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Artes

Gideão Dias, o sambista que apostou em Campo Grande para lançar o 1º CD

Elverson Cardozo | 10/09/2012 12:47
Gideão Dias começou a "batucar" quando ainda era criança, na zona sul de São Paulo. Mas a música sempre foi presente na vida do compositor. O sambista nasceu em um família de crentes da Igreja Assembléia de Deus. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Gideão Dias começou a "batucar" quando ainda era criança, na zona sul de São Paulo. Mas a música sempre foi presente na vida do compositor. O sambista nasceu em um família de crentes da Igreja Assembléia de Deus. (Foto: Rodrigo Pazinato)

O samba se instalou na vida dele de forma tão natural que o batuque, na infância, virou brincadeira entre os amigos do bairro da Pedreira, zona sul de São Paulo, cidade onde nasceu. A molecada, como não se contentava em ouvir o som que exalava boemia, logo tratou de imitar "os grandes". Gideão Correa Dias, hoje com 30 anos, era um desses meninos.

Aprendeu logo cedo, com os adultos, nos botecos e becos da vila, que qualquer motivo é motivo para virar samba, basta ter criatividade. Na capital paulista, o contato com o estilo musical durou até os 10 anos, época em que se mudou com a família para Campo Grande, em decorrência da morte do pai que foi assassinado no bairro onde morava.

Mas as dificuldades ficaram no passado e a dor foi convertida em alegria para continuar tocando a vida, literalmente. A paixão pelo samba só aumentou com o passar do tempo.

Aos 15 anos, Gideão já cantava na noite campo-grandense. Na Capital Morena, integrou grupos de samba que formou com os amigos da época em que se "engraçou com futebol", mas há 7 anos resolveu deixar a rapaziada para seguir carreira solo.

Música autoral - Hoje, o sambista escreve as próprias canções. Além de músico, é compositor e intérprete. Transcrever o pensamento sempre foi um desejo, mas o enredo, o texto, demorou para "sair da cabeça". "Essa etapa foi uma realização na minha vida", disse, ao contar que já compôs cerca de 100 canções.

A primeira delas foi uma homenagem ao nascimento do primeiro filho, Yuri , que está com 6 anos. A última chama-se "Nosso Norte" e foi escrita há menos de 1 mês. "Fala da fé, da persistência, que dias melhores virão", destacou.

Gideão Dias e o bico de pato, instrumento de origem indígena. "Eu sou batuqueiro", diz o músico.
Gideão Dias e o bico de pato, instrumento de origem indígena. "Eu sou batuqueiro", diz o músico.

A inspiração do músico vem do cotidiano, do social, do político. Tudo é retratado com um toque de humor, garante o sambista.

"A gente costuma dizer no samba que é o Partido Alto. Tem o Partido Alto Alegre, o Partido Alto Crítico, mas com o enredo 'povo', cacoetes, gírias do dia-a-dia", explicou.

"Meu negócio vem muito da comunidade, do povo, da labuta, do brasileiro trabalhador, da fé de amanhã você conseguir conquistar seu apogeu, sua conquista", acrescentou. A apologia, revela, é escancarada a Deus. Gideão Dias é de uma família de crentes da Igreja Assembleia de Deus.

Como a maioria dos cantores, ele também tem seus ídolos. As influências musicais do sambista passam por nomes como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Almir Guineto e Dona Ivone.

Há 17 anos em Mato Grosso do Sul, Gideão diz acreditar em uma mudança de comportamento na Capital conhecida pelos seus ícones sertanejos. É por isso que resolveu investir por essas bandas. De uma década para cá, afirmou, o samba passou a conquistar seu espaço.

"Não está bom, mas Campo Grande é uma cidade nova, uma jovem diante das grandes Capitais. Vai melhorar", disse. "Aceitei, adotei e quero trabalhar e sustentar o meu pão através do samba e da música", completou.

Primeiro CD - Produzido com recursos do FIC (Fundo de Investimento Cultural), do governo de Mato Grosso do Sul, Gideão Dias vai lançar seu primeiro CD solo - intitulado "Safra Boa" - no próximo mês.

A inspiração vem do cotidiano, do social, do político. Tudo é retratado com um toque de humor.
A inspiração vem do cotidiano, do social, do político. Tudo é retratado com um toque de humor.

O show será realizado na noite do dia 17 de novembro, no Armazém Cultural de Campo Grande, onde o músico concedeu entrevista ao Lado B. O horário ainda não foi definido.

"Safra Boa", música que está no CD, fala da "nova rapaziada do samba" que vem surgindo por aí. No total, são 10 faixas autorais e 1 clipe independente que também será exibido no dia.

Entre as participações na gravação das canções estão os sambistas Fred Camacho e Luiz Ayrão.

Aos leitores do Lado B, Gideão deu uma palinha da música Safra Boa. Mas se você quer ver o músico tocar e cantar antes do show de lançamento é só ir ao Tábua Choperia, localizado na rua Antonio Maria Coelho, 2699, em Campo Grande. Ele se apresenta no local todos os sábados.

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