Domingos e Ana construíram jardim secreto com gruta "milagrosa"
Casados há 48 anos, os dois transformaram o quintal em playground e santuário particular feito à mão

Quem olha por fora não imagina que a casa de Ana Rosa Sandin Corrêa, de 64 anos, e Domingos João Corrêa, de 72, esconde um verdadeiro jardim secreto, com direito até a uma gruta milagrosa. Casados há 48 anos, eles resolveram criar um quintal especial onde os netos pudessem viver a infância à moda antiga, com casinha de madeira, balanço, gangorra e escorregador. A peça religiosa se juntou ao gramado para que Ana pagasse uma promessa especial.
RESUMO
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Ana Rosa Sandin Corrêa, 64 anos, e Domingos João Corrêa, 72, transformaram seu quintal em um espaço mágico para os netos, com brinquedos artesanais e uma gruta dedicada a Nossa Senhora Aparecida. O jardim, construído há nove anos, inclui casinha de boneca, balanço e gangorra, todos feitos por Domingos. A gruta foi erguida em 2009 como pagamento de promessa após Ana enfrentar 13 cirurgias devido a um erro médico. O casal, unido há 48 anos, mantém o espaço com dedicação, transformando-o em um símbolo de fé, superação e amor familiar.
Tudo o que existe no jardim foi feito pelos dois. Domingos é um construtor autodidata e se orgulha disso. Os brinquedos feitos com madeira, pneus e ferro foram erguidos em duas semanas. A obra foi aprovada pelas quatro crianças e já dura nove anos.
Ao longo do tempo, os dois só precisaram fazer a manutenção dos brinquedos. Dentro da casinha de madeira há inúmeros brinquedos dos netos, desde carrinhos à bonecas. Do lado de fora, uma placa avisa: “Cada coisa em seu lugar e tudo ao seu tempo”.
“No meu quintal é o lazer dos meus netos, um privilégio de poucas pessoas. A minha netinha queria uma casinha de boneca na árvore, mas iria ficar perigoso, então fiz baixinha. Foi gratificante para a gente. O que está feito no meu quintal fui eu que fiz, inclusive a casa onde moramos há 30 anos. Nunca estudei construção, aprendi na vida. Fui responsável pela manutenção completa da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) por 20 anos.”
Ana se junta à conversa para explicar o motivo da gruta de pedras com a imagem de Nossa Senhora Aparecida estar no cenário e ter tanta importância para o casal. O santuário dedicado à Santa foi feito para pagar uma promessa de saúde pedida em 2009. Domingos construiu como sinal de fé e esperança na melhora do quadro clínico da esposa.

“Tirei meu útero e tive que tirar parte do intestino depois de anos. O médico que fez a primeira cirurgia errou e ninguém me contou. Minha barriga ficava inchada, cheia de líquido e precisava abrir várias vezes. Fiz 13 operações. Na última, pensei: ‘Meu Deus, será que vou escapar?’. Senti uma coisa tão estranha que achava que não sairia viva da cirurgia”, conta.
No quarto de hospital, Ana viu a imagem de Nossa Senhora Aparecida, e conta que é devota desde a infância. Nesse dia prometeu que construiria a gruta se conseguisse se curar.
“Pedi: já que não vou poder ir para Aparecida do Norte, porque não gosto de viajar de estrada, vou construir uma gruta na minha comunidade para as pessoas pagarem as promessas delas. E assim nós fizemos uma na comunidade e outra aqui, mais particular. Fui atendida, graças a Deus. Depois da última cirurgia, não precisei de outro procedimento. Eu achei um milagre. Deu tudo certo. O quintal é cheio de coisas para os netos, a gente gosta de fazer, arrumar e plantar.”
De tanta intervenção cirúrgica, o intestino dela ficou colado, e foi preciso retirar parte do órgão.
“Eu perguntava se era câncer, mas eles sabiam o que tinha acontecido. Fiquei sabendo há uns oito anos que o processo era outro e que houve erro médico. Eu sobrevivi pela minha fé, porque não acreditava que iria resistir. É difícil enfrentar. Sou diabética, tenho pressão alta e hipertireoidismo. Na oitava cirurgia fiz a gruta. Ela foi meu milagre. Eu estabeleci uma fé tão grande que consegui.”
Domingos explica que o processo para construção da gruta foi feito durante a pandemia e que ajudou os dois a manterem a mente sã diante de um cenário difícil.
“As pedras peguei lá na pedreira. Quando estava tudo fechado, a gente precisava de algo para manter o tempo ocupado. O dono acabou doando quando soube da intenção. Nunca dei manutenção nas pedras, só limpeza. Ana pintou a Santa da nossa casa e da igreja que fizemos. Demorou quase uma semana, fizemos por etapas, secando e colocando as pedra.”
Quem vê o casal alegre não imagina o que eles enfrentaram ao longo dos anos. Mesmo com tantas tristezas, Ana e Domingos permaneceram juntos e fortes.

“O processo para mim era uma agonia. Estávamos juntos para tudo, quantas noites de sono perdidas, mas não desistimos de maneira nenhuma”, comenta Domingos. Ana explica que o marido trabalhava com o pai dela quando começaram a namorar. Desde então, nunca mais se separaram.
“Ele começou a frequentar nossa casa e a gente começou a namorar. O segredo de um casamento tão longo é o respeito mútuo, compartilhar tudo, confiança, amor e companheirismo.”
Agora, Ana espera o resultado de uma biópsia do intestino. A suspeita é de câncer, mas ela se mantém confiante.
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