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Artes

Projeto valoriza o olhar fotográfico de pessoas com deficiência

O Projeto Click Click atendeu 20 pessoas com deficiências por meio de oficinas de fotografia oferecidas na sede da Pestalozzi

Thailla Torres | 15/07/2020 06:41
Pessoas com deficiência participaram de projeto fotográfico em Bonito. (Foto: Evandro Sudre)
Pessoas com deficiência participaram de projeto fotográfico em Bonito. (Foto: Evandro Sudre)

O resultado fotográfico dos bastidores surpreende, pois os alunos, todos com deficiências diversas, aprenderam a lidar com a câmera, a desenvolver as competências básicas necessárias e a perceber o espaço à sua maneira, sem nunca perder o sorriso. Assim foi o projeto Click Click realizado na Associação Pestalozzi de Bonito – a 296 quilômetros de Campo Grande, e que em breve contará com exposição para emocionar, afirmam os organizadores.

Atualmente a associação atende 96 pessoas com deficiências diversas e cuidadores, e 280 indiretamente. O cotidiano das pessoas com deficiência e familiares é extremamente complexo e exige trabalho constante e específico. Nesta perspectiva, a instituição há 6 anos vem desenvolvendo projetos que possam valorizar e incluir todos os atendimentos.

Projeto nasceu com intuito de valorizar o olhar dessas pessoas. (Foto: Evandro Sudre)
Projeto nasceu com intuito de valorizar o olhar dessas pessoas. (Foto: Evandro Sudre)

O Projeto Click Click atendeu 20 pessoas com deficiências por meio de oficinas de fotografia oferecidas na sede da Pestalozzi. O facilitador convidado foi o fotógrafo paulista Evandro Sudre, que já coordenou projetos como este no Mato Grosso do Sul e em outras cidades do Brasil. Evandro é especialista em antropologia visual, já fotografou em 27 países e conquistou mais de 30 prêmios e nomeações nos Estados Unidos, Canadá e países da Europa e Oriente Médio. Foi vencedor do prêmio “Shooter Solidarity” da Shooter Magazine, uma das mais importantes revistas de fotografia do mundo.

Ele explica que os impactos do projeto estão em oportunizar às pessoas com deficiência em fazerem coisas que em um primeiro momento elas têm restrições, sejam físicas ou cognitivas, tendo assim oportunidades que transformem o mundo ao seu redor de forma positiva, alterando um contexto que está inserido, elevando a autoestima e promovendo o protagonismo das pessoas com deficiência.

Evandro é fotógrafo e ministrou oficina para 20 pessoas. (Foto: Assis Goulart)
Evandro é fotógrafo e ministrou oficina para 20 pessoas. (Foto: Assis Goulart)
Alunos demonstraram uma sensibilidade muitas vezes invisibilizada pelo mundo. (Foto: Assis Goulart)
Alunos demonstraram uma sensibilidade muitas vezes invisibilizada pelo mundo. (Foto: Assis Goulart)

“Humanos especiais têm um olhar especial! O conceito do belo e da estética na maioria dos casos não é corrompido nem sofre tanta influência midiática, é uma fotografia livre o hedonismo, que mostra insistentemente o que é importante na vida deles com uma pureza emocionante”, afirma.

Na última etapa do projeto, Evandro conta que uma das alunas apontava a lente sempre para o céu buscando um enquadramento sem a interferência de qualquer elemento, nem mesmo nuvens – nada mais que um quadro azulado – ao perguntar se aquele era o resultado que ela queria, ouviu uma resposta direta  “Sim, o céu!”, e eu insistia:

 -Mas por quê o céu?

-Porque ele é bonito; respondeu.

-E por quê ele é bonito?

-Porque ele é azul.

 “À essa altura eu estava obviamente chorando por trás dos óculos e da máscara de proteção”, descreve Evandro.

Para o especialista, se uma pessoa com deficiência possuir habilidades físicas e cognitivas para manusear uma câmera compacta e conseguir estabelecer uma conexão com o mundo exterior através da fotografia terá dado um passo enorme para minimizar parte dos problemas de sua condição.

Devido período de pandemia parte da dinâmica do projeto foi adaptada e a esperada exposição com as fotografias dos alunos será apresentada em futuros eventos da instituição e também no site da Pestalozzi Bonito (clique aqui).

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