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Comportamento

Depois de ficar viúva, Lucinda aos 85 anos é miss e a mulher mais feliz do mundo

Animada, ela adora cantar e tem duas faixas de Miss em Sidrolândia, pela beleza e simpatia

Thailla Torres | 24/08/2017 06:05
Em 2013, carregando sua segunda faixa de "A mais bela idosa" (Foto: Arquivo Pessoal)
Em 2013, carregando sua segunda faixa de "A mais bela idosa" (Foto: Arquivo Pessoal)

Do outro lado da linha, Lucinda canta o que sabe, em um ritmo só dela, mas com uma leveza capaz de fazer até repórter metida a durona sentir o olho lacrimejar. Aos 85 anos ela dança, canta e desfila. Tudo isso porque só depois de perder o marido e ver os filhos crescerem ela conheceu a verdadeira felicidade, garante.  Hoje, ela tem duas faixas de Miss em Sidrolândia.

Numa época sem estradas, a menina que nasceu no interior de São Paulo sentia dores nos pés para ir até a escola. O andar de Lucinda da Silva Sousa era seu único meio de transporte na tentativa de uma vida melhor no futuro. "Andava 6 quilômetros, desde que eu era criança. Aprendi ler e escrever, mas parei na oitava série".

Ao lado da filha ela guarda com carinho as recordações. (Foto: Rafael Brites Teixeira)
Ao lado da filha ela guarda com carinho as recordações. (Foto: Rafael Brites Teixeira)

A chance de estudo foi interrompida por um casamento. Criada pelos avós em um sistema rígido, nem chance de namoro ela teve. "Esse negócio de abraçar e beijar eu não tinha. Tive que sair casada e depois minha vida foi dedicada ao trabalho".

Mãe de 13 filhos, Lucinda embarcou na vida de dona de casa. Lavou, passou, cozinhou, cuidou dos filhos e do marido quase 24 horas por dia. Se cansou da vaidade, do sorriso e da alegria. Foram quase 60 anos levando uma vida assim até que um dia tudo mudou.

Na década 1990, com a maioria dos filhos crescidos, ela ficou viúva. A dor da perda trouxe uma saudade que foi capaz de fazer Lucinda reagir. “Tudo que eu queria fazer não dava tempo. Não sabia o que era cuidar de mim”.

Apaixonada por música sertaneja, a primeira coisa que decidiu fazer foi cantar. “Comecei com uma turma da terceira idade. Fui até na rádio e ganhei troféu por conta da música. Sabendo a letra eu canto qualquer coisa”.

Para provar o que sabe, por telefone mesmo ela começa a cantoria. Lembra de uma música que ouviu na infância e não se intimida em mostrar o talento. “Só faltava ter o violão aqui, que ia ficar melhor de você escutar”.

E até hoje ela faz questão de posar com a faixa. (Foto: Rafael Brites Teixeira)
E até hoje ela faz questão de posar com a faixa. (Foto: Rafael Brites Teixeira)
Concurso que aconteceu em 2013. (Foto: Arquivo Pessoal)
Concurso que aconteceu em 2013. (Foto: Arquivo Pessoal)

Foi na música que Lucinda encontrou a primeira felicidade quando ficou viúva. “Eu me sinto feliz, porque é melhor cantar do que chorar, onde quer que eu esteja me sinto bem assim”.

Depois de cantar, a senhorinha não perdeu nem a chance de ser modelo por um dia, o que lhe rendeu a faixa de miss por duas vezes como a “Mais bela idosa” e “Miss Simpatia” de Sidrolândia, onde mora atualmente.

“Me escolheram e pediram que eu fosse desfilar. Como eu nunca tive vergonha eu fui. Na hora me fizeram algumas perguntas, eu respondi e acabei sendo miss duas vezes”.

Em casa ela coleciona fotografias, faixas e o troféu que ganhou na música. Um orgulho que tira toda tristeza de Lucinda quando se olha no espelho com o rosto diferente. “Há um ano eu sofri uma paralisia que afetou muito meu rosto. Mas eu estou bem. Não tenho vergonha dele porque eu estou viva. Continuo sendo a mulher mais feliz do mundo”, afirma.

Se falar do marido que partiu deixa ressentimento? Ela jura que não. “A vida é assim, enquanto ele esteve vivo eu me dediquei a ele e aos filhos, era minha obrigação. Mas só depois deles é que eu fui ser feliz”.

E para completar a felicidade de Lucinda, os filhos correspondem ao seu desejo de ser feliz de um jeito simples e autêntico.  “Eles ficam do meu lado e isso me deixa muito feliz. Porque não existe acanhamento na terceira idade e não é uma fase para ter vergonha. Ser jovem é lindo, mas a velhice é inevitável”. 

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