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Comportamento

Hoje referência para o samba, Bar "Zé Carioca" já foi reduto da MPB e do rock

Adriano Fernandes | 11/02/2016 06:34
O bar do Zé Carioca se tornou ponto de referência para o Carnaval de Campo Grande. (Foto: Alan Nantes)
O bar do Zé Carioca se tornou ponto de referência para o Carnaval de Campo Grande. (Foto: Alan Nantes)

Quando chega o Carnaval, um endereço em especial na Rua General Melo serve de referência. No número 91 da rua, fica o Bar do Zé Carioca, que todos os anos serve de ponto de encontro e concentração, dos foliões do Cordão Valu. Mas além de fazer parte da história da criação do bloco mais querido dos campo-grandenses, o local já foi opção para quem quisesse ouvir o melhor da MPB e foi até reduto do rock.

E quem relembra essa época é o próprio “Zé Carioca”, que ao contrário do que todos imaginam não é carioca é nem o atual proprietário do local. De 2005 até o ano de 2010, foi o simpático senhor José Dias da Silva, de 60 anos, quem administrou o bar. O nome curioso do estabelecimento, ele explica que foi por conta da curta sociedade dele e um amigo o senhor João Nunes, o carioca. Ou seja, o nome também não é homenagem ao personagem da Disney.

“Nós abrimos o bar juntos, mas nossa sociedade durou pouco tempo, só dois meses. Todo mundo me conhecia por Zé e ele era chamado de carioca, por causa do sotaque típico de quem vem do Rio de Janeiro, onde ele nasceu. A sociedade acabou cedo, mais o apelido ficou”, brinca. Dessa época, ele se recorda que o público no local era variado e a programação também.

O Bar do Zé Carioca funcionava de segunda a segunda e as quintas feiras, era dia de um som mais tranquilo, do samba até a MPB. Mas ao finais de semana, era o rock quem tomava conta do estabelecimento e quem organizava os shows era ele e os jovens e estudantes que viraram fregueses do local.

Sorridente e sempre simpático, senhor José hoje é aposentado e adora uma pescaria.(Foto: Alan Nantes)
Sorridente e sempre simpático, senhor José hoje é aposentado e adora uma pescaria.(Foto: Alan Nantes)

“Eu sedia os fundos do bar para garotada que queria fazer um som rock. Até hoje ainda é difícil espaços que promovam esse tipo de programação e naquela época então, era ainda mais difícil”, ele observa.

José se recorda de um ano em que, em frente ao bar estava rolando a folia da Valu e nos fundos o som pesado da garotada. “No fundo estava rolando um show de rock e na frente o Carnaval. Foi o primeiro ´Carnarock` da cidade”, ele ri e garante que tanto entre os clientes, quanto na vizinhança, a convivência era pacífica e nunca foi de ter confusão no endereço.

De perrengue, ele se recorda de uma única vez em que um político foi tentar fazer propaganda eleitoral durante um dos eventos e acabou gerando a ira dos clientes. “Estava tendo um show aqui e um político veio tentar fazer propaganda aqui. De ladrão, foi o mínimo que ele foi chamado. Então ele acionou a policia e o bar teve de ser fechado por seis meses”, lamenta.

Mas fora o incidente político, “Zé Carioca” recebeu shows de bandas de rock da Bolívia, Paraguai e da Argentina. Tiveram até estudantes fazendo pesquisa sobre o perfil da rotina na vida dos jovens na noite da cidade. Sempre brincalhão, o sorridente José justifica que a decisão de vender o bar foi devido a chegada da tão esperada aposentadoria.

“As vezes eu até penso em abrir um bar, mas o que eu gosto mesmo é de pescar”, comenta. Desde que vendeu o Zé Carioca, todos os carnavais dele são vendendo cerveja ao lado do antigo bar, para também lucrar com o movimento do Carnaval pela região. Mas nada de voltar a assumir o compromisso de comerciante em tempo integral.

Corumbaense de origem, ele conta que morou por muitos anos em Aquidauana, até se mudar para Campo Grande, quando trabalhou como maquinista da antiga linha férrea. Atualmente, morando em uma das casas históricas da Esplanada Ferroviária, e a alguns metros do bar onde fez história, ele comemora por não ficar longe de duas de suas grandes paixões.

“Eu ainda vou sempre lá, mas a verdade é que em um bar o melhor lugar para se ficar é mesmo do lado de lá do balcão. Quanto ao Carnaval, eu gosto demais”, conclui sorridente.

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Senhor "Zé Carioca", que dá nome ao bar mais famoso do Carnaval é na verdade corumbaense e nem sequer é mais dono do local.(Foto: Alan Nantes)
Senhor "Zé Carioca", que dá nome ao bar mais famoso do Carnaval é na verdade corumbaense e nem sequer é mais dono do local.(Foto: Alan Nantes)
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