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Artes

A coragem de quem abre uma pequena livraria na era da internet

Elverson Cardozo | 23/04/2012 08:30
"Casa livraria" existe desde 2010. (Foto: Elverson Cardozo)
"Casa livraria" existe desde 2010. (Foto: Elverson Cardozo)

Se fossem levar em conta os índices de leitura no Brasil, as sócias da Leparole, uma livraria no Jardim dos Estados, em Campo Grande, não arriscariam começar o negócio.

Mais do que qualquer sonho, foi preciso coragem para enfrentar os números desanimadores. “Tem que ter amor, não é para ganhar dinheiro”, conta a gerente da empresa, Adriana Reis, de 28 anos.

Localizada na rua Euclides da Cunha, a Leparole chama atenção, primeiro, pela decoração. Para começar, o nome fica no chão. Quem recebe destaque são as réplicas de livros gigantes posicionadas na entrada.

São clássicos da literatura brasileira como Dom Casmurro, de Machado de Assis; da literatura regional, como Memórias Inventadas, de Manoel de Barros; e Best Sellers como “O código da Vince” e “Harry Potter”.

No balcão de atendimento, fitas coloridas que lembram as do senhor do Bonfim. Todas carregam o nome “Leparole”. Além do ambiente, o diferencial, segundo Adriana, está no atendimento.

Sócias investiram em aconchego para clientes. (Foto: Pedro Peralta)
Sócias investiram em aconchego para clientes. (Foto: Pedro Peralta)
Leparole possui atualmente cerca de 15  mil títulos. (Foto: Pedro Peralta)
Leparole possui atualmente cerca de 15 mil títulos. (Foto: Pedro Peralta)

“Se o cliente liga pedindo um livro e não tem a gente faz de tudo para conseguir”, explica.

É uma “casa livraria”, com cinco ambientes e espaço para leitura, encontros especiais, cursos, aulas, lançamentos de livros, feiras literárias, contação de histórias e até comemoração de aniversário. Tudo em um mesmo local.

Para conquistar o carinho da freguesia, a direção investiu na decoração, aconchego, atendimento diferenciado e um bistrô-café, que funciona como lanchonete e restaurante.

O espaço funciona em uma residência. “Elas transformaram uma casa em uma livraria e em um ponto comercial”, afirma Adriana. O projeto, explica, é ambientalmente sustentável.

Alguns dos móveis são peças que iriam para o lixo. Um carretel de madeira utilizado para enrolar fios foi transformado em uma mesa de centro. Caixotes velhos viraram expositores de livros, assim como madeiras velhas transformaram-se em prateleiras.

Segundo a gerente, o público alvo da livraria - que existe desde 2010 e hoje conta com aproximadamente 15 mil títulos entre obras regionais, nacionais e internacionais - é “variável”.

A carteira de clientes fica próxima de 1 mil. Em apenas dois anos, o sucesso já bate às portas. Tanto que as amigas fundadoras, segundo Adriana, não pretendem investir em publicidade.

Desde a inauguração até agora, o trabalho de divulgação é feito no “boca a boca” e nas mídias sociais como Twitter e Facebook. “É um crescimento sólido”, garante a gerente.

Espaço para crianças. (Foto: Pedro Peralta)
Espaço para crianças. (Foto: Pedro Peralta)
Sala para encontros de leitura. (Foto: Pedro Peralta)
Sala para encontros de leitura. (Foto: Pedro Peralta)

Índice de leitores – Uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro revelou que o brasileiro costuma ler, em média, 4 livros por ano. O índice é inferior ao da primeira pesquisa realizado em 2007. Na ocasião, a média era de 4,7.

A preferência de leitura, no entanto, é por revistas; 48% preferem jornais e 47%, livros. Entre os gêneros que o brasileiro mais costuma ler, a bíblia aparece em primeiro lugar, seguido de livros didáticos, romance, livros religiosos e contos.

No Brasil, segundo o estudo – realizado em 2011, mas divulgado em março de 2012 – o número de leitores fica próximo dos 72 milhões. De acordo com o instituto, considera-se leitor quem leu pelo menos 1 livro nos últimos 3 meses.

Queda - Se comparado a 2007, houve queda no índice de leitura na literatura infantil e juvenil, poesia e obras voltadas aos temas de história, economia, política e ciências sociais.

Completam a lista histórias em quadrinhos, biografias, enciclopédias e dicionários, obras de artes, esoterismo, culinária, artesanato e assuntos práticos.

Falta de interesse - A pesquisa também revelou que a principal razão para os brasileiros estarem lendo menos é o desinteresse (78%); 15% afirmam que é por conta das dificuldades como limitação física (visão), leitura devagar, falta de concentração e ou de compreensão.

Apenas 4% responderam que a razão principal é por falta de acesso.

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