Casamento tem noiva de vermelho e outra vestida de Zé Pelintra
Em cerimônia cheia de simbolismo, Mãe Mary e Simone celebraram a união na umbanda
Mãe Mary de Xangô e Simone Medina escolheram a religião que acolheu as duas e o terreiro para realizar um dos momentos mais importantes da vida delas, o casamento. Uma cerimônia mais intimista, mas cheia de significados, teve noiva de vermelho e outra vestida de Zé Pelintra.
RESUMO
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Mãe Mary de Xangô e Simone Medina celebraram seu casamento em uma cerimônia umbandista, marcada por simbolismos e resistência ao preconceito. Vestidas de vermelho e branco, as noivas foram acompanhadas por cerca de 60 convidados, incluindo o sogro de Mary, que, apesar de sua fé evangélica, participou com respeito. O evento, conduzido por Mãe Elza de Iemanjá, representa um ato de amor e fé em um contexto de intolerância. Mary, líder do Templo Tupinambá, e Simone, que encontrou acolhimento na Umbanda, destacam a importância da união e do respeito entre diferentes crenças.
Junto há oito anos, o casal selou a união em um rito umbandista, caminhando de mãos dadas e pés descalços até o altar, vestidas de branco e vermelho em homenagem à entidade Zé Pilintra.
“Entramos juntas e caminhamos lado a lado até o altar”, conta Mary Yolanda Duarte, a Mãe Mary de Xangô, de 58 anos, líder do Templo Tupinambá no Jardim Leblon. “Foi emocionante e com uma simbologia imensurável”, avalia.
Simone, de 42 anos, usou vermelho, cor da entidade que caminha com ela desde a adolescência. Já Mary, vestia um terno branco com gravata e lenço vermelhos, simbolizando a linha da malandragem. “Eu arrepiava o caminho todo até o altar. Foi inesquecível”, relembra Simone.
O casamento foi celebrado por Mãe Elza de Iemanjá, uma das matriarcas da Umbanda em Mato Grosso do Sul, e contou com a presença de cerca de 60 convidados. Entre eles, o sogro de Mary, que frequenta uma igreja evangélica, mas entendeu foi padrinho da cerimônia por entender o real significado de amor e acolhimento. “Ele participou com todo respeito. Isso é amor”, pontua a mãe de santo.
A trajetória do casal é marcada pela fé e pelo enfrentamento ao preconceito. “Realizar esse casamento é uma resposta de amor à intolerância. Tudo foi feito com fé e amor ao próximo. É isso que a gente prega e vive todos os dias”, afirma Mary.
Mãe Mary foi iniciada ainda criança na religião. Cresceu nos ritos da Umbanda e hoje lidera um terreiro com 46 filhos de santo. Além dos trabalhos espirituais, coordena ações sociais como o projeto Barriga Feliz, que distribui marmitas, cestas básicas e promove palestras, especialmente sobre autismo, causa que abraçou por ter uma filha autista.
“É uma dádiva de Deus trabalhar com a minha família, meus filhos de santo e com as crianças. É resistência com amor”, resume.
Simone encontrou na Umbanda o acolhimento necessário após um período difícil da vida. Foi no terreiro de Mary, em 2017, que conseguiu força para seguir. “A partir do momento que entrei na Umbanda, tudo começou a se encaminhar. Hoje, minha vida é a religião”, explica.
Durante a pandemia, em 2020, as duas ficaram noivas e o sonho do casamento religioso foi sendo amadurecido até se tornar realidade este ano. “Eu quis casar com o axé da religião, com a energia da natureza. Foi um ato de amor e de fé. O mundo tá precisando muito disso de novo”, afirma Mary.
Em um mundo onde o preconceito ainda fere e silencia, a união de Mary e Simone foi sinal de resistência e esperança. “A gente enfrenta muita coisa, mas responde com amor. Porque Deus é único, e o caminho até ele pode ser diferente, mas deve ser trilhado com respeito”, conclui Mãe Mary.
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