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Comportamento

Em álbum de madeira de 1955, filha preserva história de amor dos pais

Porta fotos foi um presente de noivado com declaração escrita à mão

Danielle Valentim | 29/04/2019 06:30
Declaração escrita à mão por Linduarte na capa do álbum .(Foto: Kísie Ainoã)
Declaração escrita à mão por Linduarte na capa do álbum .(Foto: Kísie Ainoã)
Capa de madeira do presente de noivado. (Foto: Kísie Ainoã)
Capa de madeira do presente de noivado. (Foto: Kísie Ainoã)

Glorinha... Ponho no meu olhar, a chama puríssima de todas as crenças de um amor imortal, e volto o pensamento a Deus faço sinceros votos de felicidades para que eu continue sempre sendo digno das tuas afeições durante toda a nossa existência que é o meu ideal sonho. Teu noivo: Linduarte.

Dentre milhares de presentes que você pode ganhar durante o noivado, Maria da Glória recebeu no dia 25 de dezembro de 1955, um álbum de madeira com fotos do namoro e declaração escrita à mão. A lembrança que ultrapassa seis décadas até hoje é guardada pela filha do casal Mônica Ilis, de 55 anos.

O amor à primeira vista - pelo menos para Linduarte - aconteceu logo em sua chegada à Campo Grande. Vindo de Suzano-SP para servir ao Exército Brasileiro, o rapaz buscou pouso em uma pensão onde Maria da Glória já era moradora.

Folheando o álbum de namoro dos pais, Mônica conta que a mãe precisou ser conquistada. (Foto: Kísie Ainoã)
Folheando o álbum de namoro dos pais, Mônica conta que a mãe precisou ser conquistada. (Foto: Kísie Ainoã)
Agora, Mônica pretende colocar em álbuns os momentos em família. (Foto: Kísie Ainoã)
Agora, Mônica pretende colocar em álbuns os momentos em família. (Foto: Kísie Ainoã)

“Minha mãe contava que estava fazendo um bolo de casamento, quando meu pai chegou procurando a dona da pensão, na época, dona Sionara. Com as mãos sujas de massa de bolo minha mãe o recebeu, mas foi chamar a proprietária. Já meu pai dizia que assim que chegou na pensão se apaixonou por minha mãe e disse para si mesmo que casaria com ela”, relata Mônica, que é assistente social.

Folheando o álbum de namoro dos pais, Mônica conta que a mãe já era noiva de um italiano, mas que Linduarte insistiu tanto, que o relacionamento acabou. Mas não foi tão fácil assim, pois Glorinha ainda gostava do ex-noivo. Linduarte passou a fazer de tudo para conquistar a amada.

“Minha mãe sempre falava que acabou aceitando o novo relacionamento, pois o homem tinha de ser sempre mais apaixonado que a mulher, dessa forma, o homem faz tudo pela amada”, conta Mônica ao relembrar as palavras da mãe.

O casal no dia 29 de setembro de 1957, na Praça Ari Coelho. (Foto: Kísie Ainoã)
O casal no dia 29 de setembro de 1957, na Praça Ari Coelho. (Foto: Kísie Ainoã)
Álbum tem diversos momentos da época de namoro do casal. (Foto: Kísie Ainoã)
Álbum tem diversos momentos da época de namoro do casal. (Foto: Kísie Ainoã)

O namoro exigia paciência e muita conquista antigamente. Em Campo Grande, o ponto de encontro dos enamorados ficava na Praça Ari Coelho. Ainda na década de 60 e 70, o local tinha todo um charme e disputa de olhares entre jovens daquela época.

“Minha mãe conta que meu pai era muito bonito e que quando sentavam na praça até outras moças olhavam para ele. Os passeios continuaram até nossa infância, quando éramos pequenos, já aproveitávamos para tomar sorvete na Torino”, conta Mônica.

As fotos de Linduarte e Maria da Glória foram compartilhadas pela filha nas redes sociais ainda no início do ano. “Eu faço parte do grupo Anos Dourados e sempre via compartilhamentos do Higa. Aí decidi postar a foto dos meus pais na fonte luminosa da Praça Ari Coelho”, disse.

O casamento aconteceu em 1957 e apesar do pai ser de Suzano e a mãe nascida em Cuiabá, o casal criou raízes em Campo Grande. O relacionamento foi marcado por muito incentivo. Linduarte veio de São Paulo para cá apenas com a 4ª série, mas Maria da Glória já era professora e foi a grande incentivadora do retorno do marido aos estudos.

O casamento em 1957.  (Foto: Kísie Ainoã)
O casamento em 1957. (Foto: Kísie Ainoã)
Os noivos com os pais. (Foto: Kísie Ainoã)
Os noivos com os pais. (Foto: Kísie Ainoã)

“Minha mãe o ajudou até o ginásio. E depois continuou incentivando até que em 1975 meu pai se formou em Direito pela Fucmat. Todos esses anos meu pai conciliou o serviço militar com as aulas à noite”, conta.

Linduarte morreu em 2010 e Maria da Glória em 2014, poucos antes da formatura de Mônica como assistente social.

O álbum tem diversos momentos da época de namoro do casal e apesar das páginas amareladas é guardado com muito amor pela filha. Casados há 27 anos, Mônica e seu marido Humberto Cesar tiveram três filhos e querem fazer o mesmo para manter os registros da família.

“Nós guardamos as lembranças, muitas fotografias estão com um dos meus irmãos. Mas não são só fotografias, são histórias da nossa família, do amor dos meus pais e da cidade. Quero mostrar essas fotos para minha neta quando ela tiver maior. Hoje vejo quantos momentos e recordações perdemos nessa era do celular. Esses dias ainda pensei em revelar, aí que lembrei que fotos de agora são impressas”, pontua.

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