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Artes

Em curta, mulheres falam sobre o lado nada romântico do isolamento

Filme revela o lado mais sensível entre as quatro amigas que vivem os dilemas pessoais e humanos na pandemia de covid-19

Thailla Torres | 09/01/2021 08:13

Nesse momento de pandemia, Letícia Figueiredo, de 22 anos, Eloah Toledo, 19, Carolina Cecato, 25, e Paula Malheiros, 24, presenciaram uma glamourização e uma romantização do “estar em casa”, como um espaço para cuidar de si e se apropriar do lar, que na verdade, segundo elas, pode gerar cura, mas também gerar loucuras e paranoias.

Essa reflexão durante meses acabou gerando um trabalho premiado. Juntas escreveram o curta metragem “T-elas”, um conteúdo intimamente ligado ao contexto da pandemia e enaltece a cobrança social pela saúde mental das mulheres.

“O projeto surgiu da vontade de nos inscrever para o edital da Funarte, a Paula propôs no grupo da nossa turma de teatro, a qual fizemos a peça de formação no início do ano passado, de elaborarmos uma proposta para a premiação. Eu, Carol e Letícia aceitamos e a partir daí fomos pensar em temas que nos instigavam”, explica Eloah, que é campo-grandense.

“Por sermos quatro mulheres e estarmos nesse momento mais introspectivo de olhar para si, escolhemos a temática desse subconsciente social que perdura a tempos da mulher como louca e das neuroses que todo ser humano enfrenta”, acrescenta.

As quatro meninas reunidas no vídeo do projeto (Foto: Reprodução/YouTube)
As quatro meninas reunidas no vídeo do projeto (Foto: Reprodução/YouTube)

A obra traz questões individuais para uma sessão de terapia em grupo e mostra o que há por trás de cada personagem, até mesmo da psicóloga, com seus conflitos não tão anunciados inicialmente.

A proposta segundo as autoras, é uma crítica à um lugar glorificado que muitas vezes são colocados os terapeutas e psicólogos, no sentido de serem bem resolvidos e coerentes em suas vidas pessoais diante do pleno estudo em “ajudar” pacientes.

“E a personagem da Paula traz isso muito claramente. Também pela leitura de nossa colega psicóloga, a Carol, de que a psicologia por um lado pode ser uma ótima ferramenta para auxiliar o sujeito a suportar as angustias do existir, mas por outro também é possível que seja usada como uma ferramenta de normatização ao criar padrões entre os comportamentos dito normais e os patológicos, sendo aquilo que é patológico passível de ser encerrado entre quatro paredes e excluído do convívio social”, ressalta.

Em outro momento, a crítica também é sobre como a sociedade olha para as mulheres, como elas devem prestar conta de sua saúde mental e tem sempre que parecer coerentes, respeitáveis e polidas. “Também falamos de nossas dores ou nossas próprias aflições por meio de metáforas aplicadas as neuroses dessas personagens. Um universo feminino complexo e diverso ao qual pertencemos”, finaliza.

Recentemente o projeto foi contemplado pela Funarte no prêmio RespiArte 2020.

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