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Comportamento

Depois da cura, o que eu quero de presente é a benção da maternidade

O Voz da Experiência de hoje é o relato da advogada Jacqueline Hildebrand sobre o sonho de ser mãe

Paula Maciulevicius Brasil | 05/02/2020 08:48
Jacqueline e o marido William em Aparecida do Norte, no Natal. (Foto: Arquivo Pessoal)
Jacqueline e o marido William em Aparecida do Norte, no Natal. (Foto: Arquivo Pessoal)

Jacqueline Hildebrand Romero é mulher, advogada, esposa, ciclista e amiga. Já foi também secretária municipal da Mulher e ouvidora do Município. No último dia 21 de janeiro, data do aniversário, ela sentou para escrever mais um capítulo de sua história. O Voz da Experiência de hoje é o relato dela sobre o sonho de ser mãe depois de saber que não tinha câncer. 

"E o no dia do meu aniversário, meu maior sonho é Deus me abençoar com a maternidade... Seria o meu maior presente! Relutei muito pra escrever, depois que o Lado B viu minha postagem sobre a cura e me pediu, mas daí pensei que, além de outras mulheres se identificarem com minha história, o que poderia servir como um incentivo para eu não desistir do tratamento, e as outras para se prevenirem, servirá até mesmo como uma linda lembrança de vida e luta, para contar aos meus filhos, que creio que Deus se encarregará de me presentear.

Sempre fui muito atenta à prevenção de doenças, e enquanto advogada militante das causas femininas e, até mesmo quando fui Secretária da Mulher em Campo Grande, trabalho para que um maior número de mulheres tenham acesso ao atendimento de saúde da mulher, afim de se prevenir contra o câncer de mama e de colo de útero, além de outras doenças decorrentes.

Alimentação e exercícios entraram na vida de Jacqueline. (Foto: Arquivo Pessoal)
Alimentação e exercícios entraram na vida de Jacqueline. (Foto: Arquivo Pessoal)
Casal anda de bicicleta e ainda tem rotina pesada na academia. (Foto: Arquivo Pessoal)
Casal anda de bicicleta e ainda tem rotina pesada na academia. (Foto: Arquivo Pessoal)

Com isto, sempre realizava exames no ônibus do antigo Hospital de Barretos, hoje Hospital do Amor, e também ia até o atendimento junto ao Hospital, ali no Bairro Aero Rancho, ligava e prontamente agendavam meu exame preventivo. E por meio das campanhas da OAB aqui no Estado, também obtinha descontos em clínicas parceiras, para a realização da mamografia. E assim ia me cuidando...

Mas, em meados de 2016, após um resultado de um preventivo de rotina no Hospital do Amor, obtive a informação que mulher nenhuma gostaria de ouvir. Ouvi da médica, que algo estava alterado em meu último preventivo, e que para necessidade de um melhor diagnóstico, meu exame iria ser enviado para Barretos, e que seria aberto um prontuário de acompanhamento médico (era um livro grande, com todo meu histórico médico, que foi acumulando várias folhas, e que eu passei a ter pavor de quando o via, a cada ida lá).

Perguntei a ela o que poderia ser e a médica me mostrou um resultado com vários pontos de interrogação, apenas afirmando ser algum tipo de inflamação ou infecção, e rapidamente saiu a principal pergunta, dentre tantas que passei a fazer: - “Pode seguir para um câncer de colo de útero?” Ela me respondeu, que precisávamos aguardar, mas que se não houvesse acompanhamento e tratamento, sim.

Saí de lá sem rumo, sem chão, entrei no carro, e o que eu sabia fazer era só chorar, chorei tanto, que não enxergava um palmo à frente para sair de lá dirigindo. E tentando conter o choro para poder dirigir e sair dali, já me questionei, logo eu? Que havia acabado de iniciar um relacionamento, tinha sido pedida em casamento, ficado noiva, estava preparando minha casa, o casamento, os planos de constituir uma família e filhos. O que dizer ao meu noivo?

Quando a notícia tão esperada chegou. (Foto: Arquivo Pessoal)
Quando a notícia tão esperada chegou. (Foto: Arquivo Pessoal)
Entrega do buquê do casamento em igreja de Aparecida.  (Foto: Arquivo Pessoal)
Entrega do buquê do casamento em igreja de Aparecida. (Foto: Arquivo Pessoal)

Mas, para minha feliz surpresa, foi ele quem mais me apoiou, esteve comigo até o fim, sem nenhum questionamento, ou qualquer dúvida sobre o nosso futuro, apenas dizendo que sempre estaria comigo, pra enfrentar o que fosse preciso, e que Deus iria me trazer a cura, e livrar de qualquer resultado que viesse, e que se o pior acontecesse, passaríamos por isto juntos.

