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Comportamento

Mãe precisou e Ricardo, o bebê fofo de 4 meses, a cada dia conhece um colo novo

Paula Maciulevicius | 22/03/2017 08:04
Ricardo, o bebê maior, ao lado da amiguinha na quinta casa em que foi acolhido desde semana passada. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ricardo, o bebê maior, ao lado da amiguinha na quinta casa em que foi acolhido desde semana passada. (Foto: Arquivo Pessoal)
Um dos colos que Ricardo ganhou. (Foto: Arquivo Pessoal)
Um dos colos que Ricardo ganhou. (Foto: Arquivo Pessoal)

As fotos mostram Ricardo num colo amigo, mesmo vindo de alguém até então desconhecido. Ou com uma amizade recém feita. Aos 4 meses, o bebê fofo ganhou carinho de muitas famílias e a mãe dele viu na prática o que é a sororidade, depois que a filha mais velha, Letícia, foi internada por uma pneumonia.

De Rondônia, a família que está aqui há pouco mais de um ano, não tem parentes. Letícia, a filha tem 3 anos de idade e está internada desde a semana passada na Santa Casa. "De um pulmão, espalhou para outro. Ela só tem 3 anos e é muito perigoso", descreve a mãe, Eva Brasil, de 28 anos. 

Eva é publicitária de formação, passou a adolescência aqui, mas morou em Porto Velho para estudar e quando viu a cidade ficar tão violenta, decidiu voltar. Em Campo Grande, ela passou a vender slings, aqueles carregadores de bebês e assim adentrou ao mundo da maternidade, sendo acolhida na hora em que mais precisou. 

O bebê não pode ficar no hospital e no primeiro dia, uma vizinha quem acalmou ele na recepção, para a mãe, nos intervalos, dar de mama. O pai é vigilante, trabalha dia sim e dia não, e é quem dorme no hospital com Letícia.

Eva e Letícia, mãe que está junto da filha na Santa Casa. (Foto: Arquivo Pessoal)
Eva e Letícia, mãe que está junto da filha na Santa Casa. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Meu bebê está todo dia numa casa diferente, com uma mãe diferente e com uma família diferente", resume Eva. Acolhida pela Aldeia Materna, até um grupo de WhatsApp foi criado para ajudá-la entre carona amiga e cuidados para com Ricardo.

"São várias famílias que se disponibilizaram, uma traz almoço, outra janta. Me dão carona, ficam com o Ricardo. Ele é bem calminho, não estranha ninguém, não é chorão. Não chora para nada, só resmunga um pouco quando está com fome", descreve Eva.

Ricardo ainda não tinha introduzido o leite, sem ser o materno, na alimentação, mas pelas imagens que recebe o dia todo, a mãe tem a certeza de que o filho está adaptado. "Todas as vezes que eu deixo ele na casa de uma família, me mandam fotos dele dormindo no colo de algum pai, porque ele é acostumado a dormir assim", conta. 

Família veio de Rondônia e conta com apoio voluntário de amigos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Família veio de Rondônia e conta com apoio voluntário de amigos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Aldeia Materna é um projeto que envolve a cultura da criação com apego e do apoio mútuo entre mães e famílias através da discussão da maternagem/paternalmente conscientes, além de abordar a maternidade real e o apoio e adotar o provérbio africano: "é preciso uma Aldeia inteira para educar uma criança".

Empreendedora Social da Aldeia, Camila Zanetti explica que as famílias e mães que compõem a Aldeia tem esse espírito muito naturalmente. "Temos um grupo no Facebook e outro no Whats , que é mais próximo e foi esse grupo que adotou a necessidade da Eva".

Quando Camila soube do que Eva passava, organizou junto das outras mães, formas de colaborar. "Nesse momento as coisas acontecem naturalmente: alguém precisa de ajuda, então ajudamos! Simples assim. O mundo precisa reconhecer que somos todos conectados, que precisamos uns dos outros e somos sim responsáveis pelo outro no sentido de que qualquer omissão é uma negligência à vida e à dor do outro", afirma Camila.

O sentimento da mãe é de gratidão pela acolhida. "Sem elas todo esse tormento de ter uma filha internada, não ter familiares para ajudar, ter um bebê pequeno e não ter com quem deixar, seria muito maior. Elas trazem remédios, consolo, comida, carinho, sororidade materna. Elas cuidam do meu bebê com todo amor do mundo", agradece a mãe.

Letícia ainda não teve alta, mas Eva já se preocupa em como vai retribuir. "A forma que posso retribuir é fazer parte desse círculo de boa vontade e ajudar outras mães que assim como eu precisam de ajuda".

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