A menos de 1 ano das eleições, será esse o último Natal de paz?
País se dividiu entre defensores da esquerda e da direita, e isso tem afetado as relações pessoais
Menos de um ano antes das eleições de 2026, a política volta a rondar as mesas de Natal e levantar uma dúvida que tem rondado famílias brasileiras nos últimos anos. Este será o último Natal em paz ou o início de uma nova “guerra” de opiniões?
RESUMO
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Nos últimos anos, o Brasil vive um cenário de forte polarização. O país se dividiu entre defensores da esquerda e da direita, e essa divisão ultrapassou o debate político, atingindo relações pessoais.
Amizades foram desfeitas, parentes se afastaram e, em muitos lares, o assunto político virou tabu para evitar brigas. Com a proximidade de um novo ano eleitoral, o clima de tensão começa a reaparecer, inclusive nas confraternizações de fim de ano.
Para o pintor aeronáutico Gabriel Pereira, de 24 anos, a solução encontrada pela família foi não falar sobre política. “A gente evita conversar justamente para não ter esse tipo de discussão”, conta. Mesmo assim, as diferenças existem. “Minha mãe é do pensamento de esquerda, eu já sou do pensamento de direita. Meu padrasto é mais centro”, explica.
Segundo ele, o último Natal foi tranquilo justamente porque o assunto foi deixado de lado. “O Natal em si foi tranquilo, foi em paz. Mas perto da data a gente sempre começa a discordar das ideias um dos outros”, destaca.
Gabriel avalia que tentar convencer alguém é perda de tempo. “Pensamento político é difícil de mudar. Então, para mim, não vale a pena trazer essa discussão para a mesa de Natal”, afirma. Como a comemoração reúne apenas os familiares mais próximos, mãe, padrasto e irmãos, o clima fica mais fácil de controlar.
Já para a auxiliar administrativa-financeira Cristimara Benites, de 43 anos, política é um tema carregado de experiências pessoais. Filha de pedreiro e de empregada doméstica, ela associa sua trajetória profissional às políticas públicas de acesso ao ensino superior. “Eu tenho meu diploma por conta do ProUni, da primeira gestão do Lula. Jamais teria essa oportunidade sem esse programa”, relata.

Cristimara diz que sua família é humilde e que o posicionamento político vem dessa vivência. “A gente é a favor do trabalhador, de quem estuda, de quem corre atrás”, afirma. Ela ressalta que não se considera petista nem bolsonarista, embora não esconda críticas ao ex-presidente. “Coisas como o apoio à vacina na pandemia pesam muito para mim”, avalia.
No núcleo familiar mais próximo, as festas costumam ser tranquilas, até porque atualmente vivem apenas ela e o pai na mesma casa. Mas Cristimara acredita que, se fosse uma família grande reunida, o cenário poderia ser diferente.
Fora de casa, no entanto, o impacto é mais visível. “Com amigos eu mesma bloqueio vários para evitar briga”, conta. Ela conta, inclusive, que chegou a ser ignorada por uma amiga em um shopping. “Tenho certeza que foi por conta de política”, comenta.
A auxiliar pedagógica Ana Paula Barbosa, de 45 anos, vive uma realidade bem dividida dentro da própria família. “É bem dividido mesmo. Lado esquerdo e lado direito, literalmente”, diz. Apesar disso, ela garante que o respeito ainda prevalece. “Cada um respeita o ponto de vista do outro, mas sempre tem aqueles momentos mais tensos, umas farpas”, admite.

Ana Paula lembra que, nas últimas eleições, a situação ficou mais delicada. “Teve discussão entre meu esposo e o pai dele. Ficaram uns 40 dias sem se falar”, relembra. O episódio não aconteceu exatamente no Natal, mas foi no período de fim de ano, quando a família estava mais próxima. “Para evitar, eles deram uma distanciada, mas hoje já está tudo bem”, conta.
Mesmo com o histórico de tensão, ela tenta levar o tema com leveza. “Eu até brinquei de dar uma Havaianas no amigo da onça, mas um pé só, o esquerdo ou o direito”, brinca. Para Ana Paula, o maior problema está no extremismo. “Quando as coisas são levadas ao extremo, na ignorância, não resolve nada”, analisa.
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