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Artes

Garotada mostra o que aprendeu em projeto que levou dança de rua ao interior

Aulas foram encerradas no fim de semana com intercâmbio e mostra na Praça do Rádio

Gustavo Maia | 10/12/2018 08:34
Participantes assistiram espetáculo Plágium, da Companhia Dançurbana.
Participantes assistiram espetáculo Plágium, da Companhia Dançurbana.

Crianças, jovens e até adultos que talvez nunca teriam contato com danças urbanas, tiveram as vidas movimentadas pelo street dance durante seis meses.

Idealizado pelos artistas e produtores Ralfer Campagna, Kelly Queiroz e Marcos Mattos, de Campo Grande, o projeto “Rede Hip Hop: Arte no Entorno” levou aulas do estilo a estudantes de Ribas do Rio Pardo, Nova Alvorada do Sul, Terenos e da comunidade quilombola Furnas do Dionísio, em Jaraguari. Com início em junho, as aulas ocorreram semanalmente até o início deste mês e foram oficialmente encerradas no fim de semana, com um dia inteiro de workshops, espetáculo de dança, intercâmbio e apresentação na Praça do Rádio Clube, onde os participantes mostraram as coreografias criadas durante o projeto.

Kelly Queiroz, que também é arte educadora, explica que a ideia foi uma auto provocação. “A gente foi olhar no mapa e ver em quais cidades ao nosso redor as danças urbanas ainda não estavam sendo fomentadas. Sidrolândia, por exemplo, já tem projetos nesse sentido. Corumbá também. Enquanto isso Terenos, aqui do lado, às vezes é quase esquecida pela gente”.

Grupos de apresentaram na Concha Acústica da Praça do Rádio (Fotos: Gustavo Maia)
Grupos de apresentaram na Concha Acústica da Praça do Rádio (Fotos: Gustavo Maia)

Além das cidades participantes do projeto, grupos de dança da capital dançaram no palco da mostra, como Coletivo Femme, Movimento de Rua, Big Field Crew, Blessed, Rede Solidária, Contempurban e Expressão de Rua.

Para o coreógrafo e diretor Edson Clair, responsável pelo grupo do Espaço Funk-se, é importante que haja esse contato para mostrar aos garotos onde eles podem chegar. “A experiência que essas crianças estão tendo é uma chance de terem referências de grupos que já estão num outro estágio, com trabalhos consolidados. De usarem como meta a atingir. Fora a experiência de palco que eles têm acesso com isso”, destaca.

 Sthefany não gostava do estilo.
Sthefany não gostava do estilo.

Moradora da comunidade quilombola Furnas do Dionísio, em Jaraguari, a estudante Sthefany de Jesus revela que antes de começar a dançar no projeto, a convite de uma professora, não gostava desse estilo de dança. “Nem da dança, nem da música eu gostava. Hoje eu fico no Youtube procurando vídeos de dança de rua.”

Já o estudante de Ribas do Rio Pardo, Gabriel Rosas, conta que sempre quis aprender algum tipo de dança e quando viu um cartaz de divulgação do projeto decidiu entrar em contato e se inscrever, apesar do receio de quem nunca tinha arriscado sequer um passinho de hip hop. “A gente chega sempre com um pé atrás. Será que isso aqui é pra mim?”, brinca.

Sem perder nenhuma aula ele diz que, além melhorar a coordenação motora, perdeu a timidez e fez novos amigos. Procurado logo após a apresentação na praça, ele não conseguiu descrever a sensação de estar pela primeira vez num palco com um grupo de dança. “É muita adrenalina, muita emoção. O coração vai à mil, eu não consigo explicar”.

De Nova Alvorada do Sul, a estudante Bruna Messias, que já faz teatro mas nunca havia dançado, soube do projeto quando viu uma apresentação do grupo Dançurbana na escola em que estuda. Ela lembra que na dança encontrou uma nova forma de se expressar com o corpo, e que no começo não foi tão fácil se adaptar. “No teatro se a gente errar, esquecer o texto, dá pra improvisar. Na dança achei um pouco mais complicado, é tudo coreografado, sincronizado”.

Gabriel deixou o receio e foi dançar.
Gabriel deixou o receio e foi dançar.
Bruna fez sua estréia com profissionais.
Bruna fez sua estréia com profissionais.
Dona Carmen, com 60 anos, acompanha a neta.
Dona Carmen, com 60 anos, acompanha a neta.

A conselheira tutelar Carmem Léia, avó de Natália, de 12 anos, conta que a neta não faltou a nenhuma das aulas em Terenos, onde vivem. “Ela quase abandonou o judô de tanto que gostou dessa aula de dança. Não perdia uma. Largou até o celular de lado!” conta entusiasmada a avó. Ela também conta que notou a mudança de comportamento da neta, que hoje já não é mais tão tímida e se tornou mais responsável. “Antes ela era quietinha, no cantinho dela, não se enturmava com as outras crianças. Hoje já é mais desinibida, conversa com todo mundo”, relata.

Após seis meses de oficinas com professores da capital, um dia inteiro de workshops com dançarinos profissionais, intercâmbio com participantes das outras cidades e com outros grupos de dança de Campo Grande, e um show no centro da cidade com uma plateia calorosa, os novos dançarinos voltaram para suas cidades com um desejo unânime: “em 2019 a gente quer de novo!”

Experiência de participantes foi completa: com produção, iluminação, som, camarim, platéia e tudo mais.
Experiência de participantes foi completa: com produção, iluminação, som, camarim, platéia e tudo mais.
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