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Comportamento

Aos 50 anos, Fátima já atravessou o mundo pelo sonho de ver a filha formada

Thailla Torres | 03/03/2017 08:29
Fátima merece o título de super mãe. Guerreira, ela foi do outro do lado do mundo em busca dos sonhos da filha. (Foto: Alcides Neto)
Fátima merece o título de super mãe. Guerreira, ela foi do outro do lado do mundo em busca dos sonhos da filha. (Foto: Alcides Neto)

Não há nada no mundo que tire o sorriso de Fátima enquanto estiver trabalhando, diz ela. O dia começa bem cedo, ao lado do marido Ronaldo, com quem é casada há 32 anos. Juntos, todos os dias abrem a porta do restaurante na Rua Antônio Maria Coelho, o ganha pão da família. O lugar é consequência do esforço e trabalho durante a caminhada de três décadas de casamento. A recompensa? O choro de alegria ao ver uma das filhas formadas. 

Fátima Yamaura Mendonça tem 50 anos e Ronaldo Cordaba Mendonça, 57. No balcão do restaurante, compartilham do mesmo bom dia ao cliente. Enquanto ele fiscaliza o marmitex quentinho, ela recebe os pedidos com toda alegria e oferece um bolo caseiro fresquinho.

Fátima tem um sorriso contagiante. (Foto: Alcides Neto)
Fátima tem um sorriso contagiante. (Foto: Alcides Neto)

Para conquistar o empreendimento, Fátima e Ronaldo foram juntos para Japão em busca de trabalho. Lá, juntaram dinheiro para retornarem a Campo Grande. Anos depois, tiveram de encarar novamente a viagem, desta vez pelo sonho de ver a filha formada em Odontologia.

Com sorriso contagiante, Fátima fala com orgulho da filha já formada. "Eu acho que é o maior sonho de mãe ver os filhos crescerem e se formarem, é o início de um sucesso na vida deles", diz.

Para que a faculdade nunca fosse interrompida por questões financeiras, juntos os pais decidiram partir. "A primeira vez que fomos ela ainda era uma criança, juntamos dinheiro e compramos o restaurante. Na segunda vez, foram cinco anos mandando dinheiro todo mês para os estudos", conta. 

Fátima relata que no Japão trabalhava cerca de 16 horas por dia em uma fábrica de doces. Apesar do ritmo intenso, era um esforço recompensado pela felicidade que enxergava no futuro. "Lá o trabalho era muito bom e os patrões também. Aqui a gente nunca teria condições de pagar uma faculdade, nem se trabalhasse o dia todo. Então era a oportunidade que a gente tinha", descreve.

Fátima e Ronaldo ao lado das duas filhas. (Foto: Alcides Neto)
Fátima e Ronaldo ao lado das duas filhas. (Foto: Alcides Neto)

Quando a filha estava perto de se formar, ela e Ronaldo decidiram que era momento de voltar ao Brasil. Em Campo Grande, recomeçaram com o restaurante. "Deixamos ele fechado enquanto estávamos no Japão. Mas aqui é o nosso trabalho", diz.

Depois da formatura, uma nova surpresa, veio para alegrar a vida de Fátima. Ela engravidou da segunda filha, aos 46 anos. "Foi assim, uma surpresa enorme. Nem eu esperava", lembra. 

E a gestação foi a menor das preocupações para Fátima. Quando a filha nasceu, no coração surgiu um novo sonho. "Tive uma gravidez tranquila, eu sabia que tinha saúde, então a parte física nunca me assustou. A gente só se preocupa porque nos dias de hoje, por conta da idade, eu penso é em como vou dar o sustento. Mas eu agradeço a saúde que eu tenho, porque agora o que eu quero é formar essa filha também", declara.

Hoje é no trabalho que ela se realiza. "Adoro cozinhar e amamos o nosso trabalho, acho que por isso a gente se deu bem nisso", acredita. 

Ela e Ronaldo se conheceram na infância, quando os dois moravam no mesmo bairro, perto do Centro. "Era na antiga região Chacrinha, onde ficava maior parte da colônia Japonesa. Quando crescemos, acabamos casando", recorda. 

O gosto pela culinária veio de família e Ronaldo teve o privilégio do mesmo dom. "Ele começou com o restaurante no Hotel Gaspar, hoje, muitos hóspedes almoçam com a gente", conta.

Sobre continuar trabalhando e ter sucesso no empreendimento da família, Fátima revela o segredo. "Quando eu fecho as portas é com alegria, de ter conseguido mais um dia. Na vida a gente tem que lutar e o sentido é só trabalhar com amor", ensina.

Restaurante - Além da comidinha caseira, preparada todos os dias. Fátima se dedica a preparação de bolos caseiros. "Todo mundo gosta, tenho cliente que compra o bolo toda semana", diz.

A comida é servida na hora do almoço das 11h às 14h, do tipo self-service por R$ 15,00. Já o marmitex custa R$ 10,00.

Quem quiser conhecer, o restaurante fica na Rua Antônio Maria Coelho, 1079, Centro. Abre de segunda à sexta-feira. O lugar não tem nome, mas é conhecido como "Bolo da Teka".

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