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Artes

Do mix da broaca às bolsas de malote, o antes e depois da arte de Bonito

Paula Maciulevicius | 02/08/2013 06:24
Do tempo da boiada ao moderno, artesanato evolui ao som do berrante. (Fotos: Marcos Ermínio)
Do tempo da boiada ao moderno, artesanato evolui ao som do berrante. (Fotos: Marcos Ermínio)

Tem coisa ali que ‘seo’ Nenê da Costa, de 74 anos, só trouxe para mostrar. A broaca em couro é um baita de um contraponto com o artesanato que se vende hoje por aí. Numa bancada ao centro do Mercado Mix, onde se concentra moda e artesanato no Festival de Inverno de Bonito, ele é sem dúvida o expositor mais velho, que depois de tanto puxar comitiva, agora conta no couro a história de quem viveu para a terra.

Dentro da bolsa cabem duas latas de 20 litros, onde, segundo o artesão, pode ser de arroz ou banha de porco. O utensílio, preso ao arreio é feito de madeira e revestido em couro. O que antes era para comida à comitiva, substituída pelo cargueiro, hoje é para o peão que percorre o arrendamento de gado na estrada.

“Nós que fazia, trabalhava na fazenda. Se chama atenção? Ah chama, porque os novo não conhecem, como também não conhece de trabalho não”, emenda a galopeira.

A broaca, feita sob encomenda, sai em média R$ 1 mil completa. Nas mãos, ele apresenta a quem não conhece, falo por mim, uma guaxa. “Isso a gente vende pra homem bravo bater em mulher e fazer crescer”, brinca.

Aos 74 anos, seo Nenê é o mais velho expositor. Traz para o couro a história das comitivas por Bonito.
Aos 74 anos, seo Nenê é o mais velho expositor. Traz para o couro a história das comitivas por Bonito.

‘Seo’ Nenê é daqueles que sabe o que vende. A convivência no mato, na lida e nos bois fez com que ele soubesse de cabo a rabo fazer o próprio e hoje para os demais o que o trabalho na fazenda exigir.

“A gente não aprendeu a ler, nem a escrever, era só trabalhar”, completa.

O berrante é outro que não tem valor, pelo menos não ali. Pelo sopro do pulmão do ex-condutor de comitiva é que sai a nostalgia de estar vivendo de volta no campo.

É o mesmo sopro que a artesã Fernanda Reverdito carrega no peito. “Tem que tremer os lábios e assoprar devagar, porque você vai armazenando o ar”, explica. Com quem aprendeu? Ninguém menos que o ‘seo’ Marcondes.

Entre o que vende está o que muito turista procura. Produções de livro e documentário produzido por ela mesma sobre a parte histórica de Bonito.

“Muita gente vem em busca de saber o que a gente come, bebe. Eles veem essa água cristalina e querem saber mais”, acrescenta.

Do berrante à modernidade. A disposição dos produtos no estande parece ter virado as páginas do tempo pelo toque do instrumento que chama a boiada. A aposta dela e dos artistas da Casa do Artesão de Bonito são as bolsas em malote e acessórios em feltro. As bolsas, são vendidas na média de R$ 70 a R$ 160.

Do outro lado da história, o Lado B quer saber também dos sabores da terra e eis que se depara com aquela variedade de produções bem caseiras, que quando se vê a cena remete a um café da manhã de fazenda.

Rapaduras, melados e açúcar mascado é parte do trabalho do Assentamento Pé de Serra, situado a 35 quilômetros de Bonito, o sabor da terra pode ser deliciado a partir de R$ 1.

O gosto, que fique entre nós, porque burlamos a dieta, é dos deuses. A rapadura de leite desmancha na boca e o açúcar que fica dá um gostinho de quero mais por um bom tempo.

Produtos chegam ao trabalho de documentar a própria história.
Produtos chegam ao trabalho de documentar a própria história.
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