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Artes

Cineasta que dormiu com a luz acesa até os 18 anos lança terror gravado em MS

Naiane Mesquita | 29/07/2015 06:12
Primeiro trailer do filme Condado Macabro foi divulgado na semana passada na internet (Foto: Divulgação/Condado Macabro)
Primeiro trailer do filme Condado Macabro foi divulgado na semana passada na internet (Foto: Divulgação/Condado Macabro)

O trailer oficial tem pouco mais de dois minutos, mas logo no início é possível identificar os elementos que sempre fizeram parte de clássicos do terror: serra elétrica, palhaços, máscaras e muito sangue. Pronto, a fórmula de Condado Macabro dos diretores Marcos DeBrito e André de Campos Mello está finalizada.

Acessórios macabros fazem parte da caracterização dos personagens
Acessórios macabros fazem parte da caracterização dos personagens

Mas, o interessante por trás deste roteiro está nos ingredientes especiais. Todo o filme foi gravado na cidade de Paranaíba, distante a 422 km de Campo Grande, quase fronteira com o Estado de São Paulo.

Em meio a presença de cobras e do clima árido do cerrado brasileiro, o longa ganhou ares de um massacre da serra elétrica bem pantaneiro. “Quem é fã de terror vai identificar rapidamente os elementos do gênero, como em O Massacre da Serra Elétrica. O personagem Jonas é um anagrama de Jason, de Sexta-feira 13, que é aquele personagem mudo, que não fala e usa um facão como arma, mas ao mesmo tempo uma referência ao leatherface, o assassino de O Massacre”, afirma o diretor e roteirista do longa Marcos DeBrito.

Foi Marcos quem deu a ideia de gravar o longa-metragem em Paranaíba. “É a cidade Natal dos meus pais. Eu sou de Florianópolis, me mudei para São Paulo em 1998, formei em cinema e fiz minha carreira lá. Mas, tenho muitos familiares em Paranaíba e como o filme era independente achei que esses familiares poderiam ajudar na produção”, explica.

A casa onde praticamente todo o filme foi rodado é dos pais de Marcos e nunca foi habitada, apesar das atuais marcas de “sangue” pelo imóvel.

“Meus pais estão naquela fase de se aposentar e voltar para a cidade natal, então eles construíram essa casa na fazenda da família e eu achei ideal para o projeto. Escrevi o longa já pensando nessa locação”, ressalta. Quase tudo saiu como o planejado. “Ficaram as marcas, não saiu de alguns lugares, de móveis, por exemplo. Minha mãe não gosta muito”, brinca o cineasta.

Leonardo Miggiorin é um dos jovens assassinados no filme
Leonardo Miggiorin é um dos jovens assassinados no filme

Fã do gênero, Marcos construiu a carreira no cinema com outros tipos de filme, sempre ficção, mas com nuanes experimentais. Premiado com o Kikito do Festival de Cinema de Gramado, com o primeiro trabalho finalizado em 35mm “Vídeo Sobre Tela”, o cineasta ainda é roteirista e escritor, sendo indicado pela Rocco para concorrer ao prêmio Jabuti com o livro “À Sombra Da Lua”, publicado pela editora.

“O terror eu considero como algo da infância. Para os roteiros que eu tinha, que abordavam a violência urbana eu não estava conseguindo verba e eu queria fazer um filme com investimento próprio, sem precisar esperar os editais e a Ancine”, afirma.

Essas questões fizeram o cineasta levantar do túmulo o projeto de Condado Macabro, que na verdade era um curta-metragem da época da faculdade de cinema.

“O Condado é um pouco do imaginário infantil, eu assistia muito terror do final dos anos 70, início dos anos 80 e até por desejar combater aquele medo, eu ouvia coisas, é aquela história de transferir o medo. Dormi de luz acesa no quarto até os 18 anos”, ri Marcos.

Mesmo com todos essas referências aos clássicos, que ele defende “gêneros não funcionam sem clichês”, Marcos afirma que teve o cuidado de incluir regionalidades.

“É um filme contado no interior de Mato Grosso do Sul, então tem a questão do clima árido, e do palhaço. O palhaço apesar de ser um personagem usado em filmes de terror, o do Condado tem as características dos palhaços que viajavam até o interior em companhias, em shows de rua”, ressalta.

Marcos DeBrito conhece Paranaíba desde criança
Marcos DeBrito conhece Paranaíba desde criança

Para ele, os palhaços se tornaram tão especiais para o roteiro que as participações cresceram. “Ficaram muito fortes. O Cangaço, interpretado pelo Francisco Gaspar, se tornou mais forte que o próprio Jonas”, acredita.

O filme ainda tem no elenco Leonardo Miggiorin e Larissa Queiroz, como parte dos jovens que decide ser uma boa ideia ficar em uma casa no meio do nada, e Fernando de Paula, outro palhaço da história. A sinopse do filme é simples: uma casa alugada por cinco jovens transforma-se no palco de uma chacina. Um palhaço suspeito é encontrado todo ensanguentado na cena do crime e precisa provar sua inocência para o investigador da pequena cidade onde cometia seus delitos. Sem evidências para prendê-lo, o policial entra no jogo ardiloso do acusado e precisa averiguar sua versão de que assassinos sanguinários possam ter passado pela mansão.

A trilha sonora é bem brasileira com músicas bregas à la Reginaldo Rossi. “É o gosto musical de uma das personagens, o alívio cômico e que acaba agregando a regionalidade do longa”, diz.

A previsão de estreia é 12 de novembro, pela Elite Filmes.

Confira o trailer:

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