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Comportamento

Longe da simetria, tatuagem com desenho de filho é ligação cheia de significados

Os pais não têm dúvidas e seguem para o estúdio marcar na pele uma homenagem para vida toda

Thailla Torres | 13/04/2017 08:05
Desenho da família feito por Maria Eduarda aos 5 anos foi eternizado no braço do pai. (Foto: Marcos Ermínio)
Desenho da família feito por Maria Eduarda aos 5 anos foi eternizado no braço do pai. (Foto: Marcos Ermínio)

O único momento em que a simetria não importa na tatuagem é quando o afeto fala mais alto. As primeiras letras, uma cartinha ou aquele desenho da família feito no jardim de infância são traços que emocionam o suficiente para virarem recordação de uma vida. Os pais, apaixonados, não têm dúvidas, seguem para o estúdio de tatuagem e marcam na pele a homenagem como se fosse uma obra de arte.

A artesã Fernanda Camargo, de 38 anos, fez do desenho uma lembrança eterna. Ela descreve que chorou quando recebeu o caderno da filha Mariana, na época com 4 anos. A menina desenhou ela e a mãe de forma tão sensível que não tinha como os traços ficarem só no papel.

Desenho original foi reproduzido na panturrilha da artesã Fernanda Camargo.
Desenho original foi reproduzido na panturrilha da artesã Fernanda Camargo.

“Ela já desenhava, mas eram personagens. Esse foi o que mais me marcou. Quando vi, chorei na hora e disse que guardaria para eternizar aquele momento para gente”, descreve Fernanda.

Feliz com o carinho da filha, ela ficou encantada com a delicadeza nos traços, o que surpreendeu até o tatuador. “Ela estava aprendendo ainda. Mas como eu sou gorda, ela fez nós duas e tentou fazer um barrigão, que ficou bem certinho. O tatuador pegou o caderno de desenho e repassou do jeitinho que ela fez”, recorda.

A filha acompanhou o trabalho ao lado da mãe e, para que a homenagem fosse ainda mais especial, deixou espaço para que Mariana se divertisse. “Resolvi não pintar para que ela colorisse de canetinha. Sempre que a gente ficava em casa ela pintava minha perna e até quando estava entediada na casa de alguém”, conta sobre a menina que hoje tem 8 anos.

Além de mostrar o amor de mãe, a tatuagem registra um momento da vida da criança. “É um livro de colorir com amor que eu carrego e pra mim uma ligação sem volta, coisas de mãe”, declara.

Frase que Maria Eduarda escreveu para mãe Michelle quando tinha 5 anos. (Foto: Diego Boeno)
Frase que Maria Eduarda escreveu para mãe Michelle quando tinha 5 anos. (Foto: Diego Boeno)

A simplicidade nas letrinhas de Maria Eduarda, impressa no braço da mãe, deixa claro a que ponto chega o amor. Aos 5 anos de idade, ela escreveu um recado para a mãe Michelle Echeverria, de 35 anos. No texto, a emoção que mereceu a eternidade na pele. “Você é linda da minha vida”, escreveu Duda.

“Isso foi há dois anos, logo que ela começou a escrever com letra cursiva. Ela já costumava fazer cartinhas e sem intenção nenhuma deixou esse recadinho”, conta.

O capricho na letra tem a dose certa para balançar o coração dos pais. “Emocionou porque foi sem nenhuma troca, uma coisa natural. Como eu fico muito fora de casa, a tatuagem hoje é o meu jeitinho de matar a saudade dela”, comenta a mãe.

O recado foi guardado especialmente durante dois anos, até que Michelle fosse ao estúdio. Ao lado dela, o pai Samuel Echeverria, também decidiu tatuar o desenho da família inteira, feito por Duda. “Ela fez a família como ela achava que era. E quando viu o desenho no braço do pai, o olhinho brilhou. Ela viu que aquilo foi importante para gente”, diz.

Até o avô paterno, que com seu jeito sério parecia resistente à tatuagem, não conteve a emoção. "Ele chegou bravo para ver o que era aquilo no braço. Mas  quando percebeu a homenagem, os olhos brilharam também", recorda Michelle.

Rafaela se emocionou quando Lorenzo escreveu o nome pela primeira vez e resolveu tatuar. (Foto: Arquivo Pessoal)
Rafaela se emocionou quando Lorenzo escreveu o nome pela primeira vez e resolveu tatuar. (Foto: Arquivo Pessoal)

O primeiro sobrinho, o xodó da família e aquela emoção ao ver ele escrevendo o próprio nome pela primeira vez, foi decisivo para Rafaela Carretoni, de 30 anos. Ela ficou tão emocionada, que também decidiu tatuar.

O nome do afilhado Lorenzo foi marcado na mão. “Ele tinha 4 anos e estava desenvolvendo a alfabetização. Eu até poderia escrever o nome dele normal, mas a letra recém aprendida ficou tão singular que tinha que ser a dele. Foi bem mais emocionante. Agora estou um tempo fora da cidade e quando olho o nome, morro de saudade. Isso é muito amor”, descreve.

Já para a a terapeuta Iana Espíndola, em riscos e cores, a tarefa foi reproduzir o dinossauro que Júlio fez aos quatro anos. Apaixonado pela figura pré-histórica, também era a forma como ele via toda família conta a mãe, de 28 anos. 

"Júlio tinha uma fissura muito grande por dinossauros, ele fez uma reprodução da nossa família, cada um com algum dinossauro diferente. Sempre gostou de desenhar e os 'dinos' eram tudo. Não fiz todos, mas peguei o que ele disse que representava o irmão", conta.

Mãe tatuou o dinossauro feito pelo filho de 4 anos, que representa a família. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mãe tatuou o dinossauro feito pelo filho de 4 anos, que representa a família. (Foto: Arquivo Pessoal)
O filho brincou com tinta e o pai resolveu levar a mãozinha dele para o resto da vida no peito. (Foto: Arquivo Pessoal)
O filho brincou com tinta e o pai resolveu levar a mãozinha dele para o resto da vida no peito. (Foto: Arquivo Pessoal)

O comerciante Elton Queiroz, de 38 anos, leva o carinho do filho Raul por onde passa. Diferente de um desenho, ele aproveitou a brincadeira com tinta guache para tatuar a mão pequena do filho, quando ele tinha apenas 2 anos de idade.

Hoje, 12 anos após ter feito a tatuagem, Elton olha para o desenho e recorda os melhores momentos da infância. "Ele sujou a mão de tinta e colocou no papel. Peguei a folha e quis tatuar do mesmo jeitinho. Quando ele cresceu, colocava a mão no peito e sabia que era a mãozinha dele. É o sentimento mais puro que eu já vi", se emociona Elton.

Apesar de já ter sido contada no Lado B, é lindo recordar o desenho de Sofia, que aos 6 anos reproduziu o pai André Oliveira Saldanha em sua rotina de trabalho na Polícia Militar.

O desenho tem até a viatura azul. Mas no lugar de qualquer coisa ruim que possa surgir no dia a dia de um policial, aparece um sol brilhante, nuvens, uma árvore cheia de frutas e, é claro, a dupla André e Sofia.

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Detalhe da tatuagem feita a partir do desenho de Sofia quando tinha 6 anos de idade.
Detalhe da tatuagem feita a partir do desenho de Sofia quando tinha 6 anos de idade.
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