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Comportamento

Diferente de SP, nossa Avenida Paulista é deserta e tem até toque de recolher

Localizado no Jóquei Clube, a avenida está em área de "risco" dizem moradores

Alana Portela | 30/08/2019 08:09
A avenida Paulista de Campo Grande é quase deserta (Foto: Paulo Francis)
A avenida Paulista de Campo Grande é quase deserta (Foto: Paulo Francis)

Diferente da avenida de São Paulo, coração financeiro da maior capital do País, a Avenida Paulista de Campo Grande é deserta. Localizada no Jóquei Clube, nem quem mora por ali diz se sentir à vontade. Moradores falam até em espécie de “toque de recolher”, assim que o sol se põe, por medo da violência. “Quem conhece não anda, pois é perigoso. Fico dentro da minha casa, com os portões fechados”, conta Nádia Dornalis Pereira.

Ela mora em frente à avenida há dois anos e contou que o local sempre foi parado. “Ninguém fica na rua. Estamos construindo a nossa casa em outro local”, disse. “Recentemente, uma moça desceu do ônibus e ao virar essa rua, foi assaltada. Pegaram a bolsa dela”, completa.

Nádia Dornalis Pereira mora em frente a avenida, mas sente medo (Foto: Paulo Francis)
Nádia Dornalis Pereira mora em frente a avenida, mas sente medo (Foto: Paulo Francis)
A criminalidade é tanta que tem casa com câmera de segurança, cerca elétrica e concertina  (Foto: Paulo Francis)
A criminalidade é tanta que tem casa com câmera de segurança, cerca elétrica e concertina (Foto: Paulo Francis)

De parecido só tem o nome mesmo. Enquanto a avenida de São Paulo tem mais de três quilômetros de distância, a de Campo Grande tem apenas 850 metros e é mais estreita. Enquanto lá os prédios enormes prendem a atenção e são tantas atrações que é impossível deixar de visitar, aqui mal tem casas. Em SP o local é bem iluminado e tem ciclovias, já aqui, as pessoas têm que se contentar apenas com as calçadas quebradas e asfalto.

A Paulista de Campo Grande fica entre a Avenida das Bandeiras e a Rua dos Jasmins. Divide o bairro Jóquei Clube e a Vila Piratininga. 

Quem passa pela avenida da Capital, dificilmente vê uma casa com as portas abertas ou algum morador sentado na calçada. Poucos são os carros que trafegam na via, e nem mesmo os comércios conseguem atrair mais gente.  

Sem diversão, as atrações do local são as brigas e moradores de rua. “Essa é a nossa atração. A gente vê muita briga aqui. Diferente da avenida de São Paulo, que tem atrações culturais.”, comenta a moradora Nathally Catarinelli.

Aos 35 anos, ela mora em frente à avenida desde que nasceu. “Sempre foi vazia. O que tem bastante também é furto, violência. Estamos do lado da Nhá-Nhá, o pessoal vem roubar pra cá. Já entraram oito vezes na minha casa, destruíram até porta. Troquei todo o sistema de segurança, coloquei concertina”. O medo já tomou conta da vizinhança. “Minha filha chega mais tarde por conta da escola, e eu tenho medo. Nunca cheguei a ver nada. Mas, esses dias uma vizinha disse que encostaram a arma nela e levaram o celular. Passou correndo, chorando”.

A vizinhança também mudou bastante. "Contudo, o pessoal que dava medo nesse bairro está preso. Hoje em dia, passa muita gente que não conhecemos”, relata. Até quem é de fora já sabe que o local é perigoso. “Aqui também pega o CEP da Vila Nhá-Nhá. Certa vez pedi um lanche, mas se recusaram a entregar por conta da região, é a ‘área de risco’. Tive que colocar o nome de outra rua e ficar esperando entregarem. Aí eles vieram”, lembra Nathally.

Avenida Paulista de São Paulo tem ciclovia e via larga (Foto: Tripadvisor)
Avenida Paulista de São Paulo tem ciclovia e via larga (Foto: Tripadvisor)
Joana Darc tem 23 anos e comentou sobre a falta de movimento da avenida (Foto: Paulo Francis)
Joana Darc tem 23 anos e comentou sobre a falta de movimento da avenida (Foto: Paulo Francis)
Sentado, Clayton Aparecido Fidelis comentou sobre o medo do local (Foto: Paulo Francis)
Sentado, Clayton Aparecido Fidelis comentou sobre o medo do local (Foto: Paulo Francis)

Deserto - Clayton Aparecido Fidelis, 37 anos, trabalha como entregador. Ele mora na região há mais de dez anos e conta que a rua sempre foi um deserto. “Não tenho receio de vir aqui por conta da moto e por já conhecer a área. Agora, se tiver que entregar algo mais lá para baixo, tem que andar rapidão, pois é escuro”.

A comerciante Anésia Itiki tem uma lanchonete no bairro há 13 anos . O empreendimento funciona das 7h30 às 18h30, e não dá para extrapolar no horário. “Falta segurança, porque teve época que a Guarda Municipal passava direto, mas hoje não é assim. Moro aqui perto, mas evito sair à noite. Mas, de casa fico esperando minha filha que trabalha até mais tarde chegar, por causa disso”.

São poucas quadras da avenida, e nem por isso o local escapa dos acidentes. “Às vezes acontece algumas batidas. Tem um posto de saúde aqui do lado, então, tem dia que o movimento é grande”, fala Anésia.

 

Até a lanchonete que fica de frente para a avenida é parada (Foto: Paulo Francis)
Até a lanchonete que fica de frente para a avenida é parada (Foto: Paulo Francis)

Festinha - Para as amigas que também moram no bairro desde criança, Joana Darc e Gislaine Garcia, os moradores são reservados. “Os vizinhos não ficam na rua, sentem medo. Deu 20h, todos ficam dentro de casa, com portão fechado. A vizinhança não é de sentar na frente de casa para conversar”, lembram.

Joana tem 23 anos e em parceria com Gislaine, 33 anos, realiza uma festa julina há três anos. A ideia é se divertir e acalmar a região. “É para os amigos. Quando o pessoal quer dançar quadrilha e está muito apertado, vamos para a avenida. É uma forma de movimentar o local, pois por ser uma avenida, é bem parada”, afirma Joana.

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Poucos carros passam pela avenida (Foto: Paulo Francis)
Poucos carros passam pela avenida (Foto: Paulo Francis)
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