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Artes

Em coreografia única, professores chamam atenção para as artes

Vídeo feito por professores de dança de MS e postado em rede social pede reflexão: como dançar sem o corpo a corpo?

Danielle Errobidarte | 01/04/2020 07:42
Grupo criado no WhatsApp reuniu professores de todo Estado. (Foto: Arquivo Pessoal)
Grupo criado no WhatsApp reuniu professores de todo Estado. (Foto: Arquivo Pessoal)

“O mundo parou. Fronteiras fechadas, corpos isolados... E nós da dança? Como dançar sem o corpo a corpo e ensinar sem a sala de aula com nossos alunos?”. As perguntas fazem parte do texto postado para legendar um vídeo com mais de 30 profissionais de dança de Mato Grosso do Sul. Todos eles, proprietários de estúdios ou não, pedem compreensão com seus trabalhos em época de quarentena.

O apelo partiu da professora Fernanda Gutierrez, e também proprietária de um estúdio de dança. Ela e os outros professores do Pantanal em Dança se adaptam como podem para não deixar de oferecer saúde aos seus alunos, em forma de movimentação do corpo, mas temem o cancelamento das mensalidades nas próximas semanas.

Foi então que ela decidiu montar um grupo no WhatsApp com mais de 70 professores da Capital e interior. O vídeo publicado no Facebook é para chamar atenção dos pais e alunos para que as escolas não fechem e os empregos, que vão muito além dos professores, não sumam. “Ficamos com a dúvida: será que os alunos vão compreender? Todo mundo está inseguro, eu acordo e durmo pensando nos meus funcionários. São famílias também! As contas vão chegar e um novo mês está começando”.

O pedido da professora de dança Flávia Siufi vai além da compreensão financeira por parte dos alunos. Com oito funcionários na equipe, que vai de professores à faxineiros, ela pede um olhar mais humano para os artistas e para a importância que a dança tem em períodos incertos como esse. “No momento, o que as pessoas tem feito além de assistir tv e ouvir música? Os médicos dizem “tirem o pijama, se exercitem com o que têm em casa”. É hora de repensarmos o que é importante”.

Flávia também percebeu uma união dos próprios dançarinos com a criação do grupo. “A gente sabe que aqui no Mato Grosso do Sul, principalmente, a dança não é tão valorizada quanto deveria. Mas as pessoas esquecem que por trás de tudo isso existe uma rede de serviços. A categoria de dança não é tão unida assim, mas percebemos que todos estão com esse sentimento de angústia”.

Luan Rattacaso foi o responsável por montar a coreografia, que é dançada por todos ao longo do vídeo. Ele afirma que, assim como nos gêneros da dança, cada um têm seu estilo, a união ficou por conta das postagens nos perfis de cada um. “É um apelo que a gente fez aos pais, para que eles entendem que estamos aqui trabalhando e precisamos nos reinventar. Os professores viraram youtubers, editores de vídeo e pesquisadores para entender de programas e plataformas para continuar as atividades”.

O professor ainda afirma que, por vezes desvalorizados, os artistas foram os únicos capazes de manter a sanidade física e mental em tempos de isolamento. “Hoje o que está salvando as pessoas em casa é relacionado a arte, cultura e dança. Eu nunca trabalhei tanto depois de chegar em casa como atualmente. Apesar de tudo o que estamos passando, a cultura continua de pé. E esperamos que as pessoas entendam isso”.

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