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Comportamento

Antes da Lei Áurea, Corumbá já tinha sociedade para abolir escravidão

Proposta na então Vila de Santa Cruz de Corumbá era libertar os escravos independente da ação do governo

Por Aletheya Alves | 28/03/2024 06:12
Registro histórico do Forte Coimbra na época em que discussões sobre abolição ocorriam. (Foto: Arquivo/The American Museum Journal):
Registro histórico do Forte Coimbra na época em que discussões sobre abolição ocorriam. (Foto: Arquivo/The American Museum Journal):

Durante sua formação, Corumbá integra o cenário brasileiro com a exploração de escravos como ferramenta de colonização. Em celebração ao aniversário Comarca de Corumbá, o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) incluiu no livro “Corumbá 150 Anos - Rastros da História” particularidades da cidade e, entre os destaques, está a Sociedade Abolicionista Corumbaense.

De acordo com a publicação, o movimento começou em 1884, quatro anos antes da publicação da Lei Áurea. Nesse ano, a sociedade tomou como base a Junta de Emancipação com o Fundo de Emancipação (uma contribuição que o governo imperial atribuiu aos municípios e províncias para indenizar os ‘senhores’ devido à libertação dos escravos).

Para conseguir seguir o processo, era necessário angariar fundos e, por isso, a sociedade desenvolveu a organização de conferências, quermesses, feiras, bazares, recitais e atividades típicas. Tudo isso também ocorria em outros locais do território nacional com o mesmo intuito.

“O movimento ganhou a adesão de senhoras uruguaias que enviaram ‘prendas’ para a campanha abolicionista”, descreve a publicação do TJMS.

Sobre a instalação real do grupo abolicionista, a historiadora Eunice Ajala Rocha relata que o evento foi realizado “num clima de entusiasmo e euforia, entre vivas e aplausos. Nela se manifestou a ação espontânea de dois dos seus organizadores, que libertaram seus únicos escravos em homenagem à sua fundação”.

Ainda conforme a historiadora, quem presidiu a cerimônia foi o juiz de direito da comarca, José Joaquim Ramos, convidado pela comissão organizadora.

No evento, o primeiro presidente eleito foi o coronel Arthur José da Costa. Além da sociedade, outras pessoas também se uniram e ofereceram seus serviços pela causa, além de integrantes do Exército e da Marinha.

Conforme os eventos se realizavam, o apoio às ideias abolicionistas seguiam aumentando e, conseguindo cartas de liberdade, outros escravos passavam a pedir valores para também conseguirem seus direitos.

Em seu estatuto, o principal objetivo era “a libertação do maior número possível de cativos dna vila” e eram processadas após o Poder Judiciário avaliá-las e os pagamentos serem feitos.

Durante seu primeiro ano, a sociedade realizou diversos eventos, mas o ritmo diminuiu até que não houve registro de atividades por quase quatro anos, conforme descreve o livro do Tribunal de Justiça.

Foi em 1888 que o único integrante que havia restado da formação original se reuniu com outros dois membros da sociedade para discutir sobre a Lei Áurea.

Ao entender que o grupo já havia cumprido sua missão, o grupo entregou o estatuto e fez uma prestação de contas à sociedade. Segundo os documentos históricos, seis escravos foram alforriados a partir dos eventos e doações recebidas pela Sociedade Abolicionista.

“O encerramento das atividades culminaram com os festejos da Abolição. Por ocasião do encerramento, a Sociedade possuía em seus cofres a importância de duzentos e trinta e oito mil e oitocentos e quarenta réis. Parte dessa importância foi utilizada com a aquisição de materiais destinados aos festejos”, relata a publicação.

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