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Comportamento

Com placa improvisada, zootecnista faz apelo em semáforo por um emprego

Ana reclama que ninguém dá emprego para mulher na área em que se formou

Thailla Torres | 13/03/2018 16:01
Ana é mestranda da UEMS e bolsista, mas está em busca de emprego. (Foto: Saul Schramm)
Ana é mestranda da UEMS e bolsista, mas está em busca de emprego. (Foto: Saul Schramm)

Desempregada há três anos, a zootecnista Ana Paula de Jesus Godoy, de 26 anos, resolveu fazer um apelo na Avenida Ernesto Geisel, no cruzamento com a Afonso Pena, em Campo Grande. Segurando um papelão ela pede ajuda: "Sou zootecnista, preciso trabalhar, você pode me ajudar?", diz a mensagem seguida de um telefone.

Ao Lado B, Ana Paula diz que chegou ao limite, diante da falta de oportunidade. "Eu não estou feliz. Já bati de porta em porta, enviei muitos currículos, mas até hoje não consegui um emprego", afirma.

Ela também pontua que o fato de ser mulher é decisivo nas chances para o setor agrário. "Ninguém contrata, não querem mulheres em campo. Você pode ser uma mulher qualificada, mas não dão uma oportunidade, sempre mando currículo, mas nunca fui chamada para uma entrevista. Mas sei que sou capaz", afirma.

Ana faz mestrado na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), participa de um projeto de pesquisa na área de Biologia Molecular, para conservação genética do bovino pantaneiro. Por mês, segundo ela, o valor repassado pelo CNPQ para a pesquisa é de R$ 750,00, o que não supre as necessidades longe de um emprego. "Ficou insustentável e quero trabalhar", resume.

A zootecnista diz que apesar da experiência em campo, a falta de registros em carteira, é a maior justificativa para negar um emprego. "A gente passa anos pesquisando, trabalhando, indo à campo, mas isso não conta como experiência para o empregador".

Nas ruas, ela diz que foi para o tudo ou nada. "Aceito qualquer oportunidade na minha área. Se eu arrumar, abandono tudo e me dedico ao trabalho. Por isso fui pedir emprego na rua".

Apesar da pesquisa ser um sonho, Ana diz que está cansada. "A pesquisa é desvalorizada, não é vista como um trabalho e ainda por cima não temos oportunidades, daqui alguns anos não haverá mais pesquisador nesse país, porque sem emprego, a gente não vive".

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