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Comportamento

Na caixa de leite doada, Victoria deixou bilhetinho que só criança sabe escrever

Ao explicar o motivo da mensagem, ela também chora por não conseguir ajudar mais do que pode

Thailla Torres | 30/11/2018 08:09
Victória tem 12 anos e está no sétimo ano do Ensino Fundamental. (Foto: Henrique Kawaminami)
Victória tem 12 anos e está no sétimo ano do Ensino Fundamental. (Foto: Henrique Kawaminami)

Quando menos esperava, um pedaço de folha de caderno, completamente preenchido, virou lição de humanidade da estudante Victoria Silveira Teles, de 12 anos. A menina deixou um bilhetinho daqueles que emocionam em uma caixa de leite entregue para doação, após um projeto social realizado dentro da escola.

Depois de ver inúmeros casos tristes na televisão e a situação devastadora presente nas ruas de Campo Grande, de quem vive na pobreza e no abandono, Victoria resolveu escrever ao idoso que receberia uma das caixinhas doadas na campanha.

O recado é tão simples que ganha dimensão maior pela generosidade e a delicadeza depositada em cada letrinha de forma.

Cartinha que ela escreveu na madrugada para idoso que receberia o leite. (Foto: Nathalia Grabowski)
Cartinha que ela escreveu na madrugada para idoso que receberia o leite. (Foto: Nathalia Grabowski)

Oi caro idoso, esse leite foi doado por mim! Meu nome é Victoria e estudo no Sesc Escola Horto. Estou doando esse leite não apenas por uma competição boba, mas porque me importo com você! Aliás as boas ações nos levam a sermos melhores no futuro, não é verdade? Então espero que todo dia seja o melhor dia para você e independente da sua condição você melhore. Beijo. Tchau.

Sem saber o impacto que o bilhete poderia causar, Victoria conseguiu garantir a pessoas de um lar de idosos, em Campo Grande, uma das pequenas alegrias do dia: o afeto.

“Quando minha mãe comprou o leite, eu pensei que muita gente só estava doando para ganhar a competição, mas na minha sala foi totalmente diferente. Então pensei em escrever uma cartinha porque onde essas pessoas estão elas não têm tudo que eu consigo ter em casa ou na escola”.

Ao explicar o motivo da mensagem, ela também chora por não conseguir ajudar mais do que pode. “Meu sonho é pegar a mão da minha mãe e a gente conseguir distribuir marmita na rua. Mas a gente não tem condição financeira de ajudar todo mundo”.

O bilhete ficou pouco tempo na mão de Victoria que colou na caixa e entregou à professora. Mas a inspiração veio de uma situação triste que ela diz enxergar por todo lado. “Eu me inspiro muito na TV quando vejo esses programas que mostram o que as pessoas passam, também vejo bastante ação na minha igreja e acredito que a gente pode ajudar as pessoas, não é preciso viver para entender o que elas sofrem”, explica.

Fã de falar sobre humanidades, a menina diz que sonha em ser juíza, “para lutar pelos direitos das pessoas diante de tudo que a gente tem visto”, completa a estudante que diz ter emocionado a mãe que é secretária e o pai que atua no Turismo. “Eles viram a cartinha e também se emocionaram”, conta sorridente com o apoio dos pais.

A coordenadora pedagógica do Sesc Escola Horto, Joana Dar’c Migliorini, emocionada em contar sobre o projeto, diz que chorou com outros bilhetes que foram deixados nas caixas. “Aos poucos fui me emocionando cada vez mais, porque eles foram muito sinceros, se posicionaram no lugar do outro e desenvolveram a empatia”, conta. “Acredito que um projeto com esse dentro da escola, não pode ser apenas uma competição, senão ele perderia todo o sentido”, completa.

Cerca de 600 alunos da escola participaram da campanha de arrecadação de leites. A expectativa era arrecadar 1 mil litros, mas os estudantes surpreenderam mais uma vez. “Conseguimos mais de 1,8 mil litros que já foram doados. Superamos a meta, ajudamos quem precisa e ficamos muito felizes”.

A sala que arrecadou o maior número de caixas, ganhou sessão de cinema dentro da escola, mas a grande premiação foi a lição de vida.

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A menina se emociona por não conseguir ajudar um número maior de pessoas. (Foto: Henrique Kawaminami)
A menina se emociona por não conseguir ajudar um número maior de pessoas. (Foto: Henrique Kawaminami)
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