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Artes

A identidade de Mato Grosso do Sul em 30 mil músicas

Anny Malagolini | 26/11/2012 13:28
Carlos Luz e parte do acervo.
Carlos Luz e parte do acervo.
Disco da jovem Tetê Espíndola.
Disco da jovem Tetê Espíndola.

Na coleção do representante comercial Carlos Luz, Tetê Espíndola aparece ainda com rosto de menina. Pela casa, o acervo de discos de artistas sul-mato-grossense também tem Almir Sater rapaz, o jovem casal Délio e Delinha, o esguio Dino Rocha... São 450 vinis, desde a década de 50.

A pesquisa começou há 12 anos e hoje já são 30 mil músicas catalogadas no projeto “Memória Fonográfica MS”.

“Vi a necessidade em catalogar esses discos para que isso não se perca ainda mais com o passar do tempo”, justifica o homem que resolveu espalhar pelos corredores a história da música em Mato Grosso do Sul.

No final das contas, todo o acervo captado deve ir parar no Museu da Imagem e do Som, para que o material tenha vida longa. Já a difusão será de forma mais moderna.

Todas as canções são digitalizadas e assim ficará mais fácil chegar às escolas, por exemplo, e até mesmo aos turistas.

Carlos foi representante comercial de uma gravadora de discos em Mato Grosso do Sul e, por curiosidade, junto com um amigo partiu em busca dos discos perdidos. A surpresa foi grande.

O material do Ney Matogrosso é um dos mais difíceis de achar, conta Carlos. Há discos do cantor que ele procura há pelo menos dez anos.

Jandira e Benitez, vinil daquele das antigas.
Jandira e Benitez, vinil daquele das antigas.
Délio e Delinha, uma das raridades.
Délio e Delinha, uma das raridades.

Entres as raridades, aparece “Franquito”, famoso na década de 60 como o garoto da voz de outro, em tempos ainda de Mato Grosso.

Na transição do LP para o CD, virou um exemplo de material perdido, de como a memória é frágil quando o arquivo falha. Hoje, em uma pesquisa rápida na internet, um vinil do cantor custa mais de R$ 400,00.

Com a descoberta de cada artista, surgem histórias que ficaram distantes. Franquito, por exemplo, rendeu até filme rodado aqui no estado, produzido por Zé do Caixão, um fracasso de bilheteria.

Os discos, na grande maioria são encontrados em outros estados, principalmente em São Paulo. Há compra, troca, permuta com outros colecionadores.

Alguns xodós são gravações de Délio e Delinha e Zé Correa, músico assassinado no auge da carreira, no inicio dos anos 80, o principal responsável por trazer o chamamé correntino ao Estado.

Outra preciosidade é um monólogo da atriz Glauce Rocha, “A bela indiferente”, gravado num teatro do Rio de Janeiro.

Com a descoberta dos discos, Carlos também descobriu a identidade cultural de Mato Grosso do Sul. “Hoje vejo que temos identidade, mas o que nos falta é difusão”.

Carlos também possui acervo de CDs. São 1500 digitalizados, mas não existe mais em arquivo físico, foram vendidos para poder dar continuidade ao projeto.

O colecionador aceita doações. Os interessados podem entrar em contato via Facebook

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