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Arquitetura

Em mostra de decoração, peça retrô pode ser só releitura ou carregar a memória

Paula Maciulevicius | 04/12/2013 06:46
O ambiente da mostra “Quarto do casal contemporâneo” coloca de frigobar, a réplica da geladeira Brastemp de 1957. (Fotos: Cleber Gellio)
O ambiente da mostra “Quarto do casal contemporâneo” coloca de frigobar, a réplica da geladeira Brastemp de 1957. (Fotos: Cleber Gellio)

Por um velho rádio que transmite num som chiado, a radionovela. As músicas de Carmen Miranda, ou quem sabe um “quem ouvir, favor avisar” da versão original. As ideias surgem à cabeça quando os olhos se deparam com o passado distante, ou não, e que está voltando à moda, sendo consumido como novidade.

Na mostra de arquitetura e decoração “Morar mais por Menos”, no Rádio Clube Cidade, é possível viajar no tempo sem precisar voltar nas décadas de nossos avós e, viver nos quartos, espaços de café e leitura, tudo que poderia ter ficado restrito às lembranças de quem teve a sorte de conhecê-los.

Aos olhos de quem monta um cenário e pela imaginação de quem enxerga, os artefatos culturais de nosso passado estão ali, diante de nós. É abrir a geladeira vermelha Brastemp e apanhar uma tubaína. É uma releitura, mas na febre que hoje o mundo vive, pelas coisas do passado, tem-se a liberdade de fazer isso num quarto que leva o contemporâneo no nome.

Na entrada da mostra, rádio que leva os ouvintes a uma viagem pelas ondas do tempo.
Na entrada da mostra, rádio que leva os ouvintes a uma viagem pelas ondas do tempo.
Malas de quem acabou de chegar de uma viagem de trem. Parte é acervo dos próprios arquitetos.
Malas de quem acabou de chegar de uma viagem de trem. Parte é acervo dos próprios arquitetos.

O ambiente da mostra “Quarto do casal contemporâneo” coloca de frigobar, a réplica da geladeira Brastemp de 1957. Acima do refrigerador, um notebook.

O vermelho chama a atenção para o passado de forma inédita. O fenômeno pode ser denominado de paixão, ficar restrito ou não aos colecionadores, ou se encaixar no “Retromania”, termo imposto pelo jornalista americano Simon Reynold em 2011, ao descrever que a primeira década do século XXI acabaram sendo, até hoje, os anos do ‘re’. Refazer, recuperar, retornar.

A cozinha da avó guarda o barulho que as gavetas faziam ao ser abertas. Na sala de Estar Leitura, onde o café acompanha os livros na mostra, o armário preto com as placas para fora era onde estavam guardados os ingredientes básicos. Em cada gaveta: pó de café, farinha, açúcar, batatas, arroz, feijão...

Pode parecer coisa de 50 anos atrás, mas está mais atual do que nunca. As malas dos quartos parecem recém acomodadas pelos viajantes que chegaram de trem, depois de dias pelos trilhos.

Parte da linha retrô da mostra é parte do acervo dos próprios arquitetos. Não tem a descrição de disponibilização e nem preços. Talvez porque o passado não tenha valor que possa ser transformado em reais.

A mostra vai até o dia 15 de dezembro, no Rádio Clube Cidade, na esquina das ruas Padre João Crippa e Barão do Rio Branco. O valor da entrada é de R$ 20.

O armário de cozinha do tempo que que se guardava nas gavetas o pó de café.
O armário de cozinha do tempo que que se guardava nas gavetas o pó de café.
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