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Artes

De comédia à tragédia, grupo ensaia ópera “Pagliacci” para estreia em agosto

Escrita por Ruggero Leoncavallo, a obra mistura encenação com realidade de uma trupe de circo que realiza espetáculo num vilarejo

Alana Portela | 24/07/2019 09:30
A regente Eliseba Oliveira passa os comandos para os músicos cantarem (Foto: Alana Portela)
A regente Eliseba Oliveira passa os comandos para os músicos cantarem (Foto: Alana Portela)

Misturando a comédia com drama e tragédia, o elenco da “Ópera Pagliacci” começou os ensaios em maio, em Campo Grande. Do compositor italiano Ruggero Leoncavallo, o Coro Lírico Cantarte apresenta o espetáculo no dia 9 de agosto, às 20h, no Teatro Glauce Rocha. Leoncavallo é conhecido como um dos criadores do "Verismo", estilo particular da ópera italiana, caracterizado por intrigas violentas e melodrama intenso.

“Vero é do italiano e significa verdade. Trabalha com o amor e a tristeza com intensidade. Nele, o amor é passional e todo verismo termina em morte. É uma forma mais completa de arte e envolve o canto e teatro”, explica a diretora do coro, Edineide Dias.

O Coro Lírico Cantarte existe há 12 anos, mas não é um grupo profissional. “São amantes do estilo que querem fazer música e que tem vozes virtuosas. Temos pessoas variadas, engenheiro, formados em Direito, que fazem música porque gostam. Esperamos que as pessoas vão assistir, e a maioria que vê pela primeira vez fica encantada”, afirma.

Edineide Dias é diretora do Coro Lírico Cantarte (Foto: Alana Portela)
Edineide Dias é diretora do Coro Lírico Cantarte (Foto: Alana Portela)

O espetáculo conta com 20 pessoas no coro, dois pianistas, uma regente e cinco solistas que vão interpretar os papeis principais da trama, de Nedda, Canio, Tonio, Beppe e Silvio. A história se passa dentro do circo, quando trupe de palhaços visita um vilarejo na Italia para apresentar uma peça. Contudo, acontece uma confusão amorosa que mistura vida real com a comédia do espetáculo.

Na obra, Nedda é esposa de Canio, mas se encanta por Silvio. Apaixonada, ela decide deixar a vida do circo para fugir com o amado, porém, não contava com uma armação de Tonio, que por ciúmes revela a intenção da colega para Canio.

“Ele ouve isso e começa armar. Avisa que a mulher dele vai fugir com outro. Nisso Canio, que na peça interpreta o ‘Pagliacci’, fica incomodado e a cena que vai mostrar ao público é parecida com a realidade que estão vivendo. Canio confunde realidade com a música”, conta Eliseba de Oliveira.

As mulheres ensaiam os tons sopranos e contraltos para a apresentação (Foto: Alana Portela)
As mulheres ensaiam os tons sopranos e contraltos para a apresentação (Foto: Alana Portela)

Ela é musicista e regente do coro há pouco tempo. Está ajudando os músicos a cantarem a obra em italiano. Os ensaios duram uma hora e meia. “A gente ensaia separado o tenor e baixo das vozes masculinas, do soprano e contraltos das mulheres, depois unimos. O pianista sempre me acompanha porque vai ser no meu tempo e através do meu gesto, o coro percebe o que quero. Os músicos que cantam não são profissionais”.

Vai ser tudo em italiano e durante a apresentação, o público vai ouvir barulhos quando o coro começar a cantar. “São as pessoas que estão se agitando na praça no vilarejo. Às 23h ele [Pagliacci] anuncia o espetáculo”, explica.

“A obra começa alegre e no decorrer tem traição, ódio, raiva”, diz o solista, Eduardo Meireles que interpreta Canio, que dá a vida ao Pagliacci no espetáculo. Ele é engenheiro agrícola, estuda técnica vocal desde 1996 e tem a música como hobby. Sobre a obra, comenta que seu personagem pega a mulher com outro, mas não vê o rosto e tenta saber o nome do seu rival. “O marido chega e pega ela com outro, bem no momento que diz ‘Para sempre serei sua’. Se sente traído e ainda tem que representar no palco uma comédia”, conta.

Os homens treinam os tons tenores e baixos para dar o som mais grave (Foto: Alana Portela)
Os homens treinam os tons tenores e baixos para dar o som mais grave (Foto: Alana Portela)
Eliseba de Oliveira é a regente e fica com as partituras para orientar os músicos (Foto: Alana Portela)
Eliseba de Oliveira é a regente e fica com as partituras para orientar os músicos (Foto: Alana Portela)

Durante apresentação da peça, Pagliacci quer saber o nome do amante de Nedda. “A encenação vai se misturando a realidade, com a comédia. O povo que está assistindo fica tenso porque não sabe se estão só representando. Até no ponto que ele explode e diz que se não falar por bem, fala por mal, na hora da morte e enfia a faca nela. Nesse momento ela grita Silvio, e o marido descobre que o amante está no meio da plateia e mata ele também”.

Quem vai dar vida a Nedda, é a cantora de renome internacional na cena operística, Janete Dornellas. Ela já cantou repertórios lírico “La Clemenza di Tito”, “Fidelio”, “O Crepúsculo dos Deuses”, entre outros.

Eduardo Meireles é o solista e ensaia o papel de Pagliacci (Foto: Alana Portela)
Eduardo Meireles é o solista e ensaia o papel de Pagliacci (Foto: Alana Portela)

Preparação - Os ensaios do Coro Lírico Cantarte ocorrem duas vezes por semana no bairro Amambai. O grupo prepara a apresentação musical e aguarda a chegada do diretor cênico Francisco Mayrink para iniciar os treinos de atuação.

O valor do ingresso é R$100,00, mas quem levar um quilo de alimento não perecível paga R$50,00. Os alimentos serão doados para instituições. 

As entradas estão à venda na Arquitécnica localizada na rua Dom Aquino, 431. Ou podem ser compradas no Restaurante Gamela Grill, que está na rua Trouville, 86.

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Os ensaios para a apresentação da ópera é realizado em uma sala com os músicos, regente e pianista  (Foto: Alana Portela)
Os ensaios para a apresentação da ópera é realizado em uma sala com os músicos, regente e pianista (Foto: Alana Portela)
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