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Comportamento

Cordão Valu rejuvenesceu e reforça a necessidade de educação para a moçada

Para a velha-guarda a presença de tantos adolescentes não é um problema, mas um sinal de alerta para outros cuidados

Thailla Torres | 03/03/2019 09:04
Entre o público da Esplanada Ferroviária, adolescentes são maioria. (Foto: Henrique Kawaminami)
Entre o público da Esplanada Ferroviária, adolescentes são maioria. (Foto: Henrique Kawaminami)

Não é preciso muitos anos de experiência na vida para perceber que o Cordão Valu “rejuvenesceu”. O bloco que sempre buscou um Carnaval democrático ganhou de vez a cabeça da moçada, deixando a velha-guarda em minoria espalhada pela Esplanada Ferroviária. Com tanto jovem e adolescente pelas ruas, saímos em busca de saber se o Carnaval de rua virou um saco para os mais velhos.

A verdade é que se virou um tormento, essa turma não foi à festa, porque os entrevistados com mais de 30 anos que chegaram cedo não se arrependeram. Boa parte acha que a presença de tantos adolescentes é o reflexo da necessidade de cultura para a meninada e prova que o Carnaval precisa ser visto com bons olhos pela própria cidade. “Só se faz um Carnaval bonito quando a gente olha com carinho pra ele, a partir do momento que você não quiser que uma pessoa ou outra participe da festa, ou comece a achar que ela está chata pela multidão, a festa perde o sentido, porque bloco de rua é isso, tradição é isso”, diz a professora Luciene Bicudo, de 44 anos.

Gabino ficou feliz em ver tantos jovens e adolescentes descobrindo o Carnaval. (Foto: Henrique Kawaminami)
Gabino ficou feliz em ver tantos jovens e adolescentes descobrindo o Carnaval. (Foto: Henrique Kawaminami)

Os tempos também são outros acredita o radialista Gabino Lino, de 65 anos, que curtiu a folia no meio da multidão como um garotão. “Isso faz a gente se sentir vivo, não tem idade pra curtir um Carnaval. No meu tempo eu era um molecão que vivia como esses adolescentes só fazendo farra, é claro que naquela época as músicas eram outras, só vivíamos a marchinha, mas o mundo mudou, os nossos jovens têm outras referências, mas isso não impede que eles conheçam o que a gente deixou lá atrás, isso eu acho bonito”.

A empresária Maria Helena Gigante, de 58 anos, confessou que nunca foi muito fã do Carnaval de rua, mas ter uma filha de 18 anos fez ela mudar a rota neste ano e curtir o Cordão Valu. Às 19h30 da noite ela ainda mantinha a animação e não se arrependeu da escolha, inclusive, se surpreendeu com os adolescentes. “Não vi uma briga e isso é muito bacana. Se não tiver violência, a forma como as pessoas estão se comportando e brincando muito é singular. Eu gosto muito do Carnaval e não deixaria de aproveitar esse momento com a minha filha”.

O mesmo fez a família de George Bluma e Margarida Rosa, os dois foram ao Valu pela primeira vez com a filha e ficaram felizes com a diversidade. “É bacana ver essa juventude conhecer o Carnaval. Isso prova que a gente precisa mostrar o que é cultura para eles”, explica George.

Kátia se preocupa com o uso de drogas pela moçada.  (Foto: Henrique Kawaminami)
Kátia se preocupa com o uso de drogas pela moçada. (Foto: Henrique Kawaminami)
Rose aprovou a festa pela primeira vez
Rose aprovou a festa pela primeira vez

Sem fechar os olhos – O Cordão Valu rejuvenescer não é um problema, mas não deixa de acender um sinal de alerta nos mais velhos que não fecham os olhos para os riscos. Isso porque muitos menores de idade também aproveitaram folia. Com ou sem responsáveis, a meninada esteve presente fazendo festa, bebendo, dançando e curtindo o Carnaval feito adulto.

“Pra mim esse tanto de adolescente é tranquilo, mas o que me preocupa é o uso de drogas, isso deveria ser mais fiscalizado. Campanhas precisam bater em cima disso. Porque a multidão é positiva para o nosso Carnaval, mas é preciso responsabilidade”, avalia a recepcionista Katia Costa, de 39 anos.

E nem é preciso esperar muito tempo para encontrar folião passando mal depois de tomar alguns goles antes do anoitecer, especialmente, adolescentes. Muitos aparentemente são menores de idade e não há sinais de algum responsável por perto. O que preocupa o bombeiro Antonio Lucas das Neves, de 50 anos, que foi ao cordão curtir com os filhos. “Vejo muitos jovens perdidos na cachaça e isso é preocupante porque o cérebro mais tarde revelará problema. Acho que esse é cuidado principal”.

A sugestão de foliões, é que o investimento intensa em alegria, cores, fantasias e marchinhas no Carnaval, caminhe junto com a conscientização e a educação. “Todos esses problemas nós resolvemos com educação e não com o fim do Carnaval. Ter muitos adolescentes, na minha visão, só mostra que esses jovens precisam entender o que é cultura e o que é preservação. E o que me preocupa é ver as autoridades fazendo com o que essa ocupação acabe, chamando essa multidão vandalismo. Mas o que falta é policiamento, cuidado e campanha de conscientização, porque isso daqui é um espetáculo”, pontua João Batista Barboza, de 48 anos.

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Maria Helena foi curtir com a filha de 18 anos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Maria Helena foi curtir com a filha de 18 anos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Antônio foi curtir com os filhos.  (Foto: Henrique Kawaminami)
Antônio foi curtir com os filhos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Turma curtiu feliz cada momento da festa. (Foto: Henrique Kawaminami)
Turma curtiu feliz cada momento da festa. (Foto: Henrique Kawaminami)
Andressa (à direita) curtiu ao lado da mãe e do padrasto. (Foto: Henrique Kawaminami)
Andressa (à direita) curtiu ao lado da mãe e do padrasto. (Foto: Henrique Kawaminami)
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