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Arquitetura

Depois de aneurisma, recanto da avó Marlene agora tem uma parede de cada cor

Hoje o tempo é outro na vida da mulher que faz até "manicure" das galinhas que cria no quintal

Thailla Torres | 30/11/2018 07:56
Depois de anos de trabalho duro, Marlene criou o próprio recanto. (Foto: Henrique Kawaminami)
Depois de anos de trabalho duro, Marlene criou o próprio recanto. (Foto: Henrique Kawaminami)

Comparado aos terrenos enormes da região do Bairro Taveirópolis, nunca tínhamos encontrado uma casa como a da dona Edir Marlene do Nascimento, de 68 anos, que chama atenção da fachada de madeira às paredes mega coloridas, uma de cada cor. Além de preencher um corredor estreito que servia de garagem com muitas plantas, a dona usou recursos muito simples para manter viva a saúde da família, depois de aneurisma que chegou de surpresa.

O chão de pedras, o coqueiro no quintal pequeno e o amor que sente pelas plantas e animais são herança do tempo que aprendeu a andar no mesmo terreno. "Esse lugar tem o sangue e o suor da minha mãe derramado na terra. Que lutou muito para nos criar", lembra.

Por isso, ela nunca abandonou o cantinho onde teve 7 filhos e netos que ela diz ter perdido as contas. "São muitos, graças a Deus, mas eu não sei mais contar", ri. Mas fez questão de transformar a casa em um espaço onde sempre tivesse vontade de voltar. "Eu brinco que aqui é meu brechó, tenho de tudo, cuido de tudo, é a minha terapia".

Marlene cuida tão bem das galinhas, que faz carinho da cabeça as patinhas, como se elas tivessem "manicure".
Marlene cuida tão bem das galinhas, que faz carinho da cabeça as patinhas, como se elas tivessem "manicure".

Do orquidário colorido as galinhas japonesas, dona Marlene cuida tão bem das aves com plumagem volumosa na cabeça e nas patinhas, que elas estão sempre intactas. "Elas são meu xodó, olha esse pé, estão sempre com as peninhas", diz como quem faz "manicure" para deixá-las sempre belas. "Eu tenho um amor gigantesco pelos animais, eles mudam a vida da gente, gosto de cuidar", conta.

O carinho dos cães quando não negam o contrário. É só dona Marlene sentar na varanda que três dos sete cães pela casa pulam no colo. "Um deles é ciumento, cuida de mim enquanto minhas filhas não estão".

Ao explicar o motivo da placa "Recanto Vó Marlene" na porta de casa, a aposentada lembra que o tempo é outro depois um aneurisma que chegou quando ela menos imaginava, aos 47 anos. "Eu fiquei ruim, muito ruim, ao ponto dos meus filhos me darem banho porque eu não conseguia. Naquela época era difícil exames, até que fui diagnostica com um aneurisma no cérebro".

As causas do problema de saúde nunca foram identificadas, mas a aposentada associa ao ritmo intenso de trabalho. "Eu trabalhava como enfermeira na Santa Casa à noite e durante o dia era secretária em uma escola. Área da saúde e educação, duas paixões mas que exigem muito da gente. Como eu tinha meus piá para criar, fazia jornada dupla", lembra.

Cada parede ganhou uma cor diferente. (Foto: Henrique Kawaminami)
Cada parede ganhou uma cor diferente. (Foto: Henrique Kawaminami)
Plantinhas também são "filhas" de dona Marlene. (Foto: Henrique Kawaminami)
Plantinhas também são "filhas" de dona Marlene. (Foto: Henrique Kawaminami)

Marlene conta que foi operada no dia do aniversário. O médico cirurgião deu parabéns antes da anestesia e garantiu que seu maior presente seria sorrir para a família ao acordar. "Eu falei que era meu aniversário, estava ansiosa, imagina como é passar um aniversário sendo operada. Foi muito difícil".

O presente chegou do jeitinho que Marlene merecia. "Acordei da cirurgia, aquilo foi maravilhoso e depois me recuperei. Olha como eu estou bem", diz sorrindo.

Não foi à toa que aos poucos a casa foi ganhando cores, graças as filhas que amam colorir as paredes. "Um dia minha filha sugeriu uma parede de cada cor e começamos a pintar. Por isso, brinco que aqui é meu recanto, meu brechó, não tem cantinho melhor que a minha casa".

O dia para Marlene começa às 5h30 que alimenta os cães, rega as plantinhas e vai cuidar do quintal que se mantém colorido. "As plantas são uma terapia. Tem gente que não gosta muito como eu, mas ter uma plantinha em casa faz toda diferença, revigora. Eu não abro mão do meu recanto por nada nesse mundo", diz apaixonada pelo cantinho e pela história construída há 68 anos no mesmo lugar.

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Toda simpática, ela abre a porta de casa passando pelo corredor que virou jardim. (Foto: Henrique Kawaminami)
Toda simpática, ela abre a porta de casa passando pelo corredor que virou jardim. (Foto: Henrique Kawaminami)
Cantinho da Marlene tem a fachada mais interessante na rua onde mora. (Foto: Henrique Kawaminami)
Cantinho da Marlene tem a fachada mais interessante na rua onde mora. (Foto: Henrique Kawaminami)
Três dos sete cães que pulam no colo para ganhar carinho da Vó Marlene. (Foto: Henrique Kawaminami)
Três dos sete cães que pulam no colo para ganhar carinho da Vó Marlene. (Foto: Henrique Kawaminami)
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