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Comportamento

Aos 10 anos, Aline é pregadora mirim com 44 mil seguidores no Instagram

Aluna do 4º ano do ensino fundamental, menina diz que se divide entre os estudos da escola e da Bíblia

Por Clayton Neves | 20/06/2025 08:26

Em meio a onda de pastores mirins que ganha destaque em todo o País, Mato Grosso do Sul também aparece na cena de crianças evangélicas que sobem nos púlpitos para pregações. No Bairro Tarumã Aline Silva é um desses exemplos. Com 10 anos, a menina fala sobre o futuro, que ser uma cantora e pregadora evangélica reconhecida e ouvida em todo o Brasil.

No Instagram, a menina se descreve como "cristã e levita" e ela já soma mais de 44 mil seguidores que acompanham seus vídeos cantando hinos de louvor e pregando mensagens de fé.

Natural de Bela Vista, mas morando há dez anos em Campo Grande, Aline é a caçula de três irmãos e cresceu em um lar onde a fé é rotina. “Eu nasci praticamente dentro da igreja”, conta. Na família, todos frequentam a Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Mato Grosso do Sul.

A mãe, Amélia Oliveira, de 39 anos, é quem acompanha de perto os passos da filha, e também a orienta sobre os desafios da exposição na internet. “Ela é uma criança, então precisa ter rotina de criança. Tem que brincar, estudar. E a gente também cuida para não entrar em polêmica. Nossa prioridade é ensinar a palavra”, explica.

A decisão de proteger Aline ganhou ainda mais força após as recentes polêmicas envolvendo pastores mirins, como o caso do adolescente Miguel Oliveira, de 15 anos, que gerou controvérsia nas redes.

Aos 10 anos, Aline é pregadora mirim com 44 mil seguidores no Instagram

No caso do menino, conhecido pelo meme ‘of the king, the power’, o Conselho Tutelar determinou que o garoto se afastasse das redes sociais e interrompesse a agenda de pregações País afora, para que voltasse a estudar presencialmente em uma escola regular. A preocupação apontada foi de que o menino estava assumindo papel de adulto e deixando de viver a infância e adolescência como se deve ser.

“Quando tudo aquilo aconteceu, eu falei pra ela que nós iríamos continuar na obra de Deus, mas com cuidado, focadas na palavra. Não queremos pagar a conta por fazer do jeito errado”, diz Amélia. “Se for para estar nesse meio, que seja com verdade e responsabilidade”, acrescenta.

A trajetória de Aline com a música e a pregação começou em meio à dor. A mãe enfrentava um câncer agressivo quando a menina passou a cantar com ela no hospital como forma de aliviar o sofrimento.

“Ela chorava nas madrugadas e eu chorava junto, mesmo sem entender. Eu lembro de uma música que a gente ouvia muito nessa época, ‘Existe Vida Aí’. Foi uma das primeiras que eu cantei com ela. A gente gravou um vídeo cantando em um momento que ela sentia muita dor e, depois disso, eu disse que queria cantar na igreja também”, relembra Aline, que nas falas e trejeitos, demonstra maturidade elevada para uma criança de 10 anos.

No entanto, o que começou como um consolo em família, logo virou ministério. Aos 3 anos, Aline já cantava na igreja. Pouco depois, pregava com desenvoltura, mesmo sem entender exatamente as palavras que dizia. “Teve uma vez que eu comecei a falar sobre a volta de Jesus, sobre o coração novo que Ele coloca quando a gente vai para o céu. Eu nem sabia de onde vinha aquilo, mas sentia no coração”, conta.

Hoje, Aline estuda, canta, prega, participa de eventos e até de concursos. Em abril deste ano, foi premiada no "Troféu Promessa Jovem", em São Paulo, e também ficou em primeiro lugar em um concurso de talentos realizado na Feira Central de Campo Grande.

Apesar do destaque no meio evangélico, Amélia diz que se esforça para manter os pés da filha no chão. “Ela ainda é uma criança. Brinca, estuda, se diverte. Tem uma rotina normal, como qualquer criança da idade dela. Só que, no caso dela, existe também um chamado, que a gente respeita e orienta. Porque não é sobre fama. É sobre missão”, pontua a mãe.

Com todo reconhecimento e alcance nas redes, a menina diz que seu propósito vai além de palco, troféus ou seguidores. “Eu não quero ser famosa por dinheiro. Eu quero levar a palavra do Senhor para onde Ele me mandar”, afirma.

Fora da igreja, Aline é aluna do 4º ano do ensino fundamental. Os colegas de escola sabem do sucesso da menina e, segundo ela, muitos admiram sua fé. Nas redes sociais e nas igrejas por onde passa, ela prega sobre o que aprende estudando a Bíblia com a mãe. “Eu amo falar sobre o amor de Deus, mas também sobre a justiça d’Ele. Deus é tudo pra mim. Se eu não tivesse Ele, eu nem sei onde estaria hoje”, afirma.

Aos 10 anos, Aline é pregadora mirim com 44 mil seguidores no Instagram
Amélia, mãe de Aline, diz que estuda a Bíblia com a filha na horas vagas. (Foto: Osmar Veiga)

E para conciliar a vida de criança e pregadora, a rotina é puxada. Além das aulas escolares, ela faz aula de canto, estuda a Bíblia com a mãe e se prepara para as viagens. Em julho, a família passará duas semanas em São Paulo a convite de igrejas locais. “Eu sempre digo pra ela que se é pra fazer, que seja bem feito. Não vamos sair de casa pra falar qualquer coisa. É preciso estudar, se preparar, viver o que se prega”, diz Amélia.

Apesar da responsabilidade, a mãe reforça que Aline continua sendo uma menina como qualquer outra. “A gente tenta manter esse equilíbrio. Eu me sinto mais tranquila vendo ela envolvida com as coisas de Deus, mas sem tirar a infância dela”, garante a mãe.

Sobre o futuro, Aline é direta. Quer seguir o caminho que, mesmo tão nova, acredita ter sido preparado para ela como uma missão de vida. “Eu quero ser uma grande cantora e pregadora, não para ser famosa, mas para inspirar as pessoas. Eu quero levar o amor de Deus para quem precisa ouvir. Esse é o meu chamado”, relata.

Entre os ídolos que a inspiram estão Ana Clara e Sulamita, cantoras gospel que ela conheceu pela internet, e o pastor Jessé, de Campo Grande. “Eu vejo a unção de Deus sobre a vida deles. É isso que me inspira”, finaliza.

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