ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 24º

Comportamento

Após 30 anos de história, mecânico baixa portas para fazer o que sempre sonhou

Resistindo há tanto tempo parece até negócio de família passado de pai para filho, mas foi tudo organizado e criado por Giovani

Danielle Valentim | 24/04/2019 07:55
Registro de Giovani no escritório da Auto Molas em 2003. (Foto: Arquivo Pessoal)
Registro de Giovani no escritório da Auto Molas em 2003. (Foto: Arquivo Pessoal)
O escritório ainda está montado, mas os trabalhos encerraram no dia 18 de abril. (Foto: Marina Pacheco)
O escritório ainda está montado, mas os trabalhos encerraram no dia 18 de abril. (Foto: Marina Pacheco)

O galpão vazio de dar eco na voz já esteve cheio de peças e molas gigantes na Avenida Manoel da Costa Lima. Após se dedicar à profissão com afinco por 30 anos, o mecânico Giovani Scanzani baixou as portas da empresa e encerrou os trabalhos com sentimento de dever cumprido. O motivo é simples, mas não é aposentadoria. Ele deixou a zona de conforto para realizar o sonho de viver do campo.

Resistindo há tanto tempo parece até negócio de família passado de pai para filho, mas foi tudo organizado e criado por Giovani. Mecânico há 30 anos, ele conta que sempre fez de tudo e que há 25, quando iniciou na suspensão de pesados, ainda estava à frente de um depósito de madeira.

“O investimento no seguimento da auto molas surgiu depois que meu pai deixou o emprego. Eu tinha um depósito de madeira que passei para ele. A área de suspensão já era um ramo bastante explorado, mas decidi arriscar. Foi por acaso. No início era só uma portinha”, conta.

Registro da Automolas em 2003, quando o endereço se fixou na Manoel da Costa Lima. (Foto: Arquivo Pessoal)
Registro da Automolas em 2003, quando o endereço se fixou na Manoel da Costa Lima. (Foto: Arquivo Pessoal)
Trabalhos se encerraram na última quinta-feira, 18 de abril. (Foto: Marina Pacheco)
Trabalhos se encerraram na última quinta-feira, 18 de abril. (Foto: Marina Pacheco)

Nascido em Dracena, Giovani veio para Campo Grande ainda criança e aqui fixou raízes. Criando um filho praticamente sozinho, o mecânico conta que nada foi tão fácil, mas acredita que cumpriu sua missão no ramo.

“Aqui [Manoel da Costa Lima] foi o quarto endereço instalado em 2003. Não tinha praticamente nada nessa avenida só mato. Em todos esses anos enfrentei muitas dificuldades, sem dinheiro, tudo era financiado. Entre tristeza e alegria, eu fico com a alegria. Sinto que cumpri meu papel como mecânico e agora só quero alugar o prédio e me dedicar à chácara, que adquiri há um tempo. Eu sempre falo para minha esposa que sou um fazendeiro frustrado, porque não tenho fazenda”, conta sorrindo.

A auto molas já chegou a ter sete funcionários, um deles Daniel que acompanhou Giovani por 27 anos e Rubens por 20. Daniel também mudou de área e agora passará a vender garapa. Rubens ficou com os equipamentos que restavam e montou a empresa em outro endereço. “Faremos o acerto desses 20 anos e o restar ele me pagará no decorrer dos anos, este não é meu foco agora”, frisa.

Foto de Giovani na empresa nos primórdios. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto de Giovani na empresa nos primórdios. (Foto: Arquivo Pessoal)
Giovani e um de seus funcionários em registro. (Foto: Arquivo Pessoal)
Giovani e um de seus funcionários em registro. (Foto: Arquivo Pessoal)

Há 15 anos, Giovani já havia determinado um prazo para encerrar as atividades: a formatura do filho. Desde, então, já não pintava o prédio ou investia em estoque. “Hoje meu filho tem 24 anos, se formou como agrônomo e agora vai trabalhar na área. Conversei com a minha mulher e disse que não sabia quanto tempo de vida ainda tinha, mas que a partir de agora gostaria de me dedicar ao que e gosto. Um passo depois de outro”, pontua.

A carta de clientes da empresa nesses 25 anos é imensa. A prova disso é que a procura por serviços continua. Enquanto a entrevista acontecia, um cliente chegou solicitando uma peça e se deparou com a notícia do fechamento.

Giovani é muito grato a quem acreditou e se fidelizou aos serviços prestados nessas três décadas. Ele ressaltou que sem os clientes nenhuma história teria sido iniciada, desenvolvida e concluída. O mecânico admite nunca ter sido apaixonado pelo que fazia, mas garante que sempre realizou um trabalho impecável, com dedicação e profissionalismo.

“Graças aos meus clientes que sempre acreditaram. Eu sempre fiz o necessário, sempre mo que ficasse bom para os dois lados. Nunca pensei em trocar algo que não precisasse. Tenho clientes desde que eu comecei”, ressalta.

Curta o Lado B, no Facebook e Instagram.

Entre tristeza e alegria, eu fico com a alegria. Sinto que cumpri meu papel como mecânico. (Foto: Marina Pacheco)
Entre tristeza e alegria, eu fico com a alegria. Sinto que cumpri meu papel como mecânico. (Foto: Marina Pacheco)
Nos siga no Google Notícias