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Comportamento

Música une mulheres, que levam para casa empatia, liberdade e respeito

O que era para ser um encontro despretensioso virou projeto super bacana entre amigas.

Thailla Torres | 30/03/2019 07:14
Grupo fez sua primeira apresentação em um aniversário de uma das integrantes. (Foto: Fernanda Peres)
Grupo fez sua primeira apresentação em um aniversário de uma das integrantes. (Foto: Fernanda Peres)

Às quintas-feiras elas vestem arte assinadas pelo respeito. É nesse estilo que dez amigas deram o pontapé em um encontro despretensioso para que juntas pudessem compartilhar, pelo menos uma vez por semana, da música e da boa conversa, em Bonito, a 257 quilômetros de Campo Grande.

Mas o que era para ser apenas um encontro acabou virando aprendizado. Além do bate-papo de quinta-feira, onde cada uma tem liberdade para falar o que quiser, agora, elas se empenham em tocar instrumentos musicais e fazer da música uma aliada.

Não há nenhuma musicista de formação no grupo, a música intuitiva é o que tem mudado a rotina de cada uma, principalmente, para Joana Milano, de 32 anos, que conseguiu matar a saudade de ritmos que não encontrava mais na cidade. “Sou apaixonado por maracatu, coco e baião, músicas que a gente nem ouve mais por aqui e resolvemos tocar juntas. Porque são ritmos brasileiros que a gente gosta e admira”, explica a empresária, umas das primeiras a tomar iniciativa para formação do grupo de amigas.

Um dos encontros na casa de uma das amigas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Um dos encontros na casa de uma das amigas. (Foto: Arquivo Pessoal)

A proposta é ser horizontal, sem que haja uma liderança ou disputa de quem toca melhor, justamente porque o foco é à força das mulheres. “Temos o objetivo de aprender, mas não queremos uma regente ou algo pré-estabelecido e, nesse processo, é que as coisas maravilhosas vão surgindo”, detalha a advogada Marla Diniz, de 32 anos.

Marla, por exemplo, é uma pessoa paciente como amiga, mas na vida profissional assume a argumentação intensa. “A ponto de fazer com que meu tom voz fique mais elevado”, menciona. “E, muitas vezes, no processo com as mulheres, eu percebo onde erro e preciso mudar. É algo tão natural que mostra como a gente tem poder ser mais paciente uma com a outra e se colocar no lugar da outro, mesmo com as dificuldades e limitações”, acrescenta.

O mesmo acontece com Joana que se sente mais amparada diante da rotina que envolve o trabalho, a maternidade e a saudade do marido que trabalha longe de casa. “O que me emociona é que cada música que a gente tenta fazer juntas deixa todo mundo vibrando. Tem sido assim há quatro meses, onde eu conseguido sair da reunião feliz, com novos toques, experiências e identificações. A música se tornou uma conexão para nós”.

Um dos primeiros ensaios. (Foto: Arquivo Pessoal)
Um dos primeiros ensaios. (Foto: Arquivo Pessoal)

Para a guia de turismo Naíra Bernanos de Zayas Sohn, de 31 anos, o acolhimento se deu pelo jeito de experimentar música sem o medo da frustração. "Me sinto acolhida no grupo porque temos um jeitinho próprio de aprender e de experimentar, sem a vergonha de errar, sem a impaciência, o ego e a competição forjada que aprendemos a ter desde pequenas com outras mulheres. Hoje, além de aprender a fazer música eu tenho um lugar para me sentir feliz, livre e acolhida.

Nesse processo de empoderamento e autoconhecimento, elas voltam para casa com experiência no tocar de tamborins, alfaia, pandeiro, caxixi, triângulo e agogô. Após conversas, ensaios e oficinas, elas fizeram a primeira apresentação na última semana, no aniversário de Marla, com a música “Tá caindo fulô”.

“Ainda não escolhemos o nome porque não surgiu algo marcante e espontâneo, e também não pressa. Mas sei que após essa primeira apresentação, eu já estou cantando sem vergonha na cara”, diz Marla.

Arte que mostra a potência que há dentro de cada uma, avalia Joana. “É muito transformador, porque todas as questões afloram dentro da gente. Ontem, no último encontro, rolaram muitas lágrimas, mas eram de plenitude e não tristeza”, finaliza.

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Encerramento de uma das oficinas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Encerramento de uma das oficinas. (Foto: Arquivo Pessoal)
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