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Comportamento

Há 40 anos registrando nomes, Idmilson não é o culpado pelos "erros de cartório"

Thailla Torres | 05/05/2017 07:16
A culpa é minha então? (Foto: Marina Pacheco)
A culpa é minha então? (Foto: Marina Pacheco)

Embora "Ana", "Maria" e "João" sejam os recordistas na preferência dos pais que chegam ao cartório para registrar seus filhos, o que não falta hoje em dia são nomes diferentes, muitas vezes inusitados. Para justificar a escolha, que às vezes causa desconforto ou leva a situações constrangedoras, há quem diga: "foi culpa do cartório!" O erro que desaba sobre a repartição já começou a ser desmistificado. Com um trabalho mais exigente na hora de fazer o registro, as falhas estão cada vez mais distantes e fica difícil culpar o cartório.

Mesmo assim o que não faltam são histórias para quem trabalha há anos em cartórios da cidade. Escrevente de um dos cartórios mais antigos de Campo Grande, Idmilson Rodrigues de Almeida está há 4 décadas no mesmo lugar, onde começou trabalhando como office boy e depois passou a desempenhar outras funções.

Ele é o primeiro a dizer que "Não é culpa do cartório há muito tempo". "Hoje em dia tudo é feito em cima de documentos comprobatórios e os erros estão cada vez mais distantes".

Apesar de tudo ser digitalizado, os registros continuam sendo feitos a mão. (Foto: Marina Pacheco)
Apesar de tudo ser digitalizado, os registros continuam sendo feitos a mão. (Foto: Marina Pacheco)

O mais comum é os pais acreditarem que o nome pensado por eles é a melhor opção, mas sem imaginar que, depois, podem surgir arrependimentos. "O que mais acontecia antigamente é que os pais escolhiam, a gente escrevia o nome do jeito certo, mas alguém mudava dizendo que era de outro jeito. Depois acabam dizendo que o nome foi escrito errado".

Idmilson lembra algumas situações. "Já vi no interior registrarem 'Cérgio' ao invés de 'Sérgio', e às vezes a pessoa insiste para ser registrado dessa forma".

O escrevente explica que o cartório não interfere na grafia, mas é rigoroso na hora da conferência. Os pais chegam a conferir três vezes para saber se realmente está correto a maneira de escrever. Em outros casos, o cartório presta orientação e até mesmo recusa o registro se o nome causar algum constrangimento ou puder expor o cidadão ao ridículo no futuro.

"Não dá para colocar xingamentos ou palavras muito diferentes. O que não falta são situações em que pessoa volta para tentar mudar o nome e aí o processo é muito mais demorado", explica.

Bruno está há 10 anos e também coleciona histórias dentro do cartório. (Foto: Marina Pacheco)
Bruno está há 10 anos e também coleciona histórias dentro do cartório. (Foto: Marina Pacheco)

Idmilson recorda que também já teve que driblar a vontade de um pai que quis registrar o filho de "Pancho Villa", general e comandante da Revolução Mexicana. "Ele veio de outro cartório sem conseguir registrar, aqui aprontou maior confusão, mas não registrou. Era um nome muito diferente pra uma criança", lembra.

Bruno Henrique da Silva, escrevente que trabalha no cartório há 10 anos, e já viu criança sendo registrada como Johnnie Walker. "O pai chamava Walker e quis acrescentar o primeiro nome. Falamos que era nome de uma marca também, mesmo assim ele escolheu", lembra.

Mas em todo caso, para não dizer que ninguém avisou, Bruno faz questão de orientar. "A gente fala com jeito, conversa, para ninguém se arrepender depois. Não vamos, por exemplo, registrar alguém com nome de Hitler", afirma.

E os erros apontados no passado não se referem somente ao registro civil. Idmilson recorda os problemas de quem não revelava a verdade sobre o casamento. "Isso bem antigamente, às vezes uma pessoa vivia com outra, mas não era oficialmente casada e não tinham o registro. Depois que precisava fazer alguma escritura e o registro era pedido, até nisso falavam que o erro era nosso. Mas com o tempo isso parou", afirma.

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