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Comportamento

Exausto da tristeza, Dijalma escreve 700 cartas para colegas de trabalho

Ideia surgiu como um suspiro na pandemia e desde então ele continua escrevendo à mão

Aletheya Alves | 18/08/2022 08:11
Dijalma Amancio dos Santos já escreveu mais de 700 cartas. (Foto: Marcos Maluf)
Dijalma Amancio dos Santos já escreveu mais de 700 cartas. (Foto: Marcos Maluf)

Desde 2020, Dijalma Amancio dos Santos já escreveu mais de 700 cartas para os colegas de serviço como uma forma de melhorar o cotidiano no trabalho. Enquanto a ideia surgiu como um suspiro na pandemia, ele conta que continuou por se apaixonar pelos resultados da escrita.

“Eu acho que a gente tem que fazer coisas boas tanto para a gente quanto para os outros. Com as cartas eu me deixo feliz e deixo os outros também”. Pensando nisso, pelo menos a cada três dias, Dijalma vai para a mesa da cozinha, pega a caneta e reúne desejos e mensagens felizes nas páginas.

Contando que nunca se imaginou escrevendo para os outros, o assistente administrativo explica sobre como foi começar com o projeto. “Quando a pandemia chegou, eu fazia tratamento do pulmão, estava com 25% comprometido, então se eu pegasse sabia que não ia resistir. Foi no meio disso que comecei a escrever”.

Por ser parte do grupo de risco, Dijalma passou a trabalhar em casa e, sem saber o que fazer, resolveu pegar as canetas. No início, ele escrevia apenas para si mesmo como uma forma de se sentir melhor e, meses depois, resolveu compartilhar com algumas pessoas.

Eu quis testar e fui na Ary Coelho. Fiz 10 cartas e levei para as pessoas que estavam lá, aí perguntei o que elas tinham achado do que estava escrito. Quando falaram que era nota 10, pensei que aquele era o caminho, diz Dijalma.

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Com isso em mente, ele retornou para o serviço presencial e não pensou duas vezes antes de começar a produzir as cartas para os colegas. “Escrevia mensagens positivas desejando um bom dia, falava sobre como a vida pode ser boa e comecei a colocar nos carros do estacionamento”.

Ansioso para saber o que os colegas estavam pensando, ele detalha que passou a receber áudios de quem havia sido presenteado com as cartas e os resultados não poderiam ser melhores.

“Teve gente me falando que as cartinhas estavam mudando a semana deles, que eles ficaram felizes de ter recebido. Aí não parei mais, continuei escrevendo com caneta, mas também passei a imprimir algumas”, explica o assistente administrativo.

Além de deixar o ambiente de trabalho melhor, ele narra que se tornou mais orgulhoso de si mesmo no caminho. Isso porque quando entrou na empresa em que trabalha hoje, na Águas Guariroba, tinha estudado apenas até a 3ª série e escrever era uma de suas dificuldades.

Ele escreve mensagens positivas nas cartas. (Foto: Marcos Maluf)
Ele escreve mensagens positivas nas cartas. (Foto: Marcos Maluf)
Além de recados sobre a vida em geral, Dijalma também comenta sobre as equipes. (Foto: Marcos Maluf)
Além de recados sobre a vida em geral, Dijalma também comenta sobre as equipes. (Foto: Marcos Maluf)

Nascido em Glória de Dourados, Dijalma viveu até os 22 anos na roça e, precisando trabalhar muito cedo, não conseguiu seguir nos estudos. “Eu vim para Campo Grande sem saber nada direito, fui trabalhando como servente e engraçado que até trabalhei como entregador de cartas também. Mas não tinha como arrumar algo muito melhor porque não tinha escolaridade”.

Se lembrando da sua trajetória, ele conta que precisou pensar que um dia a vida iria melhorar e, hoje, mantém essas reflexões ativas. “Eu já dormi até em galinheiro porque não tinha como ficar melhor. Mas trabalhei e no meu serviço atual eu voltei a estudar, terminei a escola e fiz até faculdade”, conta.

“Acho que todo mundo passa por coisas difíceis, não é só a pandemia. E a gente precisa se motivar, precisa pensar em coisas boas. Por isso faço as cartas até hoje e quero que outras pessoas também façam coisas novas, a gente precisa sempre aumentar isso”, completa Dijalma.

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