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Comportamento

Cegos também querem usar o Instagram, mas as pessoas precisam colaborar

Para deficientes visuais a interação online é prejudicada pela falta de descrições

Thailla Torres | 25/01/2018 09:07
Telma só consegue ter acesso às imagens do Facebook, porque as do Instagram estão sem descrições.
Telma só consegue ter acesso às imagens do Facebook, porque as do Instagram estão sem descrições.

O mundo das fotos e vídeos no Instagram e Facebook também é de interesse dos cegos. Por mais estranho que isso pareça, a verdade é que a deficiência visual limita, mas não deveria excluir as possibilidades de interação nas redes sociais. O problema é que essa troca é prejudicada pela falta de costume com um recurso disponível a todos e que poucos usam, as descrições do conteúdo visual, principalmente, no Instagram.

A estudante Sara Silva Dos Santos, de 18 anos, nasceu sem visão, mas adora a fotografia e está sempre conectada nas mídia, apesar de entender a foto nova de um amigo ou seguir aquele perfil com conteúdo que interessa, nem sempre é possível.

"As vezes, a gente passa pela foto e a única informação é de que ali consta uma imagem e só", desabafa. "Não dá pra saber a situação, quantas pessoas ou se é uma paisagem", completa.

Cássio tem baixa visão e também usa um programa de celular para leitura.
Cássio tem baixa visão e também usa um programa de celular para leitura.

A situação de Sara é a mesma de muitos cegos e deficientes com baixa visão. Eles até conseguiram um software que garante escutar cada palavra escrita nos aplicativos de celulares, incluindo as publicações, mas quem posta também precisa colaborar.

"Quando tem a descrição o celular lê, mas isso é raro, principalmente no Instagram. Por isso, a gente usa tão pouco, mas sente vontade de usar mais. Tanto que nem sei a última vez que consegui saber exatamente o que andam postando por lá".

A facilidade, segundo Sara, vem com o Facebook, onde há descrições mais detalhadas. Algumas até com as hashtags #postacessivel e #pratodosverem como na imagem abaixo que mostra o exemplo de uma loja de departamento que já colabora com acessibilidade. "Isso facilita muito, porque com a descrição a gente consegue visualizar tudo na nossa mente", conta.

O mesmo acontece com o acadêmico de Direito, Roberto Gomes Silva, de 22 anos. Ele não é cego, mas tem baixa visão desde o nascimento, só enxerga 2%. Para ler algo no celular, praticamente é preciso encostar o aparelho no rosto, o que traz cansaço. "Meu olho cansa muito, um pequeno esforço que eu faço me dá uma fadiga. Por isso uso o software de celular", explica.

#pratodosverem - "Isso facilita muito, porque com a descrição a gente consegue visualizar tudo na nossa mente", diz Sara.
#pratodosverem - "Isso facilita muito, porque com a descrição a gente consegue visualizar tudo na nossa mente", diz Sara.

Ele também usa o Instagram, mas quase não posta, já que dificilmente consegue interagir na rede social por falta de informação. "A descrição pra gente ajuda muito, não só em perfis pessoais, mas empresarial também. As vezes nem campanha publicitária tem legenda para o deficiente que também é consumidor", diz.

Para incentivar e fortalecer a acessibilidade nas redes sociais, não é preciso ir muito longe. Basta digitar a legenda correspondente a imagem e publicar com descrição de detalhes. Se houver dúvidas, usando as hashtags ditas acima no espaço de busca, encontra-se muitos exemplos de como fazer com que essas informações cheguem, igualmente, à todos.

Para a vice-presidente e coordenadora do Ismac (Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos), Telma de Matos, não é difícil evoluir a acessibilidade na web, mas falta consciência. "Essa é a nossa busca, que os nossos direitos de acessibilidade na web sejam mais atendidos. Há muitas pessoas que usam, principalmente os jovens, então tanto nos sites como nas redes sociais é possível fazer essa mudança".

Segundo Telma, algumas pessoas afirmam que colocar uma legenda extensa tira a "beleza" da publicação. "Pelo contrário, não tira a beleza de nada, apenas torna o texto mais acessível. Tanto que o uso de algumas hastags surgiram para fortalecer isso e mostrar que ali existe um texto para pessoas com deficiência visual. É uma simples descrição que faz toda a diferença", completa.

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