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Comportamento

Intercâmbio aos 56 anos foi experiência incrível para quem nunca viajou sozinha

Thailla Torres | 13/02/2017 06:15
O primeiro contato com a neve em Quebec, no Canadá. (Foto: Arquivo Pessoal)
O primeiro contato com a neve em Quebec, no Canadá. (Foto: Arquivo Pessoal)

Foram mais de 20 dias longe de casa pela primeira vez. Após uma vida com medo viajar sozinha para outro, aos 56 anos, Rachel Godoy decidiu arriscar fazendo um intercâmbio. O que parece ser coisa da juventude, para Raquel é apenas o começo. Os dias foram de estudo, passeios e troca de experiências que provaram que não há idade para viver e encontrar novos sonhos. O que ela aprendeu com os dias longe de casa, Raquel conta aqui no Voz da Experiência.

Momentos em Toronto. (Foto: Aquivo Pessoal)
Momentos em Toronto. (Foto: Aquivo Pessoal)

"A vida passa e a gente sempre tem vontade de viajar. Mas se ocupa com outras coisas e o tempo voa. Eu nunca tinha viajado para fora do País. Quando me deu estalo, decidi fazer um intercâmbio. Estava com 56 anos e minha filha foi morar um tempo fora do Brasil, foi aí que fiquei louca de vontade. 

O que me impedia? Apenas não saber falar o inglês. Na verdade o que mais prende a gente é a insegurança. Por conta da idade, a gente começa a pensar como é que vai ser quando chegar em um lugar estranho, o que fazer e com quem conversar. Meu maior medo era me perder, mas foi só quando eu cheguei ao país. Depois, tudo mudou. 

Viajei por pouco mais de 20 dias. Escolhi fazer um intercâmbio no Canadá, porque via as fotos e acreditava ser um lugar maravilhoso. Para me sentir segura, decidi fazer todos os procedimentos por um agência de viagens. Apenas escolhi o destino e são eles que preparam todos os documentos, roteiro e orientações. Mas o que eu buscava mesmo era a troca de experiências e conhecer os lugares. 

Eu escolhi ir sozinha, meu marido até poderia ir comigo, mas acho que a experiência é bacana para ver o quanto a gente também dá conta. Foram horas de viagem e até nisso a gente aprende a se virar. Quando eu cheguei no Canadá tive a primeira experiência que fiquei apreensiva, um dos meus pacotes não estava na esteira do aeroporto. Eu, sem saber falar a língua, fiquei imaginando o que ia fazer, mas lá sempre tem alguém que fala espanhol e isso ajuda muito.

Além disso eu tive a sorte de conhecer muitos brasileiros. A gente viaja com a ideia que será o único, mas não, tem muita gente pelo caminho. Também o que percebi é que sempre tem alguém para te ajudar.

Outra garantia de uma experiência tranquila é que quando você contrata por um agência, há sempre alguém disponível para te orientar. Logo que eu cheguei, uma pessoa foi me buscar no aeroporto.

Eu não escolhi ficar em casa de família. É a opção que a maioria escolhe pela experiência, mas pela idade eu tomei a liberdade de ficar onde eu me sentisse melhor. Escolhi um aparthotel, porque queria dormir tranquila. Mas seguia todas as regras e horários como quem estivesse vivendo no país. Tinha horário para estudar, fazia o curso de inglês, ia aos passeios e fim de semana viajava a outras cidades. 

Pra quem olha de fora, até parece que é super difícil e a impressão é uma viagem fora das condições. Há um investimento, mas vai depender do seu objetivo. Acho que uma experiência como essa vale muito a pena e as pessoas se encontram em uma realidade diferente.

Para mim foi uma viagem encantada. Tudo que eu consigo dizer é que foram momentos lindos, lugares e pessoas. Você sente a diferença no clima, em cidades extremamente organizadas e pessoas muito educadas.

Minha maior surpresa foi quando eu vi a neve, nunca tinha imaginado que um dia veria aqueles floquinhos do jeito que gente é acostumada a ver na televisão, mas quando vi eu me apaixonei.

Confesso que viajei com medo de congelar, já que morando aqui eu sou extremamente friorenta. Mas em cada lugar que eu entrei, tudo era aquecido. Também passei por Montreal, Quebec que é a cidade mais antiga do país, e pelas cataratas do Niagara, um lugar incrível. A paisagem é surreal e eu fiquei encantada, apesar de que as nossas Cataratas do Iguaçu são lindas. 

Achei incrível que por lá tudo é muito organizado, o transporte coletivo, os pontos de informação e até nos supermercados a gente percebe a diferença. Tudo muito bonito e organizado.

Eu posso dizer que voltei de lá apaixonada. Pra mim, foi tudo lindo e, claro, eu faria novamente. Pra quem acha que não tem mais idade para se aventurar, na verdade, é justamente por conta da idade que a gente fica com uma liberdade para fazer praticamente tudo.

Sou casada há 32 anos e lógico que, como todas as pessoas, não vou quebrar tantas regras. Mas o legal é que pela idade a gente percebe que não precisa ter medo.

Eu sempre fui uma pessoa muito tímida. Quando saia com meu marido, nunca queria ficar sozinha. Mas hoje eu me sinto mais leve para tudo. Se a gente está bem de saúde, a gente faz tudo que quer. Eu, por exemplo, mudei minha forma de me relacionar com pessoas, consigo conversar com qualquer um hoje, apesar da timidez.

Você começa a entender que pode fazer tudo de um jeito tranquilo e dentro dos seus limites, sem se preocupar com o que os outros vão pensar, afinal, é a minha vida. Depois dessa viagem, ainda fiz outro intercâmbio, só que acompanhada do meu marido. Dessa vez não fomos para estudar, mas para conhecer, e agora tudo que eu quero é ter experiências em outros lugares, de preferência na Europa".

Momentos com amigos em Quebec, no Canadá. (Foto: Arquivo Pessoal)
Momentos com amigos em Quebec, no Canadá. (Foto: Arquivo Pessoal)
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