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Comportamento

Do alto, histórias de quem viu as transformações da Capital pela janela

Graziela Rezende | 25/08/2013 10:05
Da janela, morador via apenas 3 prédios na Afonso Pena. Foto: Cleber Gellio
Da janela, morador via apenas 3 prédios na Afonso Pena. Foto: Cleber Gellio
Do alto, histórias de quem viu as transformações da Capital pela janela

Da janela ou sacada dos edifícios à transformação. Quem mora no alto da região central de Campo Grande tem muito para contar nestes 114 anos de história. São novos empreendimentos que emolduram a visão de quem conhecia antes uma cidade bucólica, com casas antigas e arvores hoje tombadas como patrimônio histórico.

O advogado aposentado Josélio Silveira de Barros, 80 anos, é um deles. Há 24 anos, quando o Edifício Ana Paula, na avenida Afonso Pena com a rua Pedro Celestino, não possuía nem elevador, ele se mudava para o local com a esposa, Marlene Darcy Santos Barros, 78 anos. E a sua janela, como ele mesmo diz, se tornou um “observatório” da cidade.

“Fui o primeiro morador e lembro que, na época, conseguia ver da janela apenas três outros edifícios na avenida. Hoje, são tantos que não dá nem para contar, uma visão panorâmica totalmente diferente. Eu posso dizer que vi uma avenida bucólica e agora um progresso enorme, como exemplo o Hotel Bahamas, que acho muito bonito”, fala a advogado. 

Outras construções, que ele assistiu “de camarote”, foi a da tradicional sorveteria Cacimba, que deu lugar a uma filial da rede de fast food Bob´s, além de prédio ao lado do banco HSBC, que posteriormente foi demolida e hoje se tornou um estacionamento. “Houve uma conversa sobre o tombamento do local e o proprietário decidiu tombar da noite para o dia”, comenta o advogado.

Morador sente falta da Cacimba Sorvetes. Foto: Cleber Gellio
Morador sente falta da Cacimba Sorvetes. Foto: Cleber Gellio

Orgulhoso de viver no 8° andar do mesmo prédio e ter a principal avenida da cidade como alicerce, o cabeleireiro Waldely Abrão de Barros, 45 anos, diz que não troca nenhuma grande cidade pela “Capital Morena”.

“Apesar do desenvolvimento ainda tenho o privilégio de ver revoadas de arara azul da minha janela, bem como quero-quero nos coqueiros. Além disso, é fundamental ter tudo por perto, sem precisar andar de carro a todo o momento. Eu rodo somente três mil quilômetros por ano morando aqui”, avalia Barros.

Porém, o cabeleireiro sente falta de algo que apreciava uma vez por mês da sua janela: a noite da seresta. “Com a construção da concha acústica, que nos deixou de costas para os shows, tivemos de descer para acompanhar o evento. Só que este não é o problema e sim a diminuição dos shows, que gosto muito”, comenta Barros.

Vista de quem mora na principal avenida da Capital. Foto: Cleber Gellio
Vista de quem mora na principal avenida da Capital. Foto: Cleber Gellio

Do ‘centro para o centro’, a aposentada Irene Vieira de Rezende, 72 anos, morou 42 anos na rua Joaquim Murtinho e há quatro anos se mudou para o Edifício Satélite, localizado no cruzamento das ruas 13 de maio com a Dom Aquino. Lá, foram marcantes as imagens de dois incêndios que ocorreram este ano em Campo Grande: da loja de cosméticos, na rua 14 de Julho e do Planeta Real, na avenida Afonso Pena.

“Para mim, aquelas cenas foram as mais marcantes em Campo Grande. Da janela da sala eu vi o incêndio na loja de cosméticos e, poucos dias depois, vi o fogo do Planeta Real pela janela da cozinha. A fumaça era tamanha, parecia que iria entrar no meu apartamento e tomar conta de tudo”, relembra a aposentada.

Fora as tragédias, a aposentada só tem elogios da sua paisagem. “Aqui é excelente para morar, pois estamos próximo a tudo e em um lugar simples, mas aconchegante. Da janela, ouço muitos carros de som com propagandas, mas o restante do dia é tudo tranquilo”, finaliza a idosa.

A experiência desses moradores mostra que, no início, o “Campo” falava mais forte do que o “Grande”. Pouquíssimos prédios e casas que deram origens a grandes empreendimentos, com população superior a 800 mil habitantes e características próximas de uma metrópole.

Prédios que emolduram visão da avenida. Foto: Cleber Gellio
Prédios que emolduram visão da avenida. Foto: Cleber Gellio
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