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Comportamento

Casal de Taiwan ensina chinês porque quer fazer amigos em Campo Grande

Paula Maciulevicius | 21/02/2014 06:20
As aulas de chinês não são o ganha pão nem dele e da esposa. O casal vive do comércio, mas para fazer amizades ensina o que parece, e é, de outro mundo. (Fotos: Marcos Ermínio)
As aulas de chinês não são o ganha pão nem dele e da esposa. O casal vive do comércio, mas para fazer amizades ensina o que parece, e é, de outro mundo. (Fotos: Marcos Ermínio)

Na rua 15 de Novembro, dia desses, o Lado B foi em busca de um chinês, que num corredorzinho oferecia aulas para quem quisesse aprender o idioma. Depois de muito andar e perguntar pelo local numa única quadra, a gente resolveu questionar o homem de olhos puxados que fazia um conserto no cano. Ao perguntar onde ali se ensinava chinês, ele riu e apontou a placa escondida porque a porta estava aberta.

Ao se apresentar, disse que se chamava Geraldo. Nascido em Taiwan, como um oriental pode se chamar Geraldo? Ele riu de novo e explicou que na verdade era Chang Yung, mas como ninguém ia acertar, quando aqui chegou pode escolher como ser chamado em português. Sem entender quase nada da língua, foi pela sonoridade que optou e no capítulo da vida no Brasil, Chang Yung passou a ser Geraldo.

Com 44 anos, 18 deles já passados no Brasil, Chang Yung chegou aqui para trabalhar depois que parte da família já tinha se fixado em terras brasileiras. “Minha prima falou tem que escolher nome, se não colocar, como vai comunicar? Ela disse Geraldo, Ivan, Roberto, Rafael. Tem vários, eu escolheu Geraldo pelo som. No primeiro sentido encaixou, está bom”.

O português sai quase perfeito. O ‘r’ que representa uma certa dificuldade é falado corretamente, no entanto as conjugações ficam um pouco de lado. Também pudera, convenhamos que a gramática da língua não é fácil para ninguém. “Escrever é fácil, a gente aprendeu inglês, desde 9, 10 anos, mas aprender falar precisa de tempo, é ritmo, língua e cultura para se habituar. O português é uma das línguas mais difíceis pela gramática”, se justifica Chag Jung, ou melhor, Geraldo.

Ela escolheu ser Adriana, ele optou por Geraldo e assim são chamados há mais de 18 anos.
Ela escolheu ser Adriana, ele optou por Geraldo e assim são chamados há mais de 18 anos.

As aulas de chinês não são o ganha pão nem dele e da esposa. O casal vive do comércio, mas para fazer amizades ensina o que parece, e é, de outro mundo aos campo-grandenses. Há três anos as aulas começaram só para os amigos. Alunos que insistiram para que ele estendesse os serviços a desconhecidos.

“Não tenho intenção. Não vivo disso. Realmente dar aula de chinês para fazer mais amizades”, afirma o professor. De fixo, são três alunos, fora os esporádicos que aparecem para aprender o básico para uma viagem ou pelos negócios.

Casado com Lin Hsiu Lun, de 42 anos, que escolheu ser Adriana, a família é completa por aqui, com três filhos de 10, 7 e 4 anos. “Em casa só fala chinês, eles têm que aprender, se não perde a raiz”, argumenta o pai.

Há 19 anos no Brasil, Adriana veio estudar com amigos, gostou e trouxe os pais. Quando chegou, fazia parte de um grupo de sete pessoas. Tal qual o número, foram lhes dados nomes. Adriana estava entre eles. “Não sabia nada de significado, só pelo som”, conta a mulher.

Para evitar a escolha dessa forma, os três filhos têm dois registros. No Brasil chamam Victor Manuel, André Augusto e Alex Bernardo. Em Taiwan, são You Chie, Sun Hiu e Yu Chun.

Quanto às aulas, o casal simpático convence até quem não entende nem os nomes. De início, parecem ser reservados, mas logo se abrem em risos que parecem ter vindo com a nominação brasileira: Geraldo e Adriana.

Geraldo recomenda aulas duas vezes por semana, de 1h cada ou então, uma única vez, mas por 2h. Mais que isso ele considera desgastante. “Digerir todo esse conteúdo não dá, assim é melhor”, comenta. O preço é R$ 25 por aula quando pago por semana. “Por mês a gente faz um desconto”, anuncia Geraldo. O telefone deles são o 8458-9488 e 8438-2536.

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