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Artes

Com cara de adolescente, Thais é a tatuadora que transmite afeto pelo traço

Aos 24 anos e formada em Psicologia, ela é a artista por trás de tatuagens fofas

Paula Maciulevicius Brasil | 28/01/2020 06:47
Sorriso é marca registrada da artista por trás de tatuagens carregadas de afeto. (Foto: Marcos Maluf)
Sorriso é marca registrada da artista por trás de tatuagens carregadas de afeto. (Foto: Marcos Maluf)

O trabalho de Thais Barros de Andrade inspira suspiros de tão fofo. Tatuadora há três anos, ela se vê como eterna aprendiz na profissão que descobriu dentro do antigo ateliê da mãe durante as férias da faculdade. Formada em Psicologia, aos 24 anos, Thais é a artista que transmite afeto nas tatuagens que faz.

"É tudo bem confuso no início. A gente vai buscando quem pode compartilhar o que sabe", conta aos risos. Com cara de menina, não foi a primeira vez que alguém chegou ao estúdio procurando a tatuadora e passou direto por ela. "As pessoas me perguntam mesmo: 'cadê a tatuadora? Aí eu falo: 'eu sou a tatuadora'". 

Não é só pela aparência de adolescente que Thais é pré-julgada. O fato de ter poucas tatuagens mostra que ela foge um pouco do estereótipo dos tatuadores. "Eu sou uma pessoa muito indecisa para fazer as coisas em mim, fico só pensando no que vou fazer e nunca faço", brinca.

Gatinhos feitos por Thais Barros. (Foto: Arquivo Pessoal)
Gatinhos feitos por Thais Barros. (Foto: Arquivo Pessoal)
Natureza, livros e café. (Foto: Arquivo Pessoal)
Natureza, livros e café. (Foto: Arquivo Pessoal)

O Lado B sempre enxergou como uma das mais belas artes o trabalho dos tatuadores da Capital, e vem, em especial, dando destaque às mulheres que estão por trás daquele barulhinho característico da máquina dentro dos estúdios.

De fala delicada, tal qual a marca que imprime na pele dos clientes, Thais descreve que teve o talento revelado por uma amiga tatuadora que dividia o ateliê com a mãe, a artista Hyali Barros, em Minas Gerais, e viu os desenhos que ela produzia. "Eu estava de férias e ela falou: 'você está aí fazendo nada, senta, vamos aprender a tatuar'".

Ao voltar para Campo Grande, a jovem já teve o primeiro pedido feito por um amigo. "Ele queria que eu o tatuasse, mas eu não tinha nada, ele pegou as máquinas de um amigo dele que não usava", recorda.

O passo seguinte de Thais foi procurar e acompanhar tatuadores da cidade. Nessa busca, encontrou o tatuador Diego Gorski, a quem atribui os primeiros ensinamentos. "Ele falou: 'vem cá, te ajudo' e começou a ir me podando, ajustando as técnicas. Foi a partir daí que aprendi de verdade", relata.

No Capttain 7 Tattoo & Co., a tatuadora está desde outubro do ano passado compondo os cerca de 10 profissionais que ali trabalham. Por dominar com mais facilidade o preto e o cinza, é no black work que Thais tem focado. "O colorido eu venho inserindo nos últimos meses, mas em questões bem pontuais", frisa.

Bicho preguiça. (Foto: Arquivo Pessoal)
Bicho preguiça. (Foto: Arquivo Pessoal)
"O que acho interessante é que, de alguma forma, aquele desenho toca a pessoa. Alguma coisa está atrelada ao afeto, à memória, ao inconsciente dela", observa tatuadora e psicóloga. (Foto: Marcos Maluf)
"O que acho interessante é que, de alguma forma, aquele desenho toca a pessoa. Alguma coisa está atrelada ao afeto, à memória, ao inconsciente dela", observa tatuadora e psicóloga. (Foto: Marcos Maluf)

Ela diz que ainda não se encaixa dentro de um estilo, mas o que gosta e se dedica é trabalhar contrastes entre linhas finas e grossas. "Para que isso fique esteticamente legal na pele das pessoas", comenta.

Como tatuadora, Thais jura que não recorre à Psicologia na análise dos clientes, mas é da formação universitária que consegue enxergar significados e escolhas de quem está sendo tatuado. "O que acho interessante é que, de alguma forma, aquele desenho toca a pessoa. Alguma coisa está atrelada ao afeto, à memória, ao inconsciente dela", observa.

Para entender o que o cliente quer, Thais pede referências, e não precisa nem ser de tatuagens. "Peço nem que seja uma foto de um ambiente que te agrade, coisas que me façam captar o que o cliente acha esteticamente bonito ou não", explica.

Na tatuagem feita na semana passada, por exemplo, a cliente só disse que queria algo que remetesse à livros, natureza e café. "Criei algo baseado em algumas referências que eu acho legais, de tatuadores que eu sigo, uma que faz cenário dentro de formas ovaladas", fala. Claro que a técnica é totalmente diferente assim como o traço, mas Thais buscou se inspirar naquela disposição oval. "Quando você trabalha com criação de tatuagem é muito importante ter conhecimento de quem já está nisso há muito tempo, mas tem sempre que diferenciar o que é cópia do que é inspiração", destaca.

Nos desenhos, a tatuadora descreve que pensa tentando buscar elementos ligados ao que a pessoa que está diante dela passa. "E também a gente vai pensando, se a pessoa me escolheu é porque ela quer mais ou menos isso. Então vou por esse caminho", relata.

Na humildade de quem está aprendendo e tem ainda muito a aprender, Thais vê o quanto já evoluiu, mas ainda está "tateando" pela profissão. Quando chega ao estúdio algum pedido que ela não domina, a tatuadora passa para outro profissional.

Já é crescente o número de mulheres na tatuagem em Campo Grande, no entanto comparado aos homens, elas ainda são poucas. "É um campo majoritariamente masculino. Aqui temos cinco mulheres trabalhando deste último ano para cá e eu acho isso maravilhoso. Precisamos de mulheres neste campo", defende. 

Até nos rolês, Thais é parada para papos sobre tatuagens. "Se a pessoa sabe que eu sou tatuadora já fala que quer fazer um orçamento e, mesmo eu curtindo a festa, converso numa boa e faço o orçamento ali mesmo", brinca. 

Thais trabalha no estúdio Capttain 7 Tattoo & Co, na Avenida Rachid Neder, 309, bairro Monte Castelo. O Instagram da tatuadora é: @barros.ink./

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Outra criação de Thais. (Foto: Arquivo Pessoal)
Outra criação de Thais. (Foto: Arquivo Pessoal)
Traços que carregam história. (Foto: Arquivo Pessoal)
Traços que carregam história. (Foto: Arquivo Pessoal)
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