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Comportamento

Garotada briga nas redes sociais e a dor de cabeça vai parar nas escolas

Thailla Torres | 17/06/2016 06:10
Questões como diferenças de classes sociais e gêneros são os motivos das brigas. (Foto: Fernando Antunes)
Questões como diferenças de classes sociais e gêneros são os motivos das brigas. (Foto: Fernando Antunes)

Não é de hoje que um comentário ou opinião publicada em redes sociais acaba virando briga. E, claro, nesses tempos em que todo adolescente tem celular, o perrengue vai parar nas salas de aula e vira dor de cabeça extra para direção e professores.

“Na internet é onde eles se sentem livres, porém ocultos. E aí surgem as brincadeiras constantes porque ninguém tem medo se identificar. Daí, na sala de aula, explodem”, comenta o professor Claudio Morinigo, de 39 anos, já há 16 em sala de aula e hoje diretor da Escola Estadual Joaquim Murtinho. 

Na rede pública, ele observa que os maiores motivos de briga são as diferenças de classes sociais e de gênero. “Aqui é um escola central, onde tem alunos de mais de 30 bairros. As vezes surge um choque entre eles e acaba gerando conflitos dentro dos grupos de Whatsapp e Facebook”, revela.

Sala de aula é o ponto encontro depois das discussões virtuais. (Foto: Fernando Antunes)
Sala de aula é o ponto encontro depois das discussões virtuais. (Foto: Fernando Antunes)

O transtorno é tão grande, que já houve casos de alunos que partiram para agressão física após uma série de comentários e discussões no ambiente virtual. Muitas vezes o que a garotada acha que é brincadeira, é na verdade piada de mau gosto. “Neste ano, a gente teve um exemplo de um aluno que fez uma página no Facebook com montagens e brincadeiras referentes à escola. Em uma das fotos, ele fez uma montagem que dava a entender que o aluno defecou na mesa do diretor. Os alunos todos ficaram curiosos e queriam saber se era verdade, o que causou um transtorno enorme de jovens na porta da direção”, conta.

O jeito é reforçar as atividades coletivas. “A gente tem várias atividades pedagógicas e projetos para fazer apresentações de forma coletiva. Isso é uma maneira de aproximar os alunos e mostrar que eles podem ser ouvidos, o que faz com que a gente consiga amenizar os assuntos. Porque na maioria o fato de não se conhecerem é que geram os preconceitos entre os alunos”.

Vitor Marques só tem 12 anos e já discutiu com um amigo no Facebook e nunca mais fez as pazes. A briga na internet chegou ao conhecimento de toda a escola, e hoje um prefere ignorar o outro. “Ele falou mal de mim no Facebook e eu perdoei ele, mas parece que nem quer ser perdoado. Ele passa por mim e hoje a gente faz de tudo para se ignorar”, lamenta.

Giovanna se sente pressionada pelos comentários das colegas. (Foto: Thailla Torres)
Giovanna se sente pressionada pelos comentários das colegas. (Foto: Thailla Torres)

Giovanna Oliveira, de 18 anos, está no 3º ano do Ensino Médio, e sabe que os efeitos das redes sociais vão muito além de briguinha de criança. "Tem muito comentário maldoso e de transfobia. Isso afeta muita gente dentro da escola. Depois da internet, acaba surgindo brigas e discussões aqui dentro. Eu me sinto oprimida, por conta de comentários machistas dizendo que as meninas não tem a mesma capacidade que os meninos. Tenho amigas que até se distanciaram de algumas pessoas por isso, de tanto boato na internet", revela.

A roupa que a colega está vestindo e até quem é o namorado da fulana, se torna motivo para especulação nas redes. "Eu nunca vejo ninguém brigar, mas é muito comentário na sala. Se alguma menina estranha fala da roupa da outra, ou então comenta na foto de um namorado de alguém, já vira motivo pra brigar. As vezes eles comentam no Facebook que a menina é lésbica só por usar tênis e cabelo curto, não dá pra entender", comenta Shirley de Almeida, de 16 anos ,que também estuda na rede estadual. 

A coordenadora pontua que também é responsabilidade da escola orientar como se portar na rede. (Foto: Fernando Antunes)
A coordenadora pontua que também é responsabilidade da escola orientar como se portar na rede. (Foto: Fernando Antunes)

Morando no Brasil há duas semanas, Marina Cestari, de 14 anos, conta que nos Estados Unidos a situação é mais crítica. “Tem briga de todo tipo, fofoca, e é isso que na maioria acaba gerando discussões pessoalmente. Aqui eu percebo que acontece menos”, comenta a aluna que está em Campo Grande para aperfeiçoar o português e estuda em escola particular.

Maria Luiza Mendonça Dutra, de 49 anos, coordenadora de colégio particular, garante que a escola não deixar de lado os conflitos e em todos os casos procura resolver as questões com diálogo para que as brigas não cheguem a situações extremas como agressão. “A gente tem que usar essas ferramentas a favor do estudo e da diversão, mas sempre priorizando o respeito. E quanto acontece situações como essa, nós nos posicionamos e orientamos as famílias. A escola não pode ficar de fora do que acontece nas redes e acaba refletindo em sala de aula", pontua.

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