Durante esses anos, até dezembro de 2019, foram idas e vindas no hospital, repetindo exames, aquele medonho prontuário virando um amontoado de papel, e eu cada vez tendo mais medo dele, e também aquele cartão amarelo, que eu não via a hora de rasgar.

Minha mãe, alguns parentes e alguns amigos que souberam, apenas diziam que não era nada, para tentar me confortar, mas só eu sabia o temor que tinha, só eu sabia a tristeza que me corroía, e a tensão de acontecer o pior.

Teve uma amiga, que sem saber o que acontecia, me presenteou alguns dias antes do casamento, com um kit de acessórios para bebê, dizendo que já estava ansiosa pela chegada dos nossos filhos. Ao fim desse encontro chorei muito, pois mal ela sabia pelo que eu passava! E com isto, desisti de ir fazer um exame às vésperas do meu casamento, que aconteceu em julho de 2018, para que eu vivesse aquele momento em sua plenitude, sem nenhuma tristeza, chateação ou preocupação, e assim o foi, o dia mais lindo, pleno e feliz da minha vida!

Passado isto, liguei e já remarquei o próximo exame, para me livrar logo daquele pesadelo, continuei indo a cada chamado do hospital, realizando os exames, e sempre com muita fé, e católica que sou, entreguei meu único pedido à Nossa Senhora, para que intercedesse junto a Deus, para que não mais precisasse voltar naquele local como paciente.

O que eu mais queria ouvir da médica é que eu estivesse liberada do acompanhamento, e que o resultado do meu exame estivesse negativo quanto a qualquer diagnóstico, era o que eu pedia com muito fervor.

Na penúltima ida lá, estava no mês do Outubro Rosa, mês dedicado à prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e de colo do útero, estavam com diversas atividades, dentre elas, apresentações de dança, poesia e arte, de mulheres que haviam sido curadas do câncer. Minha vontade era correr daquele lugar e nunca mais voltar, a hora não passava, pois a cada apresentação os atendimentos eram interrompidos para que todos assistissem.

E enquanto aguardava e as horas passavam, eu rezava, rezava muito, e para minha surpresa, após a coleta do material para realização de mais um exame, a médica disse que quando viesse o resultado, e fosse satisfatório, eu estaria liberada do acompanhamento, e lá não precisaria mais voltar. Foi o céu! E a certeza de que minhas preces estavam sendo ouvidas!

O retorno aconteceu em dezembro de 2019, e meu esposo perguntou se queria que ele me acompanhasse, e eu disse que não, que queria ir sozinha, como sempre fiz, ele entendeu. As mãos suavam quando cheguei lá, não conseguia pensar em mais nada, e recebi a melhor notícia dos últimos tempos, a de que eu estava curada, que meu exame retornou sem nenhuma alteração, infecção ou outro diagnóstico que me fizesse continuar sendo paciente ali.

A médica, que já sabia de toda minha história, disse que eu estava pronta para a maternidade. Foi mais uma confirmação de que Deus existe e não nos desampara. Com a notícia, marquei ginecologista mais do que depressa, para então dar sequência ao meu maior sonho, o de ser mãe.
Mas, a vida ainda nos prega algumas peças, e lá mesmo na primeira consulta, o médico viu que tudo está perfeito com meu aparelho reprodutor, que estou com uma idade ótima e madura para a maternidade, apesar de necessitar perder alguns quilos (me pediu pra emagrecer 5, mas coloquei como meta 20), porém, localizou um mioma dentro do útero, o qual recomendou a retirada para que a gestação ocorra com tranquilidade.

Como eu havia feito a promessa de que levaria meu buquê do casamento até o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte – SP (fiz a secagem dele e o guardei por 1 ano e meio), para que tudo ocorresse bem com meu casamento, e para que eu fosse curada, passei o último Natal com meu esposo lá no Santuário, sem festas, sem badalações de Natal e sem comilanças, somente com muito agradecimento, oração e renovação da fé, de que este mioma, que será retirado em março, nada será, e que daí em diante serão só alegrias para aguardar os filhos que o Senhor nos enviará para cuidar, se for esta a vontade Dele.

Por isto, Mulheres, cuidem-se! Façam os exames de rotina, a rede pública está muito bem equipada para ampará-las, basta querer e procurar!

Jacqueline Hildebrand Romero, advogada militante das causas feministas.

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