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Comportamento

Aos 77 anos, Judith encontrou nos quebra-cabeças leveza para a rotina

Aposentada e inquieta, jogos ajudam a ocupar o tempo e estimular a mente de quem já trabalhou muito

Por Natália Olliver | 13/09/2025 07:23
Aos 77 anos, Judith encontrou nos quebra-cabeças leveza para a rotina
Judith encontrou nos quebra-cabeças o segredo para levar a rotina com leveza (Foto: Marcos Maluf)

Na mesa de Judith Ferreira Araújo, de 77 anos, o tempo se espalha em pequenas peças coloridas. Apaixonada por quebra-cabeça e encarando um dos maiores desafios até aqui, ela se orgulha em dizer que está montando a cena da Santa Ceia, que tem 2 mil partes. De bom humor, ela explica que o gosto pelo jogo apareceu após a aposentadoria e que hoje é um passatempo que enche a alma.

RESUMO

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Aposentada de 77 anos, Judith Ferreira Araújo, encontrou nos quebra-cabeças uma maneira de manter a mente ativa e driblar o ócio. Começando com jogos de 500 peças, ela agora se desafia com um de 2 mil, representando a Santa Ceia. A organização das peças, começando pela moldura, é essencial em seu método. O hobby se tornou uma atividade familiar, com a participação do marido e da neta.Judith, que trabalhou por 15 anos como prestadora de serviços gerais e antes na roça, mantém uma vida agitada. Apesar de problemas de saúde, como dores no quadril que a impediram de continuar suas caminhadas matinais, ela se mantém otimista e gosta de viajar, tendo inclusive visitado os Estados Unidos. Além dos quebra-cabeças, outra paixão é o futebol. Corinthiana, acompanha os jogos e compartilha os placares com os netos.

Ativa e disposta a se manter sempre aprendendo algo, ela apostou nos jogos e no futebol na televisão para vencer o ócio que a aposentadoria traz muitas vezes. Tudo começou com quebra-cabeças de 500 peças, depois foi a vez dos de mil. Agora, ela está focada em conseguir montar a cena que tanto gosta, de Jesus repartindo o pão com os discípulos.

A mesa que separa as peças fica no quintal, em um lugar estratégico que não bate vento nem chove. Segundo Judith, o esquema de organização do trabalho começa na hora de separar as peças. Embora muitas pessoas façam isso por cor, ela prefere separar apenas a moldura dos quebra-cabeças.

“Pra mim acho que não funciona. Eu separo todas as peças que vão na borda, que fazem a moldura, e só começo a montar depois disso. Se não fizer o quadro é difícil, vou de fora para dentro. Não tem tempo certo. O de 500 peças foi mais de 1 mês, o de mil demora mais um pouco. Eles costumam ser mais coloridos, mais detalhes, por isso. Agora não tenho ideia de quanto vai demorar.”

Aos 77 anos, Judith encontrou nos quebra-cabeças leveza para a rotina
Aos 77 anos, Judith encontrou nos quebra-cabeças leveza para a rotina
Quebra-cabeça em 3D foi o mais difícil de montar para aposentada (Foto: Marcos Maluf)

Durante o processo, o marido, Paulo Araújo, também ajuda e até a neta, quando aparece na casa da avó. O novo hobby foi contagiando a família, que começou a comprar o jogo e montar os da avó juntos. Até a irmã, que jurava nunca montar, acabou viciada.

“Sempre gostei de jogos, não gosto de perder. Depois que aposentei comecei o quebra-cabeça e o caça-palavras. Isso mantém a cabeça, acaba o estresse. Virou uma atividade que reúne a família. Quando perco o sono venho e monto um pouquinho, aí quando ele chega vou deitar.”

Os temas preferidos são os de natureza, árvores e ramos. “O da Santa Ceia é porque acho lindo. Acho que esse é meu maior desafio. Tem uns maiores de 5 mil, mas não me atrevo. Se manter os 2 posso até pensar, mas creio que vou parar disso.  O mais difícil que eu fiz foi um que era 3D, não lembro de quantas peças ele tem.”

Judith nunca completou o ensino fundamental, trabalhou durante 15 anos como prestadora de serviços gerais e, antes disso, trabalhava na roça.

“Eu sou de Marília, viemos morar em Fátima do Sul, ficamos um tempão lá e viemos para cá. Eu não estudei, só até o terceiro. Sei ler e escrever. Depois vieram os filhos, mudamos, aí ficou mais difícil voltar a estudar. Tinha 4 filhos e agora tenho três meninas e um que faleceu. Meu filho morreu em 1983, foi um acidente. É delicado, até hoje não tem um dia que não lembre. Às vezes, quando falo a história toda para alguém, já me emociono. Ele ia fazer 18 anos na época.”

Aos 77 anos, Judith encontrou nos quebra-cabeças leveza para a rotina
Aos 77 anos, Judith encontrou nos quebra-cabeças leveza para a rotina
Marido ajuda Judith separar peças de quabra cabeça da Santa Ceia (Foto: Marcos Maluf)

Apesar dos pesares para a aposentada não tem tempo ruim. Ela desenrola a vida e faz o que pode para ser feliz, mesmo em meio às dores no corpo. Recentemente, ela teve um problema no quadril e parou de fazer as caminhadas matinais. O passeio durava 40 minutos e era rotina.

“Não vejo muitas pessoas da minha idade gostando de quebra-cabeça. Eu já fiz uma amiga gostar de caça-palavras, mas ela mudou para Cuiabá. Não gosto de pintura, artesanato, não gosto de nada muito parado. Eu sou muito agitada, gosto de viajar, não me prendo não. Eu já fui até para os Estados Unidos, minha filha mora lá.”

Falando em viagem, durante a última visita ao país norte-americano, ela passou um sufoco no desembarque. “Vou sozinha, me viro lá. Eu não tenho medo não. Eu vou pelos outros, vendo o que o povo tá fazendo e faço também. Até que um dia me barraram porque fui explicar que era aposentada e eles não entenderam. Quando saí não tinha mais ninguém para me acompanhar e fui na intuição, pedir ajuda.”

Quanto ao futebol, Judith ri ao falar que adora as partidas e que até perde o sono por elas. Corinthiana de carteirinha, mas contida nas comemorações, ela manda o placar para os netos por mensagem e, quando o Timão não está em campo, torce para o time deles.

“Quando tem jogo não faço mais nada. Entendo tudo e assisto todos. Eu trabalhava muito, tinha meus filhos e não tinha tempo de assistir futebol, depois que me aposentei agora assisto direto. Uma vez ia jogar o sub-20 e não dormi, era de madrugada. Mando os placares pros meus netos.”

Aos 77 anos, Judith encontrou nos quebra-cabeças leveza para a rotina
Hobby de aposentada é montar quabra-cabeças em casa (Foto: Marcos Maluf)

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