arquitetura do prédio (Foto: Henrique Kawaminami)

“Tratamos o prédio como um idoso de 100 anos. Temos que ter cuidado e manter as características da idade. Através de registros conseguimos recuperar algumas características, mas quando não temos também não podemos inventar, deixaremos como está”, explica, indicando as portas que originalmente eram de madeira, mas atualmente são de vidro e ferro.

O novo projeto que já está sendo finalizado, segundo Perla, contará com biblioteca grande para pesquisas, um auditório para 200 pessoas, espaço para recepção com cozinha, sanitário e local para palestras, além da parte administrativa e das salas de aulas e futuramente a expectativa é criar a Escola de Medicina da Santa Casa.

A reforma da cobertura durou cerca de quatro meses e terminou em março. Nesta sexta-feira (12), Kelson Granja, diretor administrativo da Santa Casa, esteve no local para vistoriar como ficou a reforma. Segundo ele, como o prédio é tombado, os trabalhos se tornam um pouco mais difíceis porque muita coisa da estrutura tem de ser mantida, como as telhas de antigamente. “Essas são de barro e foram fabricadas em Corumbá, outras que ainda estavam em boas condições foram reutilizadas, mas todo o telhado do prédio foi trocado pelo mesmo da arquitetura antiga”, afirma.

O recurso de R$ 765 mil usado na nova cobertura é verba da época que a prefeitura pagava aluguel para que a escola funcionasse. Agora, para uma nova restauração é preciso outras parcerias. “Agora temos que viabilizar recurso para reforma completa. A ideia é pedir ajuda para Secretaria de Turismo já que é um patrimônio histórico e até mesmo os governos”, explica Kelson.

Enquanto isso, próximo passo é fazer uma limpeza geral de retirada de matos, poeira e os moveis que ainda estão no local, como macas.

Estrutura de madeira do telhado também foi mantida original (Foto: Henrique Kawaminami)
Estrutura de madeira do telhado também foi mantida original (Foto: Henrique Kawaminami)

Histórico- O prédio do Colégio Osvaldo Cruz teve sua edificação iniciada em 1916 e foi concluído em 1918. Destinado inicialmente para atividades comerciais, era apenas um armazém de secos e molhados da firma Carmelo & Interlando, de propriedade dos irmãos Moliterno.

O armazém de secos e molhados, funcionou até o ano de 1927, quando Henrique Corrêa, em março daquele ano, fundou o Ginásio Osvaldo Cruz. Em 1933, o Ginásio passou ao Sindicato dos Professores do Curso Secundário, comprado pelo professor Enzo Ciantelli, em 1934.

E a mudança de mãos não parou mais. Em 1940, o Ginásio foi comprado pelos advogados José Manoel Fontanillas Fragelli e Wilson Barbosa Martins. Em 1942, o advogado Luiz Alexandre de Oliveira adquiriu o Ginásio e em 1949 o local foi autorizado por decreto federal a funcionar como colégio. Solteiro e sem herdeiros, ele destinou todo o seu patrimônio a entidades beneficentes e de caridade. Destinou à Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande (da qual era associado) o imóvel onde funcionava o Colégio Osvaldo Cruz.

Em 2005, o então prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho, interveio na Santa Casa, e, mandou também ocupar o Colégio com aulas regulares pela Rede Municipal de Ensino. O hospital foi devolvido por decisão judicial em 2013 à associação, assim como a posse do Colégio, que só foi recuperada também na Justiça, em 2015.

Na sentença judicial da retomada do imóvel, foi determinado o ressarcimento dos prejuízos causados pela posse por 10 anos, no montante de R$ 4,28 milhões referente aos aluguéis, além de reparação de danos e lucros cessantes, valor que ainda não foi liberado.

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