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Comportamento

Escola que completa 90 anos foi internato apenas para meninas no passado

Naiane Mesquita | 27/01/2016 06:23
O pátio do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, construído 1931. (Foto: Fernando Antunes)
O pátio do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, construído 1931. (Foto: Fernando Antunes)

As saias eram até a canela e já foram de diversas cores: azul marinho, bordô e marrom. A tradição surgiu em 1926, com a construção da Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, que celebra 90 anos de história no dia 27 de fevereiro.

Inaugurada e mantida todas essas décadas pelas irmãs, freiras do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, salesianas como Dom Bosco, a escola foi internato para meninas durante muito tempo, com apenas três saídas por ano permitidas as alunas.

Do sistema rígido até a abertura para o ensino misto em 1986, famílias com sobrenomes conhecidos no Estado, como Baís e Gaspar passaram por lá, graças ao próprio Padre João Crippa, que solicitou a construção da instituição na cidade.

Primeiro prédio do colégio na rua 26 de agosto, onde hoje é o Teatro Aracy Balabanian.
Primeiro prédio do colégio na rua 26 de agosto, onde hoje é o Teatro Aracy Balabanian.

Todos esses momentos foram registrados em um livro sobre os 70 anos da escola da historiadora Yara Penteado e também estão na memória intacta da funcionária Marici Canto, 60 anos, 30 deles dedicados a instituição de ensino.

Foi lá que ela criou os filhos e deu graças a Deus quando o local deixou de atender apenas meninas. “Meu filho era pequeno e eu lembro que quando ele tinha uns três anos a escola se tornou mista. Fiquei aliviada”, relembra.

A direção da escola mudou várias vezes, tudo porque o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora prefere assim. Atualmente, o local é gerido pela Irmã Elizabeth Miranda Benevides, 55 anos, que trabalhou em um passado distante, depois seguiu para Lins, sua terra natal e só em 2011 retornou para Campo Grande.

“Eu trabalhei em escolas da Maria Auxiliadora durante 18 anos, depois decidi seguir a ordem das irmãs, fiz o postulado, morei oito meses na Itália estudando na universidade que temos lá. Desde criança eu senti esse chamado, pensando na pessoa do Bom Pastor, que acolhe, que encaminha e que afasta as pessoas do mal”, acredita.

Os corredores da construção antiga em Campo Grande. (Foto: Fernando Antunes)
Os corredores da construção antiga em Campo Grande. (Foto: Fernando Antunes)
Irmã Elizabeth que hoje é diretora da instituição de ensino. (Foto: Fernando Antunes)
Irmã Elizabeth que hoje é diretora da instituição de ensino. (Foto: Fernando Antunes)

A história do instituto é diretamente ligada a história de Dom Bosco. Enquanto o padre ficou conhecido pelo trabalho que desenvolvia com os meninos, a Madre Mazzarello se tornou co-fundadora do instituto ao recolher as meninas. Com o tempo, as escolas se espalharam pelo mundo e pelo país.

O primeiro prédio do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora foi onde hoje está o Centro Cultural José Octavio Guizzo, ou melhor, Teatro Aracy Balabanian, na rua 26 de agosto. Apenas em 1931, a sede austera de fachada rosa claro se firmou na rua Pedro Celestino, esquina com a avenida Mato Grosso. “As meias das estudantes eram escuras porque o chão era de terra, chão batido em frente ao colégio. Uma poeira”, diz Marici. Nas lembranças, registradas em fotos, estão os sapatinhos e meias escuras.

Os dormitórios eram espaçosos e havia laboratórios de química, física e ciências biológicas já naquele tempo. “A escola não foi construída de uma vez. Primeiro foi o prédio central, só depois a capela e o ginásio de esportes”, procura Marici nos arquivos.

A capela que parece sair de um livro de princesas foi aberta recentemente para casamentos. (Foto: Fernando Antunes)
A capela que parece sair de um livro de princesas foi aberta recentemente para casamentos. (Foto: Fernando Antunes)

A capela, que segundo a Irmã Elizabeth é pintada a mão com tinta à base de leite, é um ícone para os alunos. Foi erguida em 1950 e só recentemente aberta a cerimônias de casamentos e outras missas, como de formaturas.

“É um sacrifício encontrar um artista para restaurar essa pintura. O que fez o trabalho anteriormente não está mais trabalhando. Queremos muito deixá-la impecável, mas é complicado”, confessa Elizabeth.

Em comemoração aos 90 anos, alguns alunos chegaram a reproduzir o uniforme de saia azul e gravata, que fez sucesso em Campo Grande. “Elas mesmas costuraram”, frisa Marici.

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Fachada histórica localizada na rua Pedro Celestino com a avenida Mato Grosso. (Foto: Fernando Antunes)
Fachada histórica localizada na rua Pedro Celestino com a avenida Mato Grosso. (Foto: Fernando Antunes)
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