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Arquitetura

Lembra do piso vermelhão? Voltou com tudo e agora virou coisa sofisticada

Elverson Cardozo | 19/04/2013 06:45
Cimento queimado virou coisa chique. (Foto: Reprodução/Internet)
Cimento queimado virou coisa chique. (Foto: Reprodução/Internet)

Lembra do vermelhão, aquele piso de antigamente que exigia cera e muito esforço para ficar brilhando? Há tempos ele está de volta "repaginado”. Virou "cimento queimado", coisa chique, de “patrão”, com dizem por aí. A diferença está nos detalhes, na "falta de cor", que garantem o requinte em qualquer ambiente.

É mais barato, mas pode ser um tiro no pé, caso o profissional não saiba fazer direito. Por isso, o Lado B saiu em busca de orientações sobre a aplicação.

Hoje, os “pisos do passado” geralmente são valorizados por quem aposta nos conceitos da arquitetura moderna, que costuma mesclar o rústico e o contemporâneo, mas muita gente ainda torce o nariz por puro preconceito.

O cimento queimado sempre foi valorizado pela economia que gera em uma obra, isto porque, ao invés de pisos, os materiais utilizados são basicamente massas: concreto e argamassa.

O processo é o mesmo adotado na colocação dos porcelanatos. Com contrapiso pronto, o profissional vai fazer a “camada de regularização”, ou seja, aplicar a argamassa para “colagem”. Depois disso, é hora de “polvilhar” o cimento sobre o material ainda úmido.

Na sequência entra uma das etapas mais importantes, o nivelamento da massa com a colher e régua de pedreiro. A finalização, que garante o brilho, pode ser feita com a enceradeira. É um trabalho manual, praticamente artesanal.

Na cozinha a técnica cai bem. (Foto: Reprodução/Internet)
Na cozinha a técnica cai bem. (Foto: Reprodução/Internet)

Por muitos anos os mestres de obras utilizaram o pó xadrez, um corante que garantia o piso vermelhão ou de outra cor. O produto era misturado ao cimento que seria distribuído sobre a argamassa.

Hoje, a tendência é não colorir a abusar do tom natural do material que pode ser o tradicional, cinza esverdeado ou o branco. Depende do gosto. “O charme do cimento queimado é a cor natural dele, pode ser um pouco mais claro ou escuro”, explicou a arquiteta Andressa Chiarello, de 31 anos.

De acordo com a profissional, a "massa" pode substituir o piso ou a pintura em paredes. A economia é expressiva. Para exemplificar, Andressa cita uma obra de 100 metros quadrados.

Se o proprietário fosse utilizar pisos, o custo final poderia chegar a R$ 11 mil, levando em consideração o valor do porcelanato (R$ 60,00 por m²), contrapiso e argamassa (R$ 20,00 por m²) e a mão de obra (R$ 30,00 por m²).

Decoração garante sofisticação. (Foto: Reprodução/Internet)
Decoração garante sofisticação. (Foto: Reprodução/Internet)
Cores dão "vida" à cena. (Foto: Reprodução/Internet)
Cores dão "vida" à cena. (Foto: Reprodução/Internet)

Se o contratante optar pelo cimento, o valor da obra, no mesmo espaço, pode sair a R$ 5 mil. A economia de 6 mil refere-se aos pisos, que não seriam utilizados.

Mas é preciso cuidado na hora da “substituição”. A dica é contratar a ajuda de um profissional especializado para não passar dor de cabeça depois. O cimento queimado, aplicado no chão, pode trincar, virar um “mapa mundi”, afirmou a arquiteta.

Isso acontece quando a aplicação é feita de uma só vez, em “pano único”. O correto, orientou, é dividir os espaços, como o tabuleiro de um jogo de xadrez, para criar o que ela chama de “juntas de dilatação”.

Enquanto um “quadrado” seca o outro está sendo moldado ao lado. Com isso, eles não “grudam”, o que garante os espaços necessários para evitar as rachaduras.

“O concreto ‘trabalha’. Existe movimentação do solo, das pessoas que andam em pisam em cima, do peso dos móveis. Ele tende a trincar em algum ponto por conta disso. Quando você já fez as dilatações, ele vai movimentar nos pontos que já foram dilatados”, explicou.

Em paredes já não há esse problema porque as “quinas” servem como dilatação e, além disso, não há movimentação de móveis ou pessoas, por exemplo.

Dica é mesclar o "novo" ao "velho" e abusar das cores. (Foto: Reprodução/Internet)
Dica é mesclar o "novo" ao "velho" e abusar das cores. (Foto: Reprodução/Internet)

Decoração - Segundo a arquiteta, o cimento queimado é um material rústico, que deixa o ambiente frio, “triste”, por causa da cor, o cinza. A dica para equilibrar é apostar em uma decoração mais viva, “alegre”.

Para fugir de um “ambiente cafona”, acrescentou, o proprietário pode mesclar o rústico e o moderno. “O que está em voga é a questão de trabalhar vários estilos. Você pode usar o cimento queimado e o estilo étnico, meio indiano, bem colorido”, sugeriu.

Andressa não vê desvantagem na técnica, pelo contrário, defende o uso, mas afirma que ainda há “resistência por certo preconceito”. “Às vezes não conseguem ver lá na frente o resultado, com mobiliário e decoração. O pessoal que curte o rústico é mais aberto. Quem curte só o moderno não gosta muito dessa mistura”, disse.

De qualquer forma, ficam as coisas boas, as vantagens: “A principal é o custo benefício. O material é mais barato. Além disso, ele não macha e é de fácil limpeza e manutenção. Enjoou? Pode jogar um piso por cima”, orienta.

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