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Comportamento

Aos 91 anos, dona Hosanas chorou pela “picadinha abençoada”

A professora aposentada se emocionou e agradeceu à Deus pelo "presente" dado; postada nas redes sociais, sua foto chamou atenção

Raul Delvizio | 22/01/2021 06:48
Dona Hosanas não conseguiu seguras as lágrimas de tamanha emoção foi passar pela vacinação da coronavac (Foto: Giovana Valério)
Dona Hosanas não conseguiu seguras as lágrimas de tamanha emoção foi passar pela vacinação da coronavac (Foto: Giovana Valério)

O dia de ontem (21) foi o mais esperado já um bom tempo para o grupo de velhinhos moradores do Hotel Residência Ocupacional Emílio Takamori, onde Hosanas Nascimento dos Santos, de 91 anos, também vive. Ela e outros 33 idosos puderam novamente compartilhar a fé em novos tempos só de terem tomado a primeira dose da coronavac – a vacina do novo coronavírus. Chorando, a professora aposentada não se conteve quando chegou sua vez, e o máximo – e suficiente – que conseguiu foi agradecer:

Obrigada Deus, obrigada! Deus abençoe pois eu estou vacinada!”, disse Hosanas emocionada.

Antes, a ansiedade pairava no ar. Mas assim que o carro da equipe parou em frente da casa, a porta foi aberta e os materiais de vacinação deram sua prévia, todos ali já receberam as primeiras "doses" que precisavam: esperança. "Aquela sim se tornou a imagem que muitos não irão esquecer", disse Giovana Valério, 23 anos, funcionária da instituição que registrou as fotos da senhorinha.

Hosanas foi a primeira a ser vacinada. Sem esconder a adrenalina do momento, perguntou ao colaborador que a acompanhava: "a hora é agora? Já vou ser vacinada?". Quando veio a confirmação, o choro foi instantâneo. Não sendo capaz de verbalizar o que sentia, apenas afirmou que aquela "picadinha nem doeu", sinal de que valeria a pena de qualquer jeito.

Ela foi a primeira a ser vacinada de um grupo de 33 velhinhos que vivem na casa, além de outros 20 funcionários (Foto: Giovana Valério)
Ela foi a primeira a ser vacinada de um grupo de 33 velhinhos que vivem na casa, além de outros 20 funcionários (Foto: Giovana Valério)

As lágrimas de felicidade senhorinha não só representavam a alegria compartilhada com os outros idosos mas, especialmente no caso de Hosanas, simbolizavam muita coisa que aconteceu nos seus últimos anos.

Desde sua aposentadoria como professora – e até hoje gosta de ser chamada assim –, a idade pesou e sua velhice não foi a das mais tranquilas. Nascida em Araxá, no estado de Minas Gerais, morou primeiro no interior de São Paulo onde foi enfermeira em Andradina. Já no Mato Grosso uno, Prof.ª Hosanas chegou na metade dos anos 1950 em Campo Grande, e já foi lecionar em uma escola da zona rural de Terenos. Anos mais tarde, se mudou para o município vizinho.

Após uma cirurgia de catarata mal-sucedida, um de seus olhos ficou sequela e, mesmo após um transplante de córnea, acabou perdendo a visão. Foi quando a aposentadoria por mais de 30 anos de magistério não só veio como uma opção, mas uma necessidade.

Há cerca de dois anos, uma queda fez com o que o "olho bom" de Hosanas fosse perfurado. "Mesmo com todo o empenho da equipe médica e a maior restauração possível, a visão não foi recuperada", lamenta até hoje a neta Mirian Santos Costa, 42 anos.

"Após duas pneumonias agudas, uma que resultou na internação da minha avó em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e outra semi-intensiva, foi melhor que ela tivesse assistência e suporte 24 horas de uma instituição especializada, oferecido de forma exemplar onde ela vive atualmente, sempre tratada de forma amorosa e atenciosa", complementa Mirian.

Experiências de vida fizeram Dona Hosanas permancer esperançosa, mas a emoção do sonho realizado era muito grande (Foto: Giovana Valério)
Experiências de vida fizeram Dona Hosanas permancer esperançosa, mas a emoção do sonho realizado era muito grande (Foto: Giovana Valério)

No Emílio Takamori, Hosanas está morando desde janeiro de 2020. Até então, vivia tranquila sem imaginar que um vírus pudesse mudar toda uma rotina dentro da casa. Acompanhando o drama da pandemia de perto, principalmente o da paralisação das visitas presenciais, ela ficou quase 1 ano sem estar coladinha com a neta – apenas por meio de um portão e com um bom distanciamento era como as duas mantinham contato.

"Vovó sempre assistia o noticiário para ficar a par do andamento da covid. Torcia muito para que uma vacina fosse encontrada e produzida o quanto antes. Como ela também viveu a gripe espanhola e muitas outras coisas, suas experiências de vida garantem a ela um pouco de expectativa. Mas eis que o dia tão sonhado chegou e seu desejo foi finalmente realizado", finalizou a neta.

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