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Arquitetura

De 1880, museu onde José Antônio Pereira morou vai ser restaurado

Antônio Sarasá, conservador e restaurador, também dará curso gratuito de restauração em Campo Grande

Thailla Torres | 06/08/2019 08:39
Museu José Antônio Pereira será restaurado em cinco meses. (Foto: Arquivo/ Marcos Ermínio)
Museu José Antônio Pereira será restaurado em cinco meses. (Foto: Arquivo/ Marcos Ermínio)

Edificação da época de 1880, o Museu José Antônio Pereira, tombado pelo patrimônio histórico, vai ser restaurado. O projeto faz parte da programação de aniversário dos 120 anos de Campo Grande e começa neste fim de semana, com uma capacitação gratuita de restauração, ministrada por Antônio Sarasá, restaurador conhecido por recuperar patrimônios em todo País.

Graduado em Administração de Empresas pela Universidade de São Marcos, com várias especializações em restauração de patrimônio, Sarasá fundou, em 2001, um estúdio especializado em conservação e restauro do Patrimônio Histórico e ministra cursos, palestras e treinamentos sobre zeladoria para instituições públicas e privadas de todo o país.

Na prática, a restauração só vai iniciar no fim de setembro. Antes disso, Antônio quer sensibilizar a população sobre o que é necessário para conservar uma casa como a do museu, construída com taipa de mão, madeira e coberta de telhas de barro.

“Sentimos muita dificuldade de mão de obra de restauro em Campo Grande. E partiu dele a ideia de capacitação. com a proposta de mostrar que o museu é de todos e pode ganhar defensores”, explica Melissa Tamaciro, secretaria da Sectur (Secretaria de Cultura e Turismo) que realiza a programação.

 restaurador defende que antes de restaurar qualquer detalhe de um patrimônio é preciso estabelecer uma relação íntima entre pessoa e patrimônio. (Foto: Arquivo/ Marcos Ermínio)
restaurador defende que antes de restaurar qualquer detalhe de um patrimônio é preciso estabelecer uma relação íntima entre pessoa e patrimônio. (Foto: Arquivo/ Marcos Ermínio)

A capacitação é gratuita e promete ensinar técnicas de restauro para casas de taipa. Todos podem participar, além de profissionais da área de Arquitetura, Design e Engenharia. A primeira etapa inicia no dia 9 de agosto, sexta-feira, das 16h às 18h, com aula teórica sobre preservação cultural e zeladoria do patrimônio cultural, que inclui temas como histórico do preservacionismo no Brasil, os desafios atuais da preservação cultural e a zeladoria como uma política cultural baseada na afetividade.

Antônio defende que antes de restaurar qualquer detalhe de um patrimônio é preciso estabelecer uma relação íntima entre pessoa e edifício, para que haja sentido no patrimônio. “Não existe patrimônio se não houver uma relação de afetividade. Porque isso é o que vamos levar para as gerações futuras. Então a capacitação é um trabalho de conscientização do que é restauro e do que é o patrimônio, porque se a população não atribuir valor a esse, o tombamento perde todo sentido”, explica ao Lado B.

Após restaurar o valor simbólico da casa, ele prevê um mapeamento de danos na fachada, identificando avanços das degradações nas paredes, “argamassas” e madeiramento. “Com base nas informações coletadas, serão fornecidas instruções técnicas sobre procedimentos para restauração”, explica.

Depois das etapas de capacitação, a restauração começa pelas mãos de Antônio no final de setembro, prevê a secretaria. “Quando ele volta a Campo Grande, vai dar início ao restauro dentro de um projeto de cinco meses. Ao longo desse período, todos os curiosos e interessados podem acompanhar o trabalho que ele vai fazer”, diz a secretária.

Detalhes do mobiliário da família Pereira. (Foto: Arquivo/Marcos Ermínio)
Detalhes do mobiliário da família Pereira. (Foto: Arquivo/Marcos Ermínio)
Fogão à lenha dentro da residência. (Foto: Arquivo/Marcos Ermínio)
Fogão à lenha dentro da residência. (Foto: Arquivo/Marcos Ermínio)

Os trabalhos de restauração não só pretendem corrigir danos, como manter forte a lembrança das memórias da cidade, afirma Melissa. “Se o cidadão tem o entendimento do que é cada patrimônio da cidade e a importância que ele tem em ser ocupado, provavelmente esse cidadão vai ter mais curiosidade e ajudar a cuidar do local como proprietário. Todos nós temos que olhar para o museu e sabe que ele é patrimônio de todo mundo. E apoiar que ele esteja sempre aberto para receber a população”, avalia.

História - Diversos historiadores afirmam que o ano de 1872 marcou a chegada de uma comitiva de imigrantes mineiros no centro-sul de Mato Grosso, chefiada por José Antônio Pereira e que trouxe para a região sua família e parentes, tendo construído um pequeno rancho coberto de palha na localidade onde, atualmente, se encontra o Parque Florestal Antônio Albuquerque, próximo aos córregos Segredo e Prosa.

No início da ocupação das terras, as edificações localizavam-se nas imediações da atual Rua 26 de Agosto e foram construídas com taipa de mão e madeira. Localizada fora da área central, a única edificação da época de 1880, ainda existente, é a do Museu José Antônio Pereira. A sede do Museu fica na antiga Fazenda Bálsamo, distante 8 km do centro da cidade, numa área de sete mil metros quadrados, com várias edificações, dentre elas, uma semelhante à casa rural mineira rústica, construída em taipa de mão, coberta de telhas de barro, onde residiu Antônio Luís Pereira, filho do fundador da cidade. O conjunto arquitetônico é tombado pelo patrimônio histórico.

O local foi doado à Prefeitura em 1966 e restaurado em 1999 para visitação pública, a pequena casa, o engenho e o monjolo, resistem ao tempo em meio a uma grande área verde.

Quem tiver interesse em participar da capacitação, basta fazer a inscrição pela internet (clique aqui). As aulas serão nos dias 9 e 10 de agosto, sexta e sábado respectivamente.

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Escultura, retratando o Antônio Luiz, esposa Anna Luiza e a filha Carlinda.  A obra foi feita pelo artista plástico José Carlos da Silva “Índio”. (Foto: Arquivo/Marcos Ermínio)
Escultura, retratando o Antônio Luiz, esposa Anna Luiza e a filha Carlinda. A obra foi feita pelo artista plástico José Carlos da Silva “Índio”. (Foto: Arquivo/Marcos Ermínio)
